A DOR É O SAL DA SABEDORIA
Em
complemento do texto “De pequenino…” e como prenda para o “Dia do Pai”,
apresento, com vénia, um resumo de algumas das 21 Receitas para pôr regras no
seu filho, do psicólogo Eduardo Sá.
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As crianças precisam de regras – coerentes, constantes e claras – sejam elas
trazidas pela mãe ou pelo pai.
-As
regras dos pais, ao pé das dos avós, têm sempre “voto de qualidade”. Que as
regras dos avós sejam açucaradas é bom, até porque fazem o contraditório a alguns
excessos dos pais.
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Todos os pais de coração grande têm (por isso mesmo) a cabeça quente. Exageram,
portanto, algumas vezes. Mesmo quando, duma forma ternurenta, mandam as
crianças de quarentena para o quarto para pensarem nas asneiras que fizeram…
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As regras não se explicam, não se negoceiam nem se justificam. Muito menos
constantemente. Explicação será exceção. A baliza de referência para todas as
regras serão os comportamentos dos pais: não é credível que os pais exijam
aquilo que eles próprios não façam regularmente.
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As regras exigem-se. Não se solicitam. Essa exigência deve fazer-se de forma
firme e serena.
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Às regras não se pode chegar depois muitas ameaças, admoestações ou avisos. E,
muito menos, com decibéis ou na companhia dum olhar assustador por parte dos
pais.
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Autoridade é um exercício de bondade. Exercê-la a medo é pedir desculpa por ser
bondoso.
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Depois duma criança ser avisada duas vezes, as regras dos pais têm de se cumprir.
Isto é, têm mesmo de ser levadas a efeito. Ora, se os pais avisam e não cumprem
… tudo fica confuso e inconsequente.
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Sempre que os pais se sentem muito magoados diante dum qualquer ato do filho,
estão proibidos de reagir num impulso.
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Atribuir-se a culpa dos atos duma criança ao outro dos pais ou aos avós, por
exemplo, é uma forma de fugir às responsabilidades.
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Diante das asneiras das crianças, vale pouco que os pais abusem nos castigos.
Se os castigos forem ocasionais e adequados à infração, nada se perde. Se forem
repetidos, são insensatos.
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Se os pais exercem a autoridade a medo, assustam. Pais assustados, tornam as
crianças assustadiças.
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Se os pais não se zangam mas amuam, estão a fazer duma família uma escola de
rancores. E isso torna os pais mais assustadores do que quando se esganiçam e
exageram.
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Por tudo isto, é claro que por trás duma criança difícil está um adulto em
dificuldades.
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A autoridade é um exercício de bondade. Aceita-se quando nos chega pela mão de
quem nos ama ou das pessoas que admiramos. Ninguém aprende sem alguma dor. Como
eu gosto de dizer, a dor é o sal da sabedoria”.
A
última receita, e, a seu modo, também as outras, trazem-me à ideia uma frase de
Luandino Vieira, em Papéis da Prisão:
“Talvez precise de sofrer mais, se é que já sofri alguma coisa, para ser mais
humano”.
(16/3/2016)
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