MEMORIAL DE AFETOS
“O homem nobre é apenas um homem que
abriu o seu coração à Sabedoria” (Susanna Tamaro)
Lembrei esta afirmação ao ler o livro
“Reverendo Padre Remígio Alves de Freitas – Memoriale” (VP,
23/12/2015).
D. Manuel Martins, seu aluno no
seminário de Trancoso, testemunha: “O Padre Remígio marcou-nos
pela sua simplicidade quase a cheirar a pobreza e desprendimento”.
Também D. Armindo, ao falar dele, acrescentava: “Foi meu
professor”.
Se deixou marcas nos oito anos que lecionou no
seminário, quão profundas não serão as que o perpetuam em Gemunde
onde paroquiou mais de cinquenta...
A autora, “alguém que o
conhece desde menina da Comunhão Solene”, quis “evocar
tão importante vulto que, pelo seu carisma, personalidade ímpar de
enorme bondade, dedicação e amor, marcou positiva e indelevelmente
sucessivas gerações”. Revisitou a sua memória que enriqueceu com
documentos, fotografias e testemunhos.
Nesta sinfonia “colectiva”
de gratidão, quatro andamentos me prenderam a atenção. Ouçamos...
* Um Pastor que
conhece e “cheira às ovelhas”, como quer o papa Francisco.
-
“Homem de muita sabedoria e de uma humildade enorme, com um
conhecimento profundo da vida, com muito afecto pelas crianças e
pelos mais desprotegidos, sempre com uma palavra de consolo para dar
e sem algum interesse pelos bens materiais”.
- “Foi um verdadeiro
pai, no início austero, exigente e disciplinador e, no fim, um
verdadeiro avô, dócil, tolerante, ouvindo e aconselhando com muita
ternura e enorme paciência.”
- “Para que ninguém ficasse sem
missa durante a semana, ele adaptava o horário à vida de trabalho”.
- “Ao explicar a homilia aos domingo, fazia-o com um enquadramento
nas vivências do momento. Para além disso, diferenciava o seu
vocabulário em função da população que tinha na sua frente.”
-
“Estava sempre disponível para nos ouvir e aconselhar e fazia-o de
forma adequada e precisa porque nos conhecia muito bem”.
* Um Cristão
modesto e desprendido.
- “Não tinha vaidade, era simples e
despojado de quase tudo. Nunca senti no nosso padre a vontade de ter
algo mais do que o que era estritamente necessário para a sua
sobrevivência.“
- “A bicicleta foi o seu único meio de
transporte pessoal mais evoluído. … Vaidade não constava do seu
léxico”.
* Um Homem de
grande cultura:
- “Mas o que mais me espantou foi a sua enorme
erudição, aliada à sua extrema simplicidade e clareza. Não tinha
pretensões nem fazia alarde do seu saber.”
* Um lema de vida
-
“ Diz na sua lápide onde jaz Faz da tua vida uma caminhada para
o Céu. Mais do que homenagens, importa recordá-lo e aprender
dele essa lição: Faz da tua vida uma caminhada para o Céu”.
“Figuras como esta não podemos
deixar morrer”, escreveu D. Manuel Martins.
Gemunde está de parabéns. A gratidão
dá sentido e perfume à vida.
(13/1/2016)
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