O PADRE LUÍS
Tempos atrás, visitei o Monte da
Virgem e surpreendi-me ao ver um monumento inaugurado em 15 de agosto de 2004
em honra do Padre Luís. Que P. Luís?
Porquê esta homenagem?
A resposta encontrei-a no livro Padre Luís – uma identidade, do P.
Manuel Leão.
O P. Luís nasceu em 19/5/1872 em
Pindelo, Oliveira de Azeméis, onde “experimentou os ardorosos trabalhos agrícolas”
até aos desasseis anos quando entrou no Seminário. Ordenado presbítero em 1897
fixou-se em Oliveira do Douro, como capelão do Colégio do Sardão, e aí faleceu
em 1957.
A sua longa vida sacerdotal
desenvolveu-se em torno de quatro pilares:
-
Colégio do Sardão. A sua ação
extravasou o colégio. Para além dum serviço intenso no confessionário, muitas
eram as pessoas que o procuravam como seu diretor espiritual. Para além do seu
múnus pastoral, o P. Luís usou toda a sua influência social para evitar a
nacionalização dos bens do colégio, aquando da implantação da República. Num
gesto de gratidão, este acolheu-o na fase terminal da vida onde veio a falecer.
Uma curiosidade: neste colégio, foi mestra de trabalhos manuais, a irmã Lúcia, durante
dois anos, antes de entrar no Carmelo de Coimbra em 1948.
-
Monte da Virgem. O P. Luís estava no
grupo que, no dia 1 de janeiro de 1905, mudou o nome do Monte Grande para Monte
da Virgem. Enquanto a confraria não se legalizava, apressou-se, com a ajuda de
um amigo sacerdote, a adquirir algumas parcelas de terreno que, depois, legou à
Confraria. Foi vice-presidente vitalício da Comissão Promotora do Monumento à
Imaculada. Restabelecido o culto, foi seu capelão sem qualquer encargo para o
santuário. Em momentos de represálias, e também os teve, “nunca ninguém lhe
terá ouvido nem queixa nem medo”.
- Ensino. Fundou em sua
casa uma escola que, apesar do ambiente hostil, adquiriu grande prestígio e
atraiu muitos alunos “das freguesias nem sempre limítrofes”. Criou também o
“ensino pós-laboral”.
- Ação socio-caritativa. Esteve na
origem do Centro Católico de Operários de Oliveira do Douro de que foi
presidente da Assembleia Geral. E seu nome aparece entre os fundadores da
Associação do Salão Paroquial de Oliveira do Douro dedicada à juventude. Pobre,
distribuía o que podia pelos mais carenciados. No Natal, muitas pessoas
entregavam-lhe donativos para os pobres.
E
este padre que tanto bem semeou à sua volta, adoecera quando tinha sete anos e,
como confessa, “a saúde não mais voltou. Nem
eu sei o que seja um dia sem sofrimento físico. Todavia, eu bendigo a dor não
somente porque o Divino Mestre, a santificou, mas ainda porque, no padecimento
próprio, avalio melhor o alheio.”
Que
admirável lição de vida!... Em boa hora, seus amigos lhe consagraram o
monumento que iremos conhecer no próximo domingo.
(31/5/2017)
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