O Tanoeiro da Ribeira

terça-feira, maio 27, 2025

A MÚSICA É BELEZA, A MÚSICA É UM INSTRUMENTO DE PAZ

“A música é beleza, a música é um instrumento de paz. É uma língua que todos os povos, de maneiras diferentes, falam e que chega ao coração de todos. A música pode ajudar as pessoas a viverem juntas.” Foi esta a mensagem que o nosso querido Papa Francisco enviou ao Festival de Sanremo, no dia 11 de fevereiro deste ano, e eu recordei, na Casa da Música, no primeiro domingo de maio - ‘Dia da Mãe’. Ao ouvir, na Casa da Música, o concerto organizado pela Banda Sinfónica Portuguesa, com a participação da Banda Municipal de Barcelona, veio-me à mente a ‘Banda Cabeceirense’ que, no Domingo de Pascoela, acompanhava o ‘Compasso’, na paróquia da Faia em Cabeceiras de Basto. E chegaram-me ao coração recordações dos tempos de menino em que as festas da minha terra eram abrilhantadas pela banda que honra o seu nome - ‘Banda de S. Martinho’- onde tocava o Basílio, meu colega de carteira na escola primária. .” As bandas de música são uma ferramenta artística idiomática e de enorme potencial para além da pura tradição. São um verdadeiro exemplo de renovação cultural para o presente e para o futuro da música.” (*) O Concerto “Glosas entre dois mares ibéricos” iniciou-se com “a prestigiada e veterana Banda Municipal de Barcelona, uma banda profissional civil espanhola - celebrará 140 anos em 2026 - que tem sido testemunha da evolução social e cultural da cidade de Barcelona”. (*) Começou com música de Agustí Borgunyó (1894-1967), um dos mais prestigiados maestros e compositores catalães da primeira metade do século XX” que, com L’Aplec, festa camperola’, nos ofereceu “uma suite com temas folclóricos desenvolvidos com um rico contraste tímbrico.” (*) E terminou com Gloses II, do “maestro alicantino Amando Blanquer Ponsoda, um dos mais importantes compositores espanhóis do século XX” que foi aluno de Messiaen em Paris e de Petrassi em Roma.” (*) A jovem Banda Sinfónica Portuguesa - está a celebrar os seus 20 anos - brindou-nos com ‘Apoteose’ de João Malha (1991), compositor, maestro e professor de orquestra na Escola Profissional Metropolitana de Lisboa.” (*) E ‘Gentios são os olhos negros’, de Luís Carvalho (1974), destacado clarinetista, compositor e maestro português, professor da Universidade de Aveiro. Os dois compositores estavam presentes na sala, por sinal mesmo à minha frente, e no final das respetivas composições, foram chamados ao palco para serem ovacionados com prolongada salva de palmas. Dando razão ao título do concerto, se L’Aplec, festa camperola me trouxe os sons e as paisagens quentes da costa mediterrânica, já ‘Gentios são os olhos negros’ - uma composição que comemora o 150.º aniversário da Banda Filarmónica N.ª Sra. Das Neves, da ilha de S. Miguel - levou-me a revisitar a verdura florida das ilhas atlânticas e a cantarolar ‘Olhos Negros’ que o José Manuel - um seminarista açoriano - me ensinou nos tempos da juventude. No final, os mais de cem instrumentistas das duas bandas juntaram-se em palco “para interpretar uma das mais importantes páginas da literatura para banda de todos os tempos: Dionysiaques, op. 62, escrita pelo compositor francês Florant Schmitt (1870-1958), vencedor do Prémio Roma de Composição em 1900.” (*) Um clamor de arte e de convivência. Foi assim que, no final, José Rafael Pascual Vilaplana - maestro titular da banda barcelonesa e maestro principal convidado da banda portuense - classificou o concerto que acabava de dirigir. O texto terminaria aqui, não tivera eu, na última sexta-feira, dia 23, assistido, na Sala Suggia, ao “Concerto n.º 7 em Fá maior, para três pianos e orquestra”, de Mozart, tocado pela Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música e três jovens, nascidos na década de noventa, mas já pianistas de renome mundial: Julius Zeman, austríaco; Mona Asuka, alemã, filha de pai alemão e mãe japonesa; Shun Oi, japonês. Sublimes! Celestiais! Ao vê-los, dei razão aos pintores que povoaram o Paraíso, de ´anjos músicos’… A alegria juvenil que os irmanou, especialmente, quando os três se juntaram no mesmo piano e, a 6 mãos, nos brindaram com um magnífico ‘encore’ final, fez-me lembrar o que ouvi a Jordi Savali, Embaixador do Diálogo Intercultural da União Europeia, nesta mesma sala, em 2014: ‘A música une os povos e enriquece-se na diferença’. (*) – ‘Folha de Sala’ (28/5/2025)