O Tanoeiro da Ribeira

sexta-feira, maio 02, 2025

OS SETE PILARES DO LEGADO DE FRNACISCO

Quando damos graças a Deus pela vida do Papa Francisco e choramos a sua morte, faço-me eco dum longo artigo, com o título que encima esta crónica, assinado por Sara Belo Luís, que uma revista de grande divulgação nacional – Visão – publicou há cerca de dois meses (27 de fevereiro e 5 de março). A capa era totalmente preenchida com a fotografia do Papa Francisco, a sorrir num gesto de despedida, da JMJ Lisboa 2023, com a legenda: “Francisco – O Legado e o Exemplo. A força do carisma e o poder do diálogo. Como Jorge Bergoglio conseguiu ser inspirador mesmo para os não crentes e indicou novos caminhos para a renovação da Igreja Católica”. 1 – Cuidem da ‘Casa Comum’. Publicada logo em 2015, a encíclica Laudato Si deu o tom sobre o modo como Francisco queria ser ouvido, ir para além dos muros do Vaticano. Tentava compreender o mundo, estava alinhado com a Ciência e com o melhor conhecimento: as alterações climáticas são provocadas pela ação humana. ‘O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral’. 2. Estejam próximos das pessoas – ‘Só é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo para a ajudar a levantar-se’. A professora Inês Espada Vieira, professora da UCP e presidente do Centro de Reflexão Cristã, recorda uma frase de frei Bento Domingues que sintetiza o legado do pontífice: ‘Nada de novo, tudo de novo’ E justifica: Não há nada de novo porque tudo o que o Papa fez foi a partir do Evangelho e do Concílio, mas por outro lado há uma forma de renovação dos gestos, da esperança, de uma coragem cristã que leva à ação’. 3. Ouçam as comunidades – Convocado pelo Papa Francisco, o Sínodo dos Bispos (…) deixou de integrar apenas os bispos – e isso em si mesmo, já constitui uma novidade. Contou, por exemplo, com a participação de mulheres. (…) Para Juan Ambrósio, da Universidade Católica, a ideia de ouvir as Comunidades não terá retrocesso. “O Papa impôs a ideia de uma Igreja que se renova a partir daqueles a quem ela é enviada”. 4. Não tenham medo de mudar – Frei Bento Domingues: “Os excluídos passaram a ter uma pátria na Igreja. E esta, para mim, é a grande renovação. Além de que permitiu que a população cristã pudesse exprimir-se nas paróquias, em grupos que se formassem, com toda a liberdade”. (…) Era impensável, há dez ou 100 anos, que houvesse uma mulher ‘Prefeita na Cúria Romana’. 5. Escutem os vossos irmãos muçulmanos – No diálogo com o Islão, porém, existe outro momento recente importante. Em setembro de 2024, o Papa visitou a Indonésia. (…) Entrou na Istiqlal, a maior mesquita do Sudoeste Asiático, e ainda num túnel subterrâneo que liga o interior da mesquita à catedral católica de Nossa Senhora da Assunção - o Túnel da Amizade - apelou à fraternidade: ‘Anunciar o Evangelho não significa impor a nossa fé ou colocá-la em oposição à dos outros, mas dar e partilhar a alegria do encontro com Cristo sempre com muito respeito e carinho fraterno por todos.’ 6. Acolham ‘todos, todos, todos’ – Foi em Lisboa, por ocasião da jornada Mundial da Juventude, que mandou o discurso que tinha escrito às urtigas, evitou as partes mais entediantes e afirmou. Quando (Jesus) manda os apóstolos chamar para o banquete, diz: ‘Ide e trazei todos’, jovens e idosos, sãos e doentes, justos e pecadores. Todos, todos, todos. Na Igreja, há lugar para todos, ‘Padre, mas para mim que sou um desgraçado, que sou uma desgraçada, também há lugar? Há espaço para todos! Todos juntos…’ 7. Combatam ‘a economia que mata’ – Na exortação apostólica A Alegria do Evangelho, Bergoglio referiu-se, pela primeira vez à ‘economia que mata’. Três dias antes de entrar no hospital, escreveu uma carta aos bispos católicos dos EUA: Tenho acompanhado de perto a grande crise que está a acontecer nos EUA, com o início de um programa de deportação em massa. A consciência retamente formada não pode deixar de fazer um juízo crítico e de manifestar o seu desacordo com qualquer medida que identifique, tácita ou explicitamente, o estatuto ilegal de alguns migrantes com criminalidade. Para reflexão… (O Papa Francisco) “por vezes, foi mais ouvido pelos não crentes do que pelos próprios crentes - pág. 28”. (30/4/2025)