A propósito do “28 de Maio” …
A Frente Nacional
Há dias, um dirigente de um sindicato conotado com a Esquerda, confessava-me: “Na direcção, sou o único que me assumo como católico. Os meus colegas acusam-nos de sermos cúmplices com o “Estado Novo” e eu não sei como responder-lhes.”
É verdade que…
-os católicos rejubilaram com a queda da Primeira República. Os governantes, com a privatização dos bens da Igreja, a proibição do culto público e a perseguição a Bispos e Padres, ofenderam a consciência religiosa do povo. Recordo a voz magoada de minha mãe quando se queixava dos carbonários que maltrataram o “senhor Abade que era um santo”.
-a hierarquia católica ficou grata a Salazar por lhe ter restituído direitos, liberdades e algumas regalias que a República tirara
-houve atitudes ambíguas e silêncios ruidosos… cumplicidades
… Mas também é verdade que
* Na década de 40:
- No MUD militam católicos como Francisco Veloso, antigo dirigente do CADC e Pe. Alves Correia que morreu exilado na América.
- O Pe. Abel Varzim é afastado de todos os cargos na Acção Católica.
- Nas eleições com Norton de Matos, Orlando de Carvalho, católico, é expulso da Universidade de Coimbra por defender eleições livres.
* Na década de 50:
- A JOC organiza um congresso internacional com a presença de mais de mil militantes. A Censura impediu a publicação das conclusões.
-A JUC, com o jornal “Encontro”, tornou-se um alfobre de jovens intelectuais católicos que marcaram o “pós-25 de Abril”. Destes, lembro João Bénard da Costa, o “ Senhor Cinema”, falecido no passado dia 21 de Maio, que João Mário Grilo considerou “uma figura decisiva na preparação de Portugal para a democracia num país carenciado de pessoas que sacrificavam a vida por uma causa pública e por valores essenciais.”
- O Bispo do Porto escreve a “Carta a Salazar” que lhe valeu 10 anos de exílio.
-Na campanha de Humberto Delgado, com a participação de muitos católicos, um grupo de 28 personalidades católicas pede ao jornal Novidades para não assumir “nenhuma posição partidária”. Assinavam a carta Manuela Silva, Murteira Nabo, João Salgueiro, Alçada Baptista.
- Um grupo de 43 destacados católicos - seis padres e leigos, entre os quais F. Sousa Tavares, G. Ribeiro Teles, Sofia de Mello Breyner- escreve uma carta aberta a Salazar, intitulada “As relações entre a Igreja e o Estado”
- As convulsões eram tantas que Salazar, em Dezembro de 1958, ameaça a Hierarquia Católica com a revogação da Concordata, caso ela não fosse capaz de assegurar a “frente nacional”.
- 26 Padres de Lisboa, incluindo o Pe. Felicidade Alves, escrevem uma carta ao jornal A Voz defendendo o Bispo do Porto.
- Trezentos Padres do Porto entregam ao Núncio Apostólico uma carta de protesto contra o exílio do seu Bispo.
- A fracassada revolta da Sé, com o objectivo de derrubar o regime, teve como principal activista civil o antigo jocista, Manuel Serra e contou com apoio do Pe. Vasconcelos Perestrelo. Os cabecilhas foram presos.
Ao findar a década de cinquenta, a “frente nacional” encontrava-se definitivamente abalada. Os anos seguintes, com o Vaticano II e a Guerra em África, vieram reforçar as dissidências.
Esta brevíssima resenha histórica pode ser enriquecido com a leitura dos livros: “Provas” de D. António Ferreira Gomes e “A Oposição Católica ao Estado Novo” de João Miguel Almeida.
Há dias, um dirigente de um sindicato conotado com a Esquerda, confessava-me: “Na direcção, sou o único que me assumo como católico. Os meus colegas acusam-nos de sermos cúmplices com o “Estado Novo” e eu não sei como responder-lhes.”
É verdade que…
-os católicos rejubilaram com a queda da Primeira República. Os governantes, com a privatização dos bens da Igreja, a proibição do culto público e a perseguição a Bispos e Padres, ofenderam a consciência religiosa do povo. Recordo a voz magoada de minha mãe quando se queixava dos carbonários que maltrataram o “senhor Abade que era um santo”.
-a hierarquia católica ficou grata a Salazar por lhe ter restituído direitos, liberdades e algumas regalias que a República tirara
-houve atitudes ambíguas e silêncios ruidosos… cumplicidades
… Mas também é verdade que
* Na década de 40:

- No MUD militam católicos como Francisco Veloso, antigo dirigente do CADC e Pe. Alves Correia que morreu exilado na América.
- O Pe. Abel Varzim é afastado de todos os cargos na Acção Católica.
- Nas eleições com Norton de Matos, Orlando de Carvalho, católico, é expulso da Universidade de Coimbra por defender eleições livres.
* Na década de 50:
- A JOC organiza um congresso internacional com a presença de mais de mil militantes. A Censura impediu a publicação das conclusões.
-A JUC, com o jornal “Encontro”, tornou-se um alfobre de jovens intelectuais católicos que marcaram o “pós-25 de Abril”. Destes, lembro João Bénard da Costa, o “ Senhor Cinema”, falecido no passado dia 21 de Maio, que João Mário Grilo considerou “uma figura decisiva na preparação de Portugal para a democracia num país carenciado de pessoas que sacrificavam a vida por uma causa pública e por valores essenciais.”
- O Bispo do Porto escreve a “Carta a Salazar” que lhe valeu 10 anos de exílio.
-Na campanha de Humberto Delgado, com a participação de muitos católicos, um grupo de 28 personalidades católicas pede ao jornal Novidades para não assumir “nenhuma posição partidária”. Assinavam a carta Manuela Silva, Murteira Nabo, João Salgueiro, Alçada Baptista.
- Um grupo de 43 destacados católicos - seis padres e leigos, entre os quais F. Sousa Tavares, G. Ribeiro Teles, Sofia de Mello Breyner- escreve uma carta aberta a Salazar, intitulada “As relações entre a Igreja e o Estado”
- As convulsões eram tantas que Salazar, em Dezembro de 1958, ameaça a Hierarquia Católica com a revogação da Concordata, caso ela não fosse capaz de assegurar a “frente nacional”.
- 26 Padres de Lisboa, incluindo o Pe. Felicidade Alves, escrevem uma carta ao jornal A Voz defendendo o Bispo do Porto.
- Trezentos Padres do Porto entregam ao Núncio Apostólico uma carta de protesto contra o exílio do seu Bispo.
- A fracassada revolta da Sé, com o objectivo de derrubar o regime, teve como principal activista civil o antigo jocista, Manuel Serra e contou com apoio do Pe. Vasconcelos Perestrelo. Os cabecilhas foram presos.
Ao findar a década de cinquenta, a “frente nacional” encontrava-se definitivamente abalada. Os anos seguintes, com o Vaticano II e a Guerra em África, vieram reforçar as dissidências.
Esta brevíssima resenha histórica pode ser enriquecido com a leitura dos livros: “Provas” de D. António Ferreira Gomes e “A Oposição Católica ao Estado Novo” de João Miguel Almeida.