QUANDO O PESADELO REGRESSOU... UM SINAL DE ESPERANÇA
Há quatro anos, escrevi no artigo ‘Do Alívio à Esperança’ (VP, 27/1/2021):
“Um novo dia nasce para a América” (e para o Mundo, acrescento eu), disse Joe Biden. Foi há uma semana…. Finalmente, chegou ao fim o execrando mandato do presidente Trump que envenenou a convivência entre os seus concidadãos e entre os povos e tornou o mundo um lugar muito mais perigoso. Respirámos de alívio. “Este é o dia da democracia”.
E, citando Massimo Faggioli, “professor de Teologia na Universidade Villanova (Filadélfia), indicava razões para a esperança:
- O conceito – “Biden é o primeiro presidente católico na história americana que exprime publicamente a sua alma religiosa, não vagamente religiosa, mas cristã; ecuménica, mas católica; duma forma militante, mas não belicosa, testemunhal.”
- O testemunho - “No seu discurso de aceitação a 7 de novembro, Biden citou quer a Bíblia quer o hino litúrgico “Nas asas da águia”, um hino típico do estilo litúrgico da Igreja pós-Concílio Vaticano II, explicando que “representa a fé que me sustém e que eu creio que sustenha a América. E eu espero, espero poder trazer conforto e alívio “.
(…)
E terminava o meu artigo com um voto:
(…) Que o Papa Francisco o inspire. E a luz da Fé ilumine seus caminhos e ajude a sarar as feridas abertas pelo seu antecessor na América e no Mundo”.
Apesar das sombras, algumas bem notórias, que ofuscaram o seu exercício, soube-me bem ler o texto insuspeito, (Biden, JN, 23/1/2025), assinado por Maria de Lurdes Rodrigues que nos recorda o seu legado de que, com vénia, respigo:
1. “Biden foi aquilo que Donald Trump, infelizmente para nós, nunca será”.
. “Propôs-se, no início do seu mandato, fazer sair a América do caos negacionista da covid e das alterações climáticas e inverter o caminho de desregulação económica, e cumpriu.
. Restabeleceu a normalidade do funcionamento do Estado de direito democrático.
. Defendeu a economia com investimentos público, com uma política industrial e de apoio a setores emergentes, com incentivo ao desenvolvimento científico, com valorização dos sindicatos e dos direitos dos trabalhadores, afirmando um compromisso com a justiça social e a equidade.
2. “A liderança de Biden foi marcada por uma abordagem pragmática e humanista”:
. “Reconheceu a gravidade da pandemia de covid.19 e lançou programas eficazes para controlar a sua propagação, de organização da vacinação em massa e de apoio a investigação científica.”
. “Voltou ao Acordo de Paris e promoveu políticas ambientais sustentáveis e iniciativas concretas para combater as alterações climáticas.”
3. “É inegável a importância do apoio dado à Ucrânia e o retorno ao
multilateralismo nas relações que manteve com a Europa.”
4. “A presença e participação em organismos internacionais, como a OMS, e
em acordos globais, como o de Paris, foram decisivos para manter a agenda da defesa do ambiente e de combate às alterações climáticas.”
5. “A sua liderança é uma prova de que é possível governar com respeito pelas instituições democráticas e com um compromisso genuíno com o bem-estar da população.”
6.“Manter viva a memória do seu legado é também uma forma de manter
a esperança de que aquilo que Trump simboliza não perdurará por décadas.”
Infelizmente, os primeiros 100 dias do governo Trump – assinalados com os habituais autoelogios e mentiras, no passado dia 30 de abril – com a supressão da dissidência interna, a perseguição dos imigrantes, a retirada de organismos multilaterais, a descontrolada aplicação de tarifas, promoveram uma agenda de antidireitos humanos, minaram a economia e o direito internacional e exponenciaram ‘o execrando mandato anterior”.
Contudo…
“Ajudai-nos também vós, e uns com os outros, a construir pontes, através do diálogo, através do encontro, unindo-nos a todos para sermos um só povo, um povo de paz”
Estas palavras do Papa Leão XIV fizeram renascer em mim a esperança e acreditar que, com a eleição do cardeal Robert Francis Prevost, também ele americano, “um novo dia nasceu para a América e para o Mundo”.
Convém não esquecer a sabedoria popular que diz: ‘a esperança é a última a morrer’. E ouvir o Papa Francisco que, no dia 12 de fevereiro passado, como numa manifestação de última vontade, nos exortou: “Não percam a esperança. Esta é a mensagem que quero transmitir a vocês; a todos nós.” (21/5/2025)
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