DE PEQUENINO...
Pitágoras, já
lá vão mais de dois mil e quinhentos anos, escrevia: “Educai as crianças e não
será preciso castigar os homens”.
Há cerca de cinquenta anos, num tribunal americano,
o juiz virou-se para a mãe dum jovem que acabava de condenar e disse-lhe: “Se a
senhora tivesse usado um chinelo quando ele era criança, talvez agora não o estivesse
aqui a chorar”.
Vem isto a propósito da entrevista (Visão nº 1196)
de Javier Urra que acaba de publicar O
Pequeno Ditador cresceu, na esteira de O
Pequeno Ditador. Confirma o que já dissera Ángel Peralbo, em O Adolescente Indomável: “Há pais
que vivem com vergonha, que se sentem mal e fracassados pelo que têm de
enfrentar”.
Javier Urra interessou-se pela educação quando “assistiu
a um momento que jamais esqueceu: um miúdo empurrou a mãe e deixou-a caída no
chão. Acabou a tropeçar nela. A mãe levantou a cabeça e perguntou-lhe: «Magoei-te?».
Pensei que aquilo era contra natura. Acabei a descobrir que, nestas
circunstâncias, sofre a mãe, sofre o filho, sofre a sociedade, e é um sintoma
de que algo vai mal”.
Na entrevista, contrapõe: “Antigamente, ser filho
significava agradecer aos pais a vida que lhe tinham dado. Hoje, vemos
adolescentes a dizer aos pais, ou pior, à mãe: «Foste tu que me pariste, agora
aguenta-me. Eu não te pedi para nascer» ”.
Os graves problemas dos adolescentes “começaram quando
tinham 4,5 ou 6 anos. E os pais dizem que não conseguem lidar com eles. E se
sentem dificuldades nessas idades, mais tarde então, nem imaginam. Vivem embrulhados
em pequenas coisas. «Ai, como lhe digo que não? Ai, como vai ser? E se o
traumatizo?» Vivem com demasiados medos”. Não querendo parecer antiquados, “decidem
que os filhos podem ter toda a liberdade, ao mesmo tempo que os superprotegem,
não lhes impondo limites. Não são capazes de lhes dizer que não, receiam que
sintam qualquer frustração, meteram na cabeça que a forma como foram educados
já não serve. Se calhar era a melhor”.
Deixa alguns conselhos: “Temos de educar para a
autonomia com responsabilidade. Fazê-los ajudar e doar do seu a quem não tem,
ensiná-los a ser altruístas. E dar valor ao que têm. O mundo não é como o
vemos, o mundo somos nós e os outros todos em volta.Temos de educar as crianças
para o otimismo mas também para que sejam resilientes, para que saibam que
quando algo corre mal podem sempre dar a volta”.
Em síntese: Nem medos nem complexos de culpa. O que
se pede aos pais é coerência, bom senso, capacidade de amar e sancionar com
equilíbrio e oportunidade. A criança não pode pagar pelas más disposições dos
pais. O castigo deve surgir sempre como um gesto de amor dorido e não de
descontrolo emocional. Clareza sem tibiezas
nem ziguezagues. Já Jesus dizia “ Seja o vosso falar: Sim, sim; Não, não (Mt, 5,37).
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