O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, julho 23, 2025

ORAÇÕES - UNIDOS NA FÉ

Este é o título das 18 pagelas, com uma pintura famosa, uma oração e uma reflexão, que o Jornal de Notícias, com o patrocínio da Irmandade dos Clérigos, publicou nos domingos entre o Natal e a Páscoa, com a seguinte sequência: 28/12 - Oração Pela família; 05/01 - Oração Estrela do Oriente; 12/01 - Oração do Batismo; 19/01 - Oração do Jubileu; 26/1 - Oração VI Domingo da Palavra de Deus; 02/02 - Oração do Dia do Consagrado; 09/02 - Oração do Abandono; 16/02 - Oração de São Francisco pela Paz; 23/02 – Oração Consagração a Nossa Senhora, 02/03 – Oração Magnificat; 09/03 - Oração do Anjo da Guarda; 16/3 - Oração a São José; 23/3 - Oração Angelus (às Trindades); 30/03 - Oração da Alegria; 06/04 - Oração da Quaresma; 13/04 - Oração de Domingo de Ramos; 20/04 - Oração para o Dia de Páscoa. Fazendo-me eco desta louvável iniciativa, respiguei três orações que partilho convosco: a primeira é de Miguel Torga, o poeta cuja vida se jogou entre o menino religioso de S. Martinho de Anta, a sua ‘Agarez ‘analfabeta, e o intelectual agnóstico de Coimbra, a sua ‘Agarez’ alfabeta; a segunda, do Papa Francisco; a terceira, de Charles de Foucauld, o apóstolo que viveu e morreu entre os Tuaregues, em pleno deserto Saara, na Argélia. Oração Estrela do Ocidente “Por teus olhos acesos de inocência /Me vou guiando agora que anoitece /Rei Mago que procura e desconhece /O caminho. Sigo aquele que adivinho /Anunciado /Nessa luz só adivinhada, /Infância humana, humana madrugada. Presépio é qualquer berço /Onde a nudez do mundo tem calor /E o amor /Recomeça. Leva-me, pois, depressa, /Através do deserto desta vida, /A Belém prometida…/ Ou és tu a promessa?” (Miguel Torga, Coimbra, Natal de 1959) Oração da Alegria ‘Virgem e Mãe Maria, Vós que, movida pelo Espírito acolheste o Verbo da vida, na profundidade da vossa fé humilde, totalmente entregue ao Eterno, ajudai-nos a dizer o nosso «sim» perante a urgência, mais imperiosa do que nunca, de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus. (…) Vós, que permanecestes firme diante da Cruz com uma fé inabalável, e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição, reunistes os discípulos à espera do Espírito, para que nascesse a Igreja evangelizadora. Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados, para levar a todos o Evangelho da vida que vence a morte. Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos para que chegue a todos a dom da beleza que não se apaga. Vós, Virgem da escuta e da contemplação, Mãe do amor, esposa das núpcias eternas, intercedei pela igreja, da qual sois o ícone puríssimo, para que ela nunca se feche nem se detenha na sua paixão por instaurar o Reino. Estrela da nova evangelização, ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão, do serviço, da fé ardente e generosa, da justiça e do amor aos pobres, para que a alegria do Evangelho chegue até aos confins da terra e nenhuma periferia fique privada da sua luz. Mãe do Evangelho vivente, manancial da alegria para os pequeninos, rogai por nós.” (Papa Francisco) Oração do Abandono “Meu Pai, eu me abandono a Ti, faz de mim o que quiseres. O que fizeres de mim, eu Te agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo, desde que a Tua vontade se faça em mim e em tudo o que Tu criaste, nada mais quero, meu Deus. Nas tuas mãos entrego a minha vida. Eu Ta dou, meu Deus, com todo o amor do meu coração, porque Te amo e é para mim uma necessidade de amor dar-me, entregar-me nas Tuas mãos sem medida, com uma confiança infinita, porque Tu és meu Pai!“ (São Charles de Foucauld). Reflexão Escolhi a pagela “Tempo do Natal” que nos introduzia no mistério do ‘Jubileu da Esperança’ – Ano Santo de 2025. “O arco da esperança cristã está lançado entre dois polos: o nascimento de Jesus, princípio de salvação, e a Sua vinda, no fim dos tempos, a nossa meta. É na contemplação deste mistério da adoração do menino Deus, do Seu nascimento, que percebemos que não podemos viver numa esperança que nasce na esperança de cabeça baixa, voltada para o umbigo, com palavras para os próprios ouvidos. O Natal será sempre o nosso verdadeiro anseio em encontramo-nos, um dia, com o nosso Senhor e Salvador.” Termino com uma palavra de louvor ao Jornal de Notícias e à Irmandade dos Clérigos que souberam dar as mãos e oferecer ao grande público este convite à oração. (23/7/2025)

quarta-feira, julho 16, 2025

FUNERAL DO PADRE AMÉRICO - UM DOCUMENTO INÉDITO

Faz, agora, 69 anos… E ainda há testemunhos desconhecidos que nos falam duma cidade em lágrimas…Gente que sabe ser grata e reconhecer quem a ama. Esta é a alma do Porto que nos identifica e urge preservar. “17. Julho.1956 – terça feira – O funeral do padre Américo saiu às 9,30 da igreja da Trindade; era um cortejo enorme; uma enorme multidão; Eu estive a ver passar na Câmara Nova; Para o lado do Edifício do Capitólio, ouviram-se gritos de dor, na despedida; lenços agitavam-se no ar; os soldados fizeram o cordão para suster a multidão, eram muitas dezenas de carros a acompanhar; carros do exército iam também bastantes com bastante oficialidade; não vi o bispo; notei poucos padres; ia o governador civil, pareceu-me que aborrecido; Não cheguei a deixar passar tudo; procurei incorporar-me, mas era tarde; só consegui juntar-me aos que o acompanhavam a pé, depois de ter passado o Matadouro Municipal, na Corujeira; Pelo caminho muitas mulheres choravam; viam-se lágrimas em quási todos os olhos; disseram-me ao atingir os acompanhantes a pé, que já no Campo 24 de Agosto, tinham tentado desfazer o cortejo para levar o funeral em velocidade; devem tentá-lo novamente na Ponte de Rio Tinto, disseram; Gente do povo, especialmente mulheres, iam em chusma, alguns dependurados no carro dos Bombeiros que levava o corpo, com a mão colocada na urna. Numa fábrica pouco antes de chegar ao Bairro do Ilhéu, um operário de certa idade, pôs-se à frente do carro dos Bombeiros, fazendo alto e pedindo para esperarem uns momentos para o pessoal da fábrica, que já vinha pela ruazita privada, pudesse despedir-se do bom padre Américo. Passados os breves momentos, o carro seguiu novamente e pouco adiante, percebi que ordens eram dadas aos motociclistas da polícia que precediam o carro dos Bombeiros. O povo julgava que queriam fugir com o morto, e procurava contrariar este propósito, caminhando de modo a atrancar o mais possível o caminho, para que os carros não pudessem ganhar velocidade; Um motociclista chegou a prender-me um sapato com a roda, amassando-me o calcanhar do sapato e quási me fazendo cair; segurei-me e caminhando sempre enquanto forçava o pé dentro do sapato a tomar o seu lugar, desamassando o calcanhar, virei-me para trás e disse: - O senhor não vê o que vem a fazer? O senhor que vem aí atrás é que tem que ver por onde vai e a velocidade que deve levar; Não tive resposta e tudo caminhou até pouco mais abaixo, onde estava a polícia de trânsito no meio da rua a mandar arrumarem-se todos, sendo, entretanto, pouco acatados; mas os motociclistas forçam também e nisto surge o carro do governador civil, vi eu, que passou à frente do carro dos Bombeiros que levava a urna, e aproximando-se dum motociclista, disse em tom de comando: - Aqueles carros da frente que comecem a andar depressa. Tudo se precipitou então; o povo, sentindo os carros aumentar a velocidade, afastou-se e os carros começaram todos a correr para não mais poderem ser atingidos. Esteve o cortejo largos minutos a passar; poucos táxis; muitos do povo, pedindo boleias, que não foram atendidos ou por recusa declarada ou por “vista grossa”. Isto é, a solidariedade humana, que o extinto tanto cultivou e propagandeou, era repudiada por muitos daqueles que lhe foram prestar a última homenagem talvez por vaidade ou por inconfessáveis interesses a colher das aparências. Uma mulher do povo, dizia-me no eléctrico em que regressei, que viera de Oliveira de Azeméis para assistir ao funeral; só soubera hoje de manhã quando ia para o mercado; guardou as suas coisas e meteu-se na caminheta; veio de abalada; seguiu o cortejo até à Ponte; irá depois a Paço de Sousa.” (Arnaldo de Sousa e Silva) Este texto, que me foi dado a conhecer por Adelaide Sousa, não é obra dum profissional, não faz parte duma reportagem jornalística, mas, sim, das notas que seu pai ia escrevendo na sua agenda pessoal. E quem foi o seu autor? A leitura do livro ‘Heróis Anónimos – Um Grande Homem em Tempos Pequenos’, publicado em 2021, confirmou-me o que a minha amiga me dizia e escreveu: “A sua vida foi sempre pautada pelo rigor e pela defesa dos seus ideais de cidadão. (pág. 15); “Foram muitos os envolvimentos de Arnaldo de Sousa e Silva nos assuntos da Comunidade. (…) Foi o caso da associação ‘O Amanhã da criança’ que contou com a sua ação motivadora “(pág. 120). Para que a memória não se perca…E há pessoas que não podem ser esquecidas… (16/7/2025)

terça-feira, julho 15, 2025

UMA VIDA AO SERVIÇO DOS MAIS POBRES E FRAGILIZADOS

A Comunicação Social deu a notícia no dia 14 de junho. Está a fazer um mês… Jornal de Notícias - “O padre madeirense Martins Júnior, que esteve suspenso quatro décadas, morreu anteontem à noite, aos 86 anos. O histórico pároco da Ribeira Seca, no concelho de Machico, foi suspenso ‘a divinis’, em julho de 1977. (…) por se ter recusado a entregar a chave da igreja de Ribeira Seca e participou na política como presidente da Câmara de Machico.” 7Marggens - “Dizem os seus conterrâneos que partiu ‘em paz, sereno, e – como sempre desejou – de pé’. Literalmente de pé, mas também, e mais importante, de pé no sentido figurado. Porque se há algo que quem o conhecia bem garante é que ele tinha ‘uma coluna vertebral inquebrantável’, que sustentou toda uma vida ao serviço dos mais pobres e fragilizados.” E eu, em sua memória, relembro o artigo que aqui publiquei, em 2008: “O Pe. Martins Júnior ordenou-se presbítero em 1962. Em 27 de Julho de 1977, o então Bispo do Funchal, D. Francisco Santana, suspendeu-o do exercício sacerdotal, devido à sua actividade política, considerada contrária às orientações canónicas. Foi presidente da Câmara de Machico entre 1990 e 1998. (…) Em 1974, fora nomeado pároco de Ribeira Seca e, graças ao apoio do povo nunca mais abandonou a paróquia mesmo depois de ser suspenso do exercício sacerdotal. Por isso, o Ministério Público, após denúncia, instaurou-lhe, em 1991, um processo-crime de “abuso de designação, sinal ou uniforme”, conforme a Concordata de 1940. Como, entretanto, a Concordata fora revista, o seu julgamento foi suspenso. “Quando em Agosto, soube que o novo Bispo do Funchal, D. António Carrilho, que eu conhecera como bispo auxiliar da nossa Diocese, tinha dado início a “um ciclo de diálogo”, escrevi-lhe a seguinte carta, em 19 de Agosto, a que, cordialmente, me respondeu, com um “Bem Haja!”, num cartão pessoal, logo no dia 28 desse mês.” “Excia Reverendíssima Esta carta ter-lhe-á causado surpresa até porque poderá não estar a reconhecer-me. (…) Em 1992, visitei, com minha esposa e meus dois filhos, a Ilha da Madeira. Nessa data, quis falar com o Pe. Martins Júnior que conhecia apenas pela comunicação social e que, então, era o presidente da Câmara do Machico. Dirigi-me ao edifício da Câmara e apresentei-me à sua Secretária como sendo um cristão da diocese do Porto que estava de visita à Madeira e gostaria de falar com o Pe. Martins. Logo que foi avisado do meu pedido, saiu do seu gabinete, saudou-me efusivamente bem como aos meus familiares e convidou-nos a entrar. Falámos longamente sobre a Igreja do Porto que ele afirmou muito admirar bem como de D. António Ferreira Gomes, (o nosso bispo que pagou com um exílio de dez anos a coragem de enfrentar a política do Estado Novo: era o seu modelo.) Falou-me com entusiasmo da sua actividade pastoral. E nada me disse da sua ação política. (…) Não teve uma palavra de censura para com a hierarquia. Falou-me sempre como ”homem da Igreja”. Senti que amava a Igreja e a parcela do Povo de Deus que esta lhe confiara. Foi, pois, com muito agrado, que soube que o Senhor Bispo iniciara “um ciclo de diálogo e aproximação, tendo em vista a reconciliação e a integração plena (do Pe. Martins) na comunhão da Igreja” Fiquei feliz ao ver que há um bispo que, colaborando “em tudo aquilo que seja para o bem comum, afirma a isenção e autonomia”, face ao poder político. E o Pe. Martins é um problema de Igreja que só a esta compete resolver. (…) (VP, 12/11/2008)” Em 2009, encontrei o P. Martins numa semana de teologia no seminário da Boa Nova. Relembrei-lhe o nosso encontro e dei-lhe a ler o artigo que publicara. Ficou emocionado e teve palavras de elogio para a Voz Portucalense. A ansiada e justa revogação chegou bem mais tarde, como informava o mencionado Jornal de Notícias: “Em junho de 2019, o atual bispo da diocese do Funchal, Nuno Brás, anunciou a revogação da suspensão”. A minha admiração pela sua verticalidade de ‘antes quebrar que torcer’, ao serviço duma Igreja que salva na Fraternidade. Que Deus o tenha na Sua Paz! (9/7/2025)

quarta-feira, julho 02, 2025

QUEM SEMEIA VENTOS...

“A PSP está a investigar a brutal agressão, com soqueira, ao ator Adérito Lopes, anteontem à noite, em Lisboa. O presumível agressor, de 20 anos, foi identificado pela Polícia. As autoridades também investigam a eventual ligação do suspeito ao grupo neonazi ‘Sangue e Honra?” (JN, 12/6/2025). “Três voluntárias foram agredidas, na noite de terça-feira, Dia de Portugal, quando distribuíam comida pelos sem-abrigo da cidade do Porto. Os agressores são dois homens, de 24 e 27 anos, que, fazendo a saudação nazi., terão alegado que as mulheres não podiam dar alimento a estrangeiros. “ (JN, 13/6/2025 Estas agressões hediondas, perpetradas por jovens, levaram-me a interrogar a Inteligência Artificial (ChatGPT) sobre o crescimento dos grupos neonazis na Europa e obtive a seguinte resposta: “Sim, os grupos neonazis estão a crescer na Europa, incluindo em Portugal, com destaque para o aumento de organizações ligadas a artes marciais e à violência juvenil.” A propagação desta ideologia assassina fez-me recordar o que vi em Dachau, na Alemanha, e em Auschwitz, na Polónia. Mais do que falar dos horrores que aí contemplei, prefiro partilhar o testemunho do psiquiatra Viktor E. Frankl que os sofreu nesses dois campos de extermínio e os apresenta no seu livro ‘O Homem em busca de um Sentido’ - “A historia do interior de um campo de concentração, contada por um dos seus sobreviventes”. Ida para o campo - “Mil e quinhentas pessoas viajavam de comboio há já vários dias e noites: havia 80 em cada carruagem. Tinham todas de se pôr em cima das suas bagagens, dos escassos restos dos seus haveres.” Chegada ao campo – Foi dito para nos alinharmos de maneira a desfilarmos em duas filas perante um oficial das SS. (…) Tinha a mão direita erguida, e com o indicador dessa mão apontava vagarosamente pra a direita ou para a esquerda. (…) Chegou a minha vez. (…) E ele voltou os meus ombros muito lentamente até ficar virado para a direita, e fui para esse lado. O significado do jogo do dedo foi-nos explicado nessa noite. Era o primeiro veredito feito sobre a nossa existência ou não existência. Para a maioria dos que chegara no nosso transporte, cerca de 90 por cento, significou a morte A sentença foi executada nas horas que se seguiram. Os que foram mandados para a esquerda caminharam diretamente da estação para o crematório.” “Fomos conduzidos à pancada para a antessala contígua aos duches. Aí, reunimo-nos em volta de um homem das SS. E então disse: Vou dar-vos dois minutos. Nesses dois minutos vão despir-se totalmente e deixar tudo no local onde estão. (…) Ouvimos então os primeiros sons de chicotadas; correias de pele a bater em corpos nus. De seguida fomos agrupados noutra sala para sermos rapados e não foram só as nossas cabeças que foram tosquiadas, não foi deixado no nosso corpo um único pelo.” A vida no campo “Quando as últimas camadas de gordura subcutânea desapareciam, deixando-nos com a aparência de esqueletos cobertos de pele e farrapos podíamos ver nossos corpos começarem a devorar-se a si próprios. O organismo digeria as próprias proteínas e os músculos desapareciam. O corpo ficava então sem qualquer capacidade de resistência. Um a seguir a outro, os membros da pequena comunidade do nosso barracão morreram.” O último dia do campo - logro e extermínio “O delegado da Cruz Vermelha assegurou-nos que tinha sido assinado um acordo e que o campo não deveria ser evacuado. Mas nessa noite as SS chegaram com camiões e trouxeram consigo uma ordem para limpar o campo. Os últimos prisioneiros deveriam ser levados para um campo central, do qual seriam enviados para a Suíça, dentro de 48 horas – para serem trocados por prisioneiros de guerra. (…) Os nossos amigos que naquela noite pensaram estar a viajar rumo à liberdade tinham sido levados em camiões até esse campo e aí chegados foram encerrados nos barracões e queimados até à morte.” Mais que comentários, deixo-vos num silêncio de horror, o mesmo com que percorri esses ‘campos de morte’. E pergunto-me: - Como é possível que esta ideologia assassina atraia a juventude? - Que mundo estamos a criar? - Até onde poderá levar-nos o discurso de violência e ódio que campeia na nossa sociedade, envenena as relações de convivência e é apadrinhado na ‘Casa da Democracia’? - Que posso eu fazer? (2/7/2025)