UMA FONTE PARA DOIS RIOS
O Boletim D. António Barroso, no seu último número, lembrou
as palavras que D. António Barroso apresentou no primeiro encontro da
“Associação dos Médicos Católicos”. A revista Vida Católica publicou-o, em
1915, com a seguinte justificação: “Notabilíssimo discurso proferido por DOM
ANTÓNIO BARROSO, Bispo do Porto, na inauguração do I Congresso dos Médicos
Católicos. A atualidade candente do assunto, a forma conceituosamente elevada
como o benemérito Prelado versa tão melindroso problema, numa síntese
extremamente luminosa, são, por de sobejo, motivo a acreditarmos que fazemos
obra grata aos nossos leitores, encastoando na Vida Católica a joia
literária que é a brilhante oração de S. Ex.ª Rev.ma”.
Nesse discurso, D. António começa
por afirmar: “É com o mais vivo júbilo que saúdo os ilustres e dedicados
médicos, hoje aqui reunidos em Congresso, em nome dos salutares princípios
católicos. O médico é um admirável benfeitor da humanidade, e no exercício da
sua nobre e difícil profissão, encontra-se não raro ao lado do padre, chamado
pela voz imperiosa do dever à cabeceira do enfermo, para aureolar a alma com a
luz bendita da graça e lhe incutir coragem e resignação nas aperturas do
sofrimento.”
De seguida, descreve, com fino
recorte literário, várias das manifestações que mostram o valor e a beleza da
vida: “Estremece na fibra da erva e no roble das florestas; palpita no inseto
que rasteja no prado e na águia que corta triunfantemente os ares; no peixe que
cruza o oceano e na fera que ruge nos bosques; tem ostentações de força no leão
e fulgurações surpreendentes no homem.”
E interroga: “Donde vem, pois, a
vida, tão admirável no seu movimento íntimo e em todos os seus fenómenos?”
Para responder, começa por
enunciar a resposta dos “adversários da crença tradicional” para quem a vida é
produto “das forças físicas e químicas”. Em contraponto, recorre às
experiências de Pasteur e à afirmação de Virchow no Congresso de Munique dos
naturistas alemães, em 1877: “A geração espontânea... não está provada de modo
algum... Duvidamos que ela possa ser aceite como patenteando a origem da vida”.
E conclui que “para explicar satisfatoriamente a vida é preciso recorrer a
Deus”. Em jeito de síntese, afirma: “Razão
e Fé são dois raios que partem do mesmo foco, dois rios que correm da mesma
fonte; esse foco, essa fonte é Deus, Deus scientiarum Dominus est”
E termina: “É em nome de Deus – Senhor de toda a luz e centro de toda a
verdade – que eu declaro aberto este prestigioso congresso dos médicos
católicos do meu país”.
A “Associação dos Médicos
Católicos” honra-se do seu ilustre patrono. Nós também e, no “Dia da Voz
Portucalense”, na igreja de Santo Ildefonso, vamos rezar pela declaração
oficial da sua santidade.
(4-5-2016)
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