O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, julho 13, 2011

Cuidado com os burlões!...

* “Dois falsos funcionários da Segurança Social convenceram dois idosos a entregar-lhes cerca de 5 000 euros com a justificação de que as notas de euro iam acabar e ficariam sem as economias de uma vida inteira. O conto do vigário é sempre o mesmo. A dupla apresenta-se como inspectores da Segurança Social. Um deles fica no carro, preparado para a fuga, enquanto o outro interroga os idosos, promete-lhes que a reforma vai aumentar e diz que tem de ver as suas notas porque o euro vai acabar. “já sabiam o meu nome e que o meu marido estava acamado. Um deles entrou no quarto e perguntou se o meu marido estava melhor. Prometeu que a nossa reforma ia aumentar quatro contos e dizia que trazia umas notas no saco porque o euro ia acabar” (JN, 7/7/11)

* “Uma mulher, de 70 anos, foi burlada e assaltada na sua residência por um suposto assistente do médico de família. O homem acabou por fugir depois de roubar uma carteira com 3500 euros. O burlão evidenciava conhecimentos sobre a saúde da mãe da vítima e mencionando o nome do seu médico de família, fez crer que estaria no local para preencher um inquérito com o objectivo de aumentar a reforma da sua mãe em mais de 100 euros. “Ele deu-me os nossos dados todos certos e eu confiei”. (JN, 7/7/11)

Foram dois casos no mesmo dia, mas situações similares estão sempre a acontecer.

Estamos num período em que grassa um clima de insegurança que a comunicação social se compraz em exacerbar. Muitos idosos, com medo que o País entre em bancarrota, retiram o dinheiro do banco. Estamos a voltar ao tempo do dinheiro no colchão.
Os burlões sabem disso e também sabem que as pessoas de idade não viram as costas a quem fala com elas. Exploram a sua boa educação e o desejo de ver aumentadas as suas parcas reformas. E o processo é sempre o mesmo. Os burlões são pessoas “bem postas”, bem falantes, muito educadas, alguns até se tratam por doutores, que se apresentam em nome de instituições que merecem credibilidade, ou invocam um familiar que lhes pediu um favor ou inventam qualquer outro pretexto para encetar uma conversa.
O perigo é começar. Eles têm estratégias para iludir e convencer. A solução é não aceitar conversa com quem se desconheça. E muito menos abrir-lhe a porta de casa. Infelizmente, estamos num tempo em que temos de desconfiar. È pena, mas é assim.
Caro leitor, fale destes assuntos com os seus amigos e vizinhos.
As autoridades policiais têm desenvolvido campanhas de aconselhamento.
Muitos sacerdotes, especialmente do meio rural, aproveitam as Missas para alertar para estes perigos. É bom que todos o façam. Todos não somos demais.
Custa muito ver pessoas, que se sacrificaram toda a vida, serem espoliadas dos seus bens quando deles mais precisam.

Academia do Bacalhau

Estranho título! Uma rubrica de gastronomia? – Não. A Academia do Bacalhau não é uma confraria gastronómica, embora os seus “compadres” também possam reunir-se numa refeição. Foi o que fizeram, no passado dia 17, quando a Academia do Bacalhau do Porto, num “jantar-camoniano”, homenageou a Academia-Mãe de Joanesburgo, na pessoa do Durval Marques, um dos seus fundadores.

Podemos sintetizar o espírito da Academia do Bacalhau em três palavras: Amizade, Portugalidade, Solidariedade.

Tudo começou em 1968. Quatro emigrantes na África do Sul quiseram institucionalizar os seus habituais encontros de “fiéis amigos”. E como “fiel amigo” é o bacalhau, assim nasceu a Academia do Bacalhau. Se pensarmos no tríplice objectivo da Academia, vemos que é grande o simbolismo do bacalhau. Portugalidade - Não são apenas os turistas que o buscam como prato típico, também nós, quando regressamos a Portugal, após longa ausência, avidamente o desejamos. E no estrangeiro, não há loja portuguesa que não tenha à venda o “fiel amigo”… Amizade – Não é por acaso que na Ceia de Natal, ele é senhor. Solidariedade – Não há bodo de Natal que não o inclua.
A data escolhida para a criação da Academia - 10 de Junho – foi claramente simbólica: Dia de Camões.

Os fundadores nunca pensaram que a sua iniciativa, passados 43 anos, iria estar presente em Portugal (Porto, Lisboa, Costa do Estoril, Viseu, Estremoz, Minho, Madeira, S.Miguel, Ilha Terceira); França (Paris); Luxemburgo; Inglaterra (East London); Brasil (Niteroi, Brasília, Rio de Janeiro, Teresopolis, Belo Horizonte, Recife); Venezuela (Caracas); Estados Unidos (Newark, Nova Inglaterra); Canadá (Toronto); Angola (Luanda); Moçambique (Maputo); África do Sul (Cape Town, Port Elizabeth, Welkom, Pretória, Durban, Pietermaritzburg); Suazilândia (Swaziland, Monzini), Namíbia (Windhoerk); Austrália (Sydney, Perth).

Em cada local, para além de presença de Portugal e encontro de amigos fiéis, a Academia empenha-se em actos de solidariedade. Com a ajuda dos seus 300 compadres, a Academia do Porto, galardoada com o “Troféu Portugalidade”, ajuda várias instituições, atribui bolsas de estudo a universitários e premeia anualmente o melhor aluno de uma escola. Este ano, foi da Universidade Fernando Pessoa.
Embora, os fundadores da Academia-Mãe tenham sido quatro homens, a Academia está aberta às senhoras: a primeira foi Amália Rodrigues.
Aqui fica um bem-haja para a Academia do Porto e uma homenagem aos muitos milhares de portugueses dispersos pelo mundo que, na afectividade e na solidariedade, fazem da Academia do Bacalhau gérmen de portugalidade.

O Colégio Português em Roma e D. António Barroso





A ideia do Colégio começou a corporizar-se em 28 de Abril de 1898 quando, em Roma, se reuniu a “Comissão Promotora”, presidida por D. António Barroso que autenticou a acta e fez a ponte com o Papa Leão XIII.


A figura de D. António, com a aura de prestígio de que usufruía junto do Governo Português e também da Cúria Romana, iria constituir a chave da solução do problema. Com o seu carisma de Pastor e a sua arte diplomática, reunia condições ideais para fazer avançar o projecto”. (Arnaldo Pinto Cardoso, O Pontifício Colégio Português em Roma).


Procurou assegurar a autonomia do Colégio face ao Governo e interessar os bispos pela sua erecção canónica que aconteceu em 20 de Outubro de 1900.
No quadro dos “Fundadores”, exposto no Colégio, sobressai a sua figura com os Viscondes da Pesqueira e restantes membros da Comissão.


Merece ser lida a carta que, já Bispo do Porto, escreveu, em 1899, ao Visconde, natural desta cidade.
Porque nada tenho mais a peito que esta obra providencial, nem em qualquer outra coisa vejo maiores esperanças de regeneração e de salvação para esta nação… Os nossos tempos de um fé lânguida e de falta de carácter têm necessidade de fortes e corajosos exemplos. Deus tinha-me reservado a honra de apresentar humildemente ao glorioso Pontífice Leão XIII o projecto dos iniciadores; e agora tornado Pastor desta insigne Igreja Portuense e bispo diocesano de V. E., é-me concedida a alegria de acolhê-lo e de poder dizer que é da minha diocese que saiu a maior obra dos nossos tempos e o exemplo mais edificante de fé, de coragem e de operosidade católica. E conservando com íntima satisfação o honorífico título de Presidente desta obra providencial, farei quanto de mim depende para a ela corresponder dignamente e auxiliar eficazmente esta instituição, a mais bela, a mais santa, a mais necessária ao nosso país, e à qual devem dar o seu contributo todos quantos amam a religião e desejam sinceramente a prosperidade e a glória da nossa pátria”.


E valeu a pena?

A resposta deu-a João Paulo II, em 1985: ”A história da Igreja em Portugal e noutros territórios e nações de expressão portuguesa, neste século, não poderá ser escrita sem referir a participação que nela tiveram os antigos alunos do Pontifício Colégio Português”. E confirmou-a em 2003: “Como não recordar que, ao longo dos primeiros cem anos, passaram pelo Colégio 867 alunos, a grande maioria deles sacerdotes que se revelaram pastores esclarecidos e zelosos - entre eles, contam-se 3 cardeais e 64 bispos -, para cuja formação esta Instituição deu um contributo de primeira qualidade?”.
A quantos sentem honra nestes louvores lembro a romagem, presidida por D. Manuel Clemente, que a VP promove em 4 de Setembro.