O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, setembro 17, 2025

O AMOR É O CHÃO QUE NOS SUSTENTA...

No dia 16 de agosto, assisti, na casa de um amigo, ao programa “Em Casa d’Amália” transmitido pela RTP1, a partir de Moura. Quando o fadista Ricardo Ribeiro, ao cantar ‘Fado Menor”, disse “Cada um é para o que nasce E eu nasci para o fado”, ouvi uma senhora, já bisavó, sussurrar para o marido: - Eu não nasci para o fado, eu nasci para ti e tu para mim”.. E este, emocionado, afagou-lhe, ternamente, o rosto. Logo a seguir, FF cantou “Como é bom esperar alguém”, a canção da sua autoria com que concorreu ao Festival da Canção de 2022, que diz: “Eu não sei rezar, mas sei que amar é uma prece. (…) Um dia, velhinhos livres de esperar, voamos do ninho pra no céu morar.” Quase no final, Miguel Moura, após afirmar que o povo de Moura ama muito a sua padroeira, pôs os seus conterrâneos a cantar em coro o cântico que acompanha a procissão na sua festa. Foi emocionante ver uma praça inteira, com um sorriso no coração, a cantar em uníssono: “Nossa Senhora do Carmo, que está no seu altar todos lá vamos rezar, e a cantar, a cantar, vamos rezar.” Estes factos foram para mim ‘sacramentos’ (Leonardo Boff), porque, na sua imanência transpareceu a transcendência, e eu lembrei o que escreveu Edith Stein – a santa de quem falei na semana passada - a respeito da coerência que subjaz à vida humana e a toda a criação. Começa por afirmar: “A coerência da nossa própria vida é, talvez, a mais adequada para mostrar o que se quer dizer. Em linguagem coloquial, diferencia-se entre o que fazemos ‘segundo um plano’ (e isto equivale ao que ‘faz sentido’ e é ‘compreensível) e o que acontece ‘por casualidade’ que parece sem sentido e por isso ‘incompreensível”. Exemplifica: “Pensei realizar um determinado estudo e, para isso, procurei uma universidade para o fazer. Isto tem sentido e é compreensível. Num certo dia, conheço uma pessoa que, ‘casualmente’ estuda na mesma universidade e converso com ela acerca da visão do mundo. Isto não me parece, à primeira vista, algo coerente e compreensível. Porém, passados uns anos, ao refletir sobre a minha vida, concluo claramente que aquela conversa me influenciou decisivamente; que, quiçá, foi ‘mais essencial’ que todo o meu estudo e penso que, talvez, fosse a ‘verdadeira razão’ por que fui para aquela universidade. O que não estava no meu plano, estava no plano de Deus”. Conclui: ”Quanto mais acontece algo semelhante, mais viva se torna em mim a consciência, que tenho pela fé, de que – aos olhos de Deus – não há ‘casualidade’ alguma; que toda a minha vida, até aos mínimos pormenores, está pré-traçada no plano da providência divina e é, diante dos olhos de Deus que tudo vê, uma coerência de sentido levada à plenitude. (…) Isto é verdade não só para a vida humana individual, mas também para a vida de toda a humanidade”. Explica: A ‘coerência no Logos’ é a coerência de um’ todo-com-sentido’, de uma obra de arte complexa na qual todos os atos individuais têm lugar e encaixam na harmonia dum padrão universal. (…) O que compreendemos do ‘sentido das coisas’, o que entra no nosso entendimento, relaciona-se com aquele ‘todo de sentido’, como os sons individuais perdidos duma sinfonia, interpretada muito longe, que nos chega trazia pelo vento. Na linguagem dos teólogos, à coerência de sentido de todo o ente chama-se ‘o plano divino da criação. A história do mundo, desde o seu começo, é a sua realização.” (Ser finito e ser eterno, pág. 134) Estes pensamentos de Santa Teresa Benedita da Cruz, que foi assassinada em plena 2.ª Guerra Mundial, recordam-me o livro “O Fenómeno Humano’ onde Teilhard Chardin apresenta Cristo como ponto de chegada da evolução histórica, sendo a meta final da evolução cósmica e humana, o ponto Ómega. Somos fruto do Amor de Deus que nos criou e cria a cada momento. Recordo o que aprendi em tempos idos: o Amor vivido no seio da Santíssima Trindade – ‘Amor ad intra’ – extravasou e deu origem à Criação – ‘Amor ad extra’ - de que somos parte integrante. O Amor é fecundo…Sublime! Cheira a ‘Laudato Si’. - “Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo, valeis mais do que muitos pardais.” (Lc, 12,7) - “Eu sou o Alfa e o Ómega, (o Princípio e o Fim) diz o Senhor Deus. - Apoc 1,8” (17/9/2025)

sexta-feira, setembro 12, 2025

EDITH STEN EA iNTELIGÊNCIA ESPIRITUAL

No dia em que demos graças por cinquenta anos de cumplicidade, minha esposa ofereceu-me o livro ‘Ser Finito e Ser Eterno’, a principal obra filosófica de Edith Stein, porque, nesse dia, a Igreja celebra a festa de Santa Teresa Benedita da Cruz. Fazia, então, 83 anos que os nazis assassinaram esta filósofa alemã que, na História, ficou conhecida pelo seu nome de família: Edith Stein. Quem é Edith Stein? Filha de judeus praticantes, nasceu em 12 de outubro de 1891, em Breslávia, hoje, da Polónia. Apesar do ambiente religioso em que foi criada, perdeu a Fé ainda jovem. Com a Primeira Guerra Mundial, interrompeu os estudos na Universidade, em 1915, e, voluntária da ‘Cruz Vermelha’, partiu para a Áustria como auxiliar de enfermagem. Em 1916, concluiu o doutoramento com ‘summa cum laude’ - a segunda mulher doutorada em filosofia na Alemanha - e tornou-se assistente do seu professor, o mais eminente filósofo do seu tempo, Edmundo Husserl, pai da Fenomenologia. Em 1921, inspirada por Santa Teresa de Ávila, converteu-se ao catolicismo. E, em 1933, professou, como Carmelita Descalça, no mosteiro de Colónia, onde assumiu o nome de Teresa Benedita da Cruz. Face à ascensão no nazismo, e porque era judia, foi enviada, por precaução, para o Carmelo de Echt, na Holanda. Em 1940, as tropas de Hitler ocuparam a Holanda, e, em 1942, os bispos holandeses, devido às perseguições aos judeus, publicaram uma carta de crítica ao nazismo. Em represália, os nazis encetaram uma perseguição aos judeus convertidos ao catolicismo. Edite e sua irmã Rosa foram presas. Entregues à Gestapo foram levadas para Auschwitz onde chegaram e foram mortas, em 9 de agosto de 1942. Canonizada, em 1998, como Santa Teresa Benedita da Cruz, o papa João Paulo II, proclamou-a, em 1999, co-padroeira da Europa. Se for aprovado o processo em curso, tornar-se-á a quinta ‘Doutora da Igreja’. O que é a ‘Inteligência Espiritual’? É um conceito é bem recente. Surgiu em 2000 com a publicação do livro ‘Inteligência Espiritual”, por Danah Zohar e Ian Marshall. É posterior à morte de Edih Stein e, por isso, ela nunca o utilizou, embora seja um exemplo vivo desta inteligência que envolve o autoconhecimento, a busca de sentido existencial, a capacidade de resiliência, a empatia profunda com os outros, a abertura à transcendência. Com efeito… - Desde muito nova, mostrou uma enorme inquietação pela verdade que a levou a escrever, mais tarde: “Quem busca a verdade, busca a Deus, quer o saiba ou não”. Por isso, esperamos, receberá o título de ‘Doutora da Verdade”. - Na sua obra, a inteligência integra o sentido da transcendência. No ‘Ser Finito e Ser Eterno” escreveu: “Porque o facto inegável de que meu ser é fugaz, que se mantém de momento a momento e que está exposto à possibilidade de não ser, corresponde-lhe outro facto, igualmente inegável que, apesar desta fugacidade, sou e sou mantido no ser e, no meu ser fugaz, abraço um ser que perdura. (…) O nosso ser aponta para o verdadeiro ser. (página 84)” - A sua espiritualidade estava encarnada na vida. Lutou contra a discriminação então vigente na Alemanha que nunca permitiu que ela, por ser mulher, fosse aceite como professora universitária, apesar do seu prestígio. E em 1928, participou em conferências sobre a questão da mulher por toda a Alemanha e países vizinhos. Esta preocupação pelo outro era bem antiga como prova o seu doutoramento com a tese “Sobre o Problema da Empatia”. Em dia de memória e louvor, desejei: - Que a lembrança de Edith Stein nos desperte para os horrores do nazismo que matou milhões de inocentes - só em Aushwitz-Birkenau terão morrido cerca de um milhão e cem mil prisioneiros. - Que a empatia – capacidade de se colocar no lugar do outro – vença a linguagem de ódio que começa a subverter a nossa cultura e a envenenar as relações de convivência. - Que a inteligência espiritual nos faça compreender e pôr em prática as palavras de Jesus: “Tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, assim fazei também vós a eles” (Mt 7,12) Somos um povo de emigrantes, como lembrou, em Fátima, o arcebispo-emérito de Urgel na ‘Peregrinação Nacional do Migrante e do Refugiado’, no passado dia 13 de agosto, que nos pediu “coerência histórica e evangélica”. “Os imigrantes têm de ser vistos como uma ‘mais-valia’. “Devemos tratá-los com cuidado, amor e respeito”, disse o Padre Eduardo Duque, no Curso de Missiologia, em Fátima -7Margens, 29/08/2025 VP-10/9/2025)

AQUI HÁ SANTIDADE

Assim disse D. Manuel Clemente, na igreja matriz de Remelhe, em 2011… Quando passam 107 anos sobre a morte de D. António Barroso, no Paço de Sacais no Bonfim, e, no próximo dia 7, os ‘Amigos de D. António Barroso’ voltam a percorrer os caminhos que o seu cortejo fúnebre seguiu de Barcelos até Remelhe, faço memória das ações que a Voz Portucalense desenvolveu para avivar a memória do nosso Bispo Venerável. Das várias atividades que a Fundação promoveu, saliento: I – Textos sobre D. António Lembro, apenas, alguns títulos: “O Senhor Bispo era um Santo” (11/5/2011), “O Colégio Português em Roma (6/7/2011), “Passos de um Calvário (20/7/ 2011), “O Bispo dos Pobres” (13/2/2013), “Associação dos Médicos Católicos” (4/5/2016), “O Monte da Virgem e D. António Barroso” (24/12/2016), “D. António Barroso - Palavras e Gestos (7 e 14/11/2018), “A Associação de Proteção à Infância e o seu Fundador” (26/6/2024), “Pela dignificação dos povos colonizados – O Percursor - D. António Barroso (3/7/2024)”. II - Romagens a Remelhe, Barcelos. - 4 de setembro de 2011 - No Centenário do seu primeiro exílio, em Remelhe Foi “presidida por D. Manuel Clemente com a presença de D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga”. – Na capela-jazigo de D. António Barroso Saudação – Dr. Amadeu Araújo, vice-postulador da ‘Causa de Canonização’ - Na igreja paroquial – Eucaristia e ‘Te Deum’ cantado pelo Coro Gregoriano do Porto. – Visita à capela de S. Tiago de Moldes – “Catedral do Exílio’ - Visita ao alpendre da casa de Santiago onde nasceu D. António Barroso e à sua residência durante o exílio (1911-1914) - 2 de setembro de 2012 – Romagem conjunta com ‘Os Amigos de D. António Barroso’. Presidiu D. Pio Alves, Bispo Auxiliar do Porto. Após a Eucaristia na igreja matriz, foi descerrada, na parede lateral-norte da capela de S. Tiago de Moldes, uma placa que diz: “No ano de 1911, D. António Barroso, exilado da sede episcopal, ordenou, nesta capela de S. Tiago, 23 sacerdotes da sua diocese do Porto. No dia 4 de Setembro de 2011, recordando os 100 anos do acontecimento, a Fundação Voz Portucalense, com a participação do Bispo D. Manuel Clemente, fez memória desses gesto profético, com um Te Deum e uma evocação neste local pelo Padre José Adílio de Macedo.” III. No dia litúrgico de S. Francisco de Sales (2009-2017) - Em 2011, na Associação Católica do Porto, os autores do livro ‘Réu da República’, Dr. Amadeu Araújo e D. Carlos Azevedo, dissertaram sobre a vida e obra de D. António Barroso. - Em 2017, após a palestra do Dr. Arnaldo Pinho, na Capela dos Alfaiates, fomos, em romagem, ao Monumento de D. António Barroso e à veneranda ‘Associação de Proteção à Infância’ - criada pelo nosso Bispo Venerável em 7 de maio de 1903 - que, sob a direção do Dr. Maurício Pinto, se mantém em plena atividade como testemunhou D. Joaquim Dionísio, na visita pastoral que lhe fez no dia do seu 122.º aniversário. IV. “Dia da Voz Portucalense” Entre 2010 e 2017, organizámos sete encontros com a entrega de diplomas aos assinantes: os cincos primeiros, na Catedral, e os dois últimos em locais que evocam D. António Barroso. Em todos, rezámos pela sua beatificação. E os senhores bispos sempre presidiram com o seu báculo. - Em 2011 – Fizemos memória do primeiro centenário do início do seu exílio, em Remelhe. - Em 2014, comemorámos, na Sé, com um Te Deum, o centenário do regresso de D. António Barroso, do seu primeiro exílio. - Em 2016, o primeiro encontro fora da Catedral teve lugar na igreja de Santo Ildefonso porque “foi nessa igreja que, no dia 2 de agosto de 1899, D. António Barroso se paramentou para dar início ao cortejo litúrgico que o conduziu até á Sé”. - Em 2017, centenário do segundo exílio, agora em Coimbra, fomos em romagem, presidida por D. António Francisco, ao santuário do Monte da Virgem que culminou no ‘Monumento à Imaculada’, cuja pedra fundamental foi benzida por D. António Barroso (25/6/1905). Em comunhão com os romeiros de Barcelos, façamos nossa a oração que D. Manuel Clemente, em 2011, rezou junto da capela-jazigo do Venerável ‘Bispo dos Pobres’: “Deus omnipotente, que concedeis sempre a vossa misericórdia aos que vos amam. E em nenhum lugar estais longe dos que vos procuram, assisti os vossos fiéis presentes nesta piedosa romagem, em que fazemos memória do vosso servo António Barroso, bispo da vossa Igreja, e pedimos que seja associado ao número dos vossos santos”. Amen. (VP, 3/9/2924)

quarta-feira, agosto 06, 2025

VAMOS CONHECER PORTUGAL - IV - POR TERRAS DO DEMO

Assim lhe chamou Aquilino Ribeiro que aqui nasceu e viveu. O passeio iniciou-se em Vila Nova de Paiva onde almoçámos com o pároco, P. Justino Lopes, assinante e admirador da Voz Portucalense de que é leitor desde os tempos do seminário em Lamego, onde foi colega do ‘nosso’ D. António Francisco. Foi uma conversa longa de ‘velhos’ amigos cujo conhecimento remonta ao ano de 1971, no Colóquio Europeu de Paróquias em Estrasburgo, em que participámos, era ele, então, pároco de Nespereira, em Cinfães. Depois das palavras iniciais em que recordámos o cónego Rafael, de Lamego, depois visto de Bragança, que foi seu colega nesse Colóquio, veio à conversa da Igreja do Porto. E sua irmã, também presente, falou da familiaridade de trato de D. António e de D. Serafim que bem conheceu quando veio fazer um curso de catequese ao Porto e serviu na Casa Episcopal. O P. Justino, por sua vez, contou que, numa missa dominical, reparou que, ao fundo da igreja, estava D. Manuel Martins. No final, disse-lhe que ele poderia ter presidido à celebração ao que ele respondeu: - “Gosto de ficar deste lado para ver a figura que faço quando estou no altar”. E foi com notória satisfação que falou de D. Manuel Linda que se ordenou em Vila Real, mas foi seminarista em Lamego e nasceu em Resende. E de D. Joaquim Dionísio que, entre outras missões, foi reitor do santuário de Nossa Senhora da Lapa. Esse entusiasmo deu lugar a algum desalento quando falou do despovoamento das suas terras, resumindo: “Fecham-se escolas, abrem-se lares, alargam-se cemitérios. E para os lares funcionarem o que nos valem são os imigrantes brasileiros porque, aqui, não haveria gente para trabalhar”. Os seus olhos voltaram a brilhar quando falou do seu programa semanal no ´Rádio Escuro’ que o leva até aos seus conterrâneos espalhados pelo mundo e o obriga a entrevistar as pessoas de idade para poder contar histórias das suas terras que a todos interessam. No final, ofereci-lhe o meu último livro ‘Esta viagem que nos plasma’ e ele ofereceu-me os opúsculos de que é autor: “A Paixão – Na arte das igrejas de Fráguas e Vila Nova de Paiva”; “Páscoa – Na Arte de Igreja Paroquial de Fráguas e Vila Nova de Paiva” ; “ A Genealogia de Jesus na igreja der Vila Nova de Paiva”. Feitas as despedidas, dirigimo-nos à igreja paroquial de Alhais onde Aquilino foi batizado (7/11/1885), e, em Soutosa, visitámos o museu na casa onde Aquilino viveu e hoje, é sede da Fundação Aquilino Ribeiro. Deixado o vale do Paiva, subimos a serra da Lapa onde nasce o rio Vouga e visitámos o santuário da Senhora da Lapa cujo culto se iniciou em 1498, numa pequena ermida construída ao lado da grande lapa onde, entre penedos, apareceu a sua imagem. Em 1576, a Lapa foi entregue aos Jesuítas que construíram o atual Santuário, ‘com penedia no seu interior’ e, no sec. XVII, edificaram o Colégio da Lapa’, onde Aquilino Ribeiro veio a estudar. A pagela disponível para os visitantes informa que “A Senhora da Lapa, a par com Santiago de Compostela, chegaram a ser, em tempos, os dois santuários mais importantes da Península Ibérica”. No seu interior, mereceram-me especial atenção o ‘Presépio’ do séc. XVIII, da Escola Machado de Castro’; a imagem de Nossa Senhora; o Crocodilo, um ex-voto a que o povo chama o Sardão da Lapa; a passagem por detrás do altar onde, segundo a tradição, não consegue passar quem tiver um pecado grave. Depois, descemos até Tabosa e parámos juntos às ruínas do monumental Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção, fundado em 1692, o último mosteiro cisterciense a ser criado em Portugal, onde se passa o trama que Aquilino conta em ‘Valoroso Milagre’. E terminámos na freguesia do Carregal, no antigo ‘Pátio dos Sanhudos’ rebatizado como ‘Pátio Aquilino Ribeiro’ porque nele nasceu como consta na placa afixada na casa: “AQUI NASCEU AQULINO RIBEIRO 13-9-1885 – 13/9/1985 - HOMENAGEM DA CÂMARA MUNICIPAL DE SERNANCELHE”. Aqui passou a sua infância como tão bem descreve no seu livro ‘Cinco Reis de Gente’. A terminar deixo duas sugestões para este verão: a visita ao Santuário de Nossa Senhora da Lapa e a leitura do livro Cinco Reis de Gente. Vale a pena (30/7/2025)

quarta-feira, julho 23, 2025

ORAÇÕES - UNIDOS NA FÉ

Este é o título das 18 pagelas, com uma pintura famosa, uma oração e uma reflexão, que o Jornal de Notícias, com o patrocínio da Irmandade dos Clérigos, publicou nos domingos entre o Natal e a Páscoa, com a seguinte sequência: 28/12 - Oração Pela família; 05/01 - Oração Estrela do Oriente; 12/01 - Oração do Batismo; 19/01 - Oração do Jubileu; 26/1 - Oração VI Domingo da Palavra de Deus; 02/02 - Oração do Dia do Consagrado; 09/02 - Oração do Abandono; 16/02 - Oração de São Francisco pela Paz; 23/02 – Oração Consagração a Nossa Senhora, 02/03 – Oração Magnificat; 09/03 - Oração do Anjo da Guarda; 16/3 - Oração a São José; 23/3 - Oração Angelus (às Trindades); 30/03 - Oração da Alegria; 06/04 - Oração da Quaresma; 13/04 - Oração de Domingo de Ramos; 20/04 - Oração para o Dia de Páscoa. Fazendo-me eco desta louvável iniciativa, respiguei três orações que partilho convosco: a primeira é de Miguel Torga, o poeta cuja vida se jogou entre o menino religioso de S. Martinho de Anta, a sua ‘Agarez ‘analfabeta, e o intelectual agnóstico de Coimbra, a sua ‘Agarez’ alfabeta; a segunda, do Papa Francisco; a terceira, de Charles de Foucauld, o apóstolo que viveu e morreu entre os Tuaregues, em pleno deserto Saara, na Argélia. Oração Estrela do Ocidente “Por teus olhos acesos de inocência /Me vou guiando agora que anoitece /Rei Mago que procura e desconhece /O caminho. Sigo aquele que adivinho /Anunciado /Nessa luz só adivinhada, /Infância humana, humana madrugada. Presépio é qualquer berço /Onde a nudez do mundo tem calor /E o amor /Recomeça. Leva-me, pois, depressa, /Através do deserto desta vida, /A Belém prometida…/ Ou és tu a promessa?” (Miguel Torga, Coimbra, Natal de 1959) Oração da Alegria ‘Virgem e Mãe Maria, Vós que, movida pelo Espírito acolheste o Verbo da vida, na profundidade da vossa fé humilde, totalmente entregue ao Eterno, ajudai-nos a dizer o nosso «sim» perante a urgência, mais imperiosa do que nunca, de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus. (…) Vós, que permanecestes firme diante da Cruz com uma fé inabalável, e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição, reunistes os discípulos à espera do Espírito, para que nascesse a Igreja evangelizadora. Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados, para levar a todos o Evangelho da vida que vence a morte. Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos para que chegue a todos a dom da beleza que não se apaga. Vós, Virgem da escuta e da contemplação, Mãe do amor, esposa das núpcias eternas, intercedei pela igreja, da qual sois o ícone puríssimo, para que ela nunca se feche nem se detenha na sua paixão por instaurar o Reino. Estrela da nova evangelização, ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão, do serviço, da fé ardente e generosa, da justiça e do amor aos pobres, para que a alegria do Evangelho chegue até aos confins da terra e nenhuma periferia fique privada da sua luz. Mãe do Evangelho vivente, manancial da alegria para os pequeninos, rogai por nós.” (Papa Francisco) Oração do Abandono “Meu Pai, eu me abandono a Ti, faz de mim o que quiseres. O que fizeres de mim, eu Te agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo, desde que a Tua vontade se faça em mim e em tudo o que Tu criaste, nada mais quero, meu Deus. Nas tuas mãos entrego a minha vida. Eu Ta dou, meu Deus, com todo o amor do meu coração, porque Te amo e é para mim uma necessidade de amor dar-me, entregar-me nas Tuas mãos sem medida, com uma confiança infinita, porque Tu és meu Pai!“ (São Charles de Foucauld). Reflexão Escolhi a pagela “Tempo do Natal” que nos introduzia no mistério do ‘Jubileu da Esperança’ – Ano Santo de 2025. “O arco da esperança cristã está lançado entre dois polos: o nascimento de Jesus, princípio de salvação, e a Sua vinda, no fim dos tempos, a nossa meta. É na contemplação deste mistério da adoração do menino Deus, do Seu nascimento, que percebemos que não podemos viver numa esperança que nasce na esperança de cabeça baixa, voltada para o umbigo, com palavras para os próprios ouvidos. O Natal será sempre o nosso verdadeiro anseio em encontramo-nos, um dia, com o nosso Senhor e Salvador.” Termino com uma palavra de louvor ao Jornal de Notícias e à Irmandade dos Clérigos que souberam dar as mãos e oferecer ao grande público este convite à oração. (23/7/2025)

quarta-feira, julho 16, 2025

FUNERAL DO PADRE AMÉRICO - UM DOCUMENTO INÉDITO

Faz, agora, 69 anos… E ainda há testemunhos desconhecidos que nos falam duma cidade em lágrimas…Gente que sabe ser grata e reconhecer quem a ama. Esta é a alma do Porto que nos identifica e urge preservar. “17. Julho.1956 – terça feira – O funeral do padre Américo saiu às 9,30 da igreja da Trindade; era um cortejo enorme; uma enorme multidão; Eu estive a ver passar na Câmara Nova; Para o lado do Edifício do Capitólio, ouviram-se gritos de dor, na despedida; lenços agitavam-se no ar; os soldados fizeram o cordão para suster a multidão, eram muitas dezenas de carros a acompanhar; carros do exército iam também bastantes com bastante oficialidade; não vi o bispo; notei poucos padres; ia o governador civil, pareceu-me que aborrecido; Não cheguei a deixar passar tudo; procurei incorporar-me, mas era tarde; só consegui juntar-me aos que o acompanhavam a pé, depois de ter passado o Matadouro Municipal, na Corujeira; Pelo caminho muitas mulheres choravam; viam-se lágrimas em quási todos os olhos; disseram-me ao atingir os acompanhantes a pé, que já no Campo 24 de Agosto, tinham tentado desfazer o cortejo para levar o funeral em velocidade; devem tentá-lo novamente na Ponte de Rio Tinto, disseram; Gente do povo, especialmente mulheres, iam em chusma, alguns dependurados no carro dos Bombeiros que levava o corpo, com a mão colocada na urna. Numa fábrica pouco antes de chegar ao Bairro do Ilhéu, um operário de certa idade, pôs-se à frente do carro dos Bombeiros, fazendo alto e pedindo para esperarem uns momentos para o pessoal da fábrica, que já vinha pela ruazita privada, pudesse despedir-se do bom padre Américo. Passados os breves momentos, o carro seguiu novamente e pouco adiante, percebi que ordens eram dadas aos motociclistas da polícia que precediam o carro dos Bombeiros. O povo julgava que queriam fugir com o morto, e procurava contrariar este propósito, caminhando de modo a atrancar o mais possível o caminho, para que os carros não pudessem ganhar velocidade; Um motociclista chegou a prender-me um sapato com a roda, amassando-me o calcanhar do sapato e quási me fazendo cair; segurei-me e caminhando sempre enquanto forçava o pé dentro do sapato a tomar o seu lugar, desamassando o calcanhar, virei-me para trás e disse: - O senhor não vê o que vem a fazer? O senhor que vem aí atrás é que tem que ver por onde vai e a velocidade que deve levar; Não tive resposta e tudo caminhou até pouco mais abaixo, onde estava a polícia de trânsito no meio da rua a mandar arrumarem-se todos, sendo, entretanto, pouco acatados; mas os motociclistas forçam também e nisto surge o carro do governador civil, vi eu, que passou à frente do carro dos Bombeiros que levava a urna, e aproximando-se dum motociclista, disse em tom de comando: - Aqueles carros da frente que comecem a andar depressa. Tudo se precipitou então; o povo, sentindo os carros aumentar a velocidade, afastou-se e os carros começaram todos a correr para não mais poderem ser atingidos. Esteve o cortejo largos minutos a passar; poucos táxis; muitos do povo, pedindo boleias, que não foram atendidos ou por recusa declarada ou por “vista grossa”. Isto é, a solidariedade humana, que o extinto tanto cultivou e propagandeou, era repudiada por muitos daqueles que lhe foram prestar a última homenagem talvez por vaidade ou por inconfessáveis interesses a colher das aparências. Uma mulher do povo, dizia-me no eléctrico em que regressei, que viera de Oliveira de Azeméis para assistir ao funeral; só soubera hoje de manhã quando ia para o mercado; guardou as suas coisas e meteu-se na caminheta; veio de abalada; seguiu o cortejo até à Ponte; irá depois a Paço de Sousa.” (Arnaldo de Sousa e Silva) Este texto, que me foi dado a conhecer por Adelaide Sousa, não é obra dum profissional, não faz parte duma reportagem jornalística, mas, sim, das notas que seu pai ia escrevendo na sua agenda pessoal. E quem foi o seu autor? A leitura do livro ‘Heróis Anónimos – Um Grande Homem em Tempos Pequenos’, publicado em 2021, confirmou-me o que a minha amiga me dizia e escreveu: “A sua vida foi sempre pautada pelo rigor e pela defesa dos seus ideais de cidadão. (pág. 15); “Foram muitos os envolvimentos de Arnaldo de Sousa e Silva nos assuntos da Comunidade. (…) Foi o caso da associação ‘O Amanhã da criança’ que contou com a sua ação motivadora “(pág. 120). Para que a memória não se perca…E há pessoas que não podem ser esquecidas… (16/7/2025)

terça-feira, julho 15, 2025

UMA VIDA AO SERVIÇO DOS MAIS POBRES E FRAGILIZADOS

A Comunicação Social deu a notícia no dia 14 de junho. Está a fazer um mês… Jornal de Notícias - “O padre madeirense Martins Júnior, que esteve suspenso quatro décadas, morreu anteontem à noite, aos 86 anos. O histórico pároco da Ribeira Seca, no concelho de Machico, foi suspenso ‘a divinis’, em julho de 1977. (…) por se ter recusado a entregar a chave da igreja de Ribeira Seca e participou na política como presidente da Câmara de Machico.” 7Marggens - “Dizem os seus conterrâneos que partiu ‘em paz, sereno, e – como sempre desejou – de pé’. Literalmente de pé, mas também, e mais importante, de pé no sentido figurado. Porque se há algo que quem o conhecia bem garante é que ele tinha ‘uma coluna vertebral inquebrantável’, que sustentou toda uma vida ao serviço dos mais pobres e fragilizados.” E eu, em sua memória, relembro o artigo que aqui publiquei, em 2008: “O Pe. Martins Júnior ordenou-se presbítero em 1962. Em 27 de Julho de 1977, o então Bispo do Funchal, D. Francisco Santana, suspendeu-o do exercício sacerdotal, devido à sua actividade política, considerada contrária às orientações canónicas. Foi presidente da Câmara de Machico entre 1990 e 1998. (…) Em 1974, fora nomeado pároco de Ribeira Seca e, graças ao apoio do povo nunca mais abandonou a paróquia mesmo depois de ser suspenso do exercício sacerdotal. Por isso, o Ministério Público, após denúncia, instaurou-lhe, em 1991, um processo-crime de “abuso de designação, sinal ou uniforme”, conforme a Concordata de 1940. Como, entretanto, a Concordata fora revista, o seu julgamento foi suspenso. “Quando em Agosto, soube que o novo Bispo do Funchal, D. António Carrilho, que eu conhecera como bispo auxiliar da nossa Diocese, tinha dado início a “um ciclo de diálogo”, escrevi-lhe a seguinte carta, em 19 de Agosto, a que, cordialmente, me respondeu, com um “Bem Haja!”, num cartão pessoal, logo no dia 28 desse mês.” “Excia Reverendíssima Esta carta ter-lhe-á causado surpresa até porque poderá não estar a reconhecer-me. (…) Em 1992, visitei, com minha esposa e meus dois filhos, a Ilha da Madeira. Nessa data, quis falar com o Pe. Martins Júnior que conhecia apenas pela comunicação social e que, então, era o presidente da Câmara do Machico. Dirigi-me ao edifício da Câmara e apresentei-me à sua Secretária como sendo um cristão da diocese do Porto que estava de visita à Madeira e gostaria de falar com o Pe. Martins. Logo que foi avisado do meu pedido, saiu do seu gabinete, saudou-me efusivamente bem como aos meus familiares e convidou-nos a entrar. Falámos longamente sobre a Igreja do Porto que ele afirmou muito admirar bem como de D. António Ferreira Gomes, (o nosso bispo que pagou com um exílio de dez anos a coragem de enfrentar a política do Estado Novo: era o seu modelo.) Falou-me com entusiasmo da sua actividade pastoral. E nada me disse da sua ação política. (…) Não teve uma palavra de censura para com a hierarquia. Falou-me sempre como ”homem da Igreja”. Senti que amava a Igreja e a parcela do Povo de Deus que esta lhe confiara. Foi, pois, com muito agrado, que soube que o Senhor Bispo iniciara “um ciclo de diálogo e aproximação, tendo em vista a reconciliação e a integração plena (do Pe. Martins) na comunhão da Igreja” Fiquei feliz ao ver que há um bispo que, colaborando “em tudo aquilo que seja para o bem comum, afirma a isenção e autonomia”, face ao poder político. E o Pe. Martins é um problema de Igreja que só a esta compete resolver. (…) (VP, 12/11/2008)” Em 2009, encontrei o P. Martins numa semana de teologia no seminário da Boa Nova. Relembrei-lhe o nosso encontro e dei-lhe a ler o artigo que publicara. Ficou emocionado e teve palavras de elogio para a Voz Portucalense. A ansiada e justa revogação chegou bem mais tarde, como informava o mencionado Jornal de Notícias: “Em junho de 2019, o atual bispo da diocese do Funchal, Nuno Brás, anunciou a revogação da suspensão”. A minha admiração pela sua verticalidade de ‘antes quebrar que torcer’, ao serviço duma Igreja que salva na Fraternidade. Que Deus o tenha na Sua Paz! (9/7/2025)

quarta-feira, julho 02, 2025

QUEM SEMEIA VENTOS...

“A PSP está a investigar a brutal agressão, com soqueira, ao ator Adérito Lopes, anteontem à noite, em Lisboa. O presumível agressor, de 20 anos, foi identificado pela Polícia. As autoridades também investigam a eventual ligação do suspeito ao grupo neonazi ‘Sangue e Honra?” (JN, 12/6/2025). “Três voluntárias foram agredidas, na noite de terça-feira, Dia de Portugal, quando distribuíam comida pelos sem-abrigo da cidade do Porto. Os agressores são dois homens, de 24 e 27 anos, que, fazendo a saudação nazi., terão alegado que as mulheres não podiam dar alimento a estrangeiros. “ (JN, 13/6/2025 Estas agressões hediondas, perpetradas por jovens, levaram-me a interrogar a Inteligência Artificial (ChatGPT) sobre o crescimento dos grupos neonazis na Europa e obtive a seguinte resposta: “Sim, os grupos neonazis estão a crescer na Europa, incluindo em Portugal, com destaque para o aumento de organizações ligadas a artes marciais e à violência juvenil.” A propagação desta ideologia assassina fez-me recordar o que vi em Dachau, na Alemanha, e em Auschwitz, na Polónia. Mais do que falar dos horrores que aí contemplei, prefiro partilhar o testemunho do psiquiatra Viktor E. Frankl que os sofreu nesses dois campos de extermínio e os apresenta no seu livro ‘O Homem em busca de um Sentido’ - “A historia do interior de um campo de concentração, contada por um dos seus sobreviventes”. Ida para o campo - “Mil e quinhentas pessoas viajavam de comboio há já vários dias e noites: havia 80 em cada carruagem. Tinham todas de se pôr em cima das suas bagagens, dos escassos restos dos seus haveres.” Chegada ao campo – Foi dito para nos alinharmos de maneira a desfilarmos em duas filas perante um oficial das SS. (…) Tinha a mão direita erguida, e com o indicador dessa mão apontava vagarosamente pra a direita ou para a esquerda. (…) Chegou a minha vez. (…) E ele voltou os meus ombros muito lentamente até ficar virado para a direita, e fui para esse lado. O significado do jogo do dedo foi-nos explicado nessa noite. Era o primeiro veredito feito sobre a nossa existência ou não existência. Para a maioria dos que chegara no nosso transporte, cerca de 90 por cento, significou a morte A sentença foi executada nas horas que se seguiram. Os que foram mandados para a esquerda caminharam diretamente da estação para o crematório.” “Fomos conduzidos à pancada para a antessala contígua aos duches. Aí, reunimo-nos em volta de um homem das SS. E então disse: Vou dar-vos dois minutos. Nesses dois minutos vão despir-se totalmente e deixar tudo no local onde estão. (…) Ouvimos então os primeiros sons de chicotadas; correias de pele a bater em corpos nus. De seguida fomos agrupados noutra sala para sermos rapados e não foram só as nossas cabeças que foram tosquiadas, não foi deixado no nosso corpo um único pelo.” A vida no campo “Quando as últimas camadas de gordura subcutânea desapareciam, deixando-nos com a aparência de esqueletos cobertos de pele e farrapos podíamos ver nossos corpos começarem a devorar-se a si próprios. O organismo digeria as próprias proteínas e os músculos desapareciam. O corpo ficava então sem qualquer capacidade de resistência. Um a seguir a outro, os membros da pequena comunidade do nosso barracão morreram.” O último dia do campo - logro e extermínio “O delegado da Cruz Vermelha assegurou-nos que tinha sido assinado um acordo e que o campo não deveria ser evacuado. Mas nessa noite as SS chegaram com camiões e trouxeram consigo uma ordem para limpar o campo. Os últimos prisioneiros deveriam ser levados para um campo central, do qual seriam enviados para a Suíça, dentro de 48 horas – para serem trocados por prisioneiros de guerra. (…) Os nossos amigos que naquela noite pensaram estar a viajar rumo à liberdade tinham sido levados em camiões até esse campo e aí chegados foram encerrados nos barracões e queimados até à morte.” Mais que comentários, deixo-vos num silêncio de horror, o mesmo com que percorri esses ‘campos de morte’. E pergunto-me: - Como é possível que esta ideologia assassina atraia a juventude? - Que mundo estamos a criar? - Até onde poderá levar-nos o discurso de violência e ódio que campeia na nossa sociedade, envenena as relações de convivência e é apadrinhado na ‘Casa da Democracia’? - Que posso eu fazer? (2/7/2025)