O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, março 16, 2016

A DOR É O SAL DA SABEDORIA



Em complemento do texto “De pequenino…” e como prenda para o “Dia do Pai”, apresento, com vénia, um resumo de algumas das 21 Receitas para pôr regras no seu filho, do psicólogo Eduardo Sá.

- As crianças precisam de regras – coerentes, constantes e claras – sejam elas trazidas pela mãe ou pelo pai.

-As regras dos pais, ao pé das dos avós, têm sempre “voto de qualidade”. Que as regras dos avós sejam açucaradas é bom, até porque fazem o contraditório a alguns excessos dos pais.

- Todos os pais de coração grande têm (por isso mesmo) a cabeça quente. Exageram, portanto, algumas vezes. Mesmo quando, duma forma ternurenta, mandam as crianças de quarentena para o quarto para pensarem nas asneiras que fizeram…

- As regras não se explicam, não se negoceiam nem se justificam. Muito menos constantemente. Explicação será exceção. A baliza de referência para todas as regras serão os comportamentos dos pais: não é credível que os pais exijam aquilo que eles próprios não façam regularmente.

- As regras exigem-se. Não se solicitam. Essa exigência deve fazer-se de forma firme e serena.

- Às regras não se pode chegar depois muitas ameaças, admoestações ou avisos. E, muito menos, com decibéis ou na companhia dum olhar assustador por parte dos pais.

- Autoridade é um exercício de bondade. Exercê-la a medo é pedir desculpa por ser bondoso.

- Depois duma criança ser avisada duas vezes, as regras dos pais têm de se cumprir. Isto é, têm mesmo de ser levadas a efeito. Ora, se os pais avisam e não cumprem … tudo fica confuso e inconsequente.

- Sempre que os pais se sentem muito magoados diante dum qualquer ato do filho, estão proibidos de reagir num impulso.

- Atribuir-se a culpa dos atos duma criança ao outro dos pais ou aos avós, por exemplo, é uma forma de fugir às responsabilidades.

- Diante das asneiras das crianças, vale pouco que os pais abusem nos castigos. Se os castigos forem ocasionais e adequados à infração, nada se perde. Se forem repetidos, são insensatos.

- Se os pais exercem a autoridade a medo, assustam. Pais assustados, tornam as crianças assustadiças.

- Se os pais não se zangam mas amuam, estão a fazer duma família uma escola de rancores. E isso torna os pais mais assustadores do que quando se esganiçam e exageram.

- Por tudo isto, é claro que por trás duma criança difícil está um adulto em dificuldades.

- A autoridade é um exercício de bondade. Aceita-se quando nos chega pela mão de quem nos ama ou das pessoas que admiramos. Ninguém aprende sem alguma dor. Como eu gosto de dizer, a dor é o sal da sabedoria”.


A última receita, e, a seu modo, também as outras, trazem-me à ideia uma frase de Luandino Vieira, em Papéis da Prisão: “Talvez precise de sofrer mais, se é que já sofri alguma coisa, para ser mais humano”.

(16/3/2016)