O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, outubro 21, 2015

UMA JUSTA HOMENAGEM



No dia 19 de setembro, a Casa da Música prestou mais um serviço à cidade ao acolher a “Gala do 10º Aniversário” da Banda Sinfónica Portuguesa (BSP). A festa iniciou-se na escadaria sul com o “Concentus Trumpet Ensemble”, um grupo de trompetes nascido na ESMAE. Já na Sala Suggia, a Banda Sinfónica começou por interpretar a composição com que, no Rivoli, fez a sua primeira apresentação, uma obra que Aaron Copland escreveu para “homens normais”. A preocupação de dignificar as “bandas musicais” está na origem do nome da Banda Sinfónica Portuguesa. Este objetivo, no dizer do presidente da Direção, Pedro Silva, e do maestro, Francisco Ferreira, tem obrigado a um árduo e assumido trabalho ao longo dos anos, recompensado pelos êxitos que tem alcançado, com destaque para o 1º prémio no II Concurso Internacional de Bandas de La Sénia na Catalunha (2008); o 1º prémio na categoria superior do World Contest na Holanda, (2011) com a mais alta classificação jamais atribuída nas 60 edições daquele que é considerado o “campeonato do mundo de bandas”. Essa qualidade está na origem dos muitos convites que tem recebido para encontros internacionais que culminaram na sua primeira tournée intercontinental pela China, com cinco concertos em março de 2014.
 Desde 2007, a BSP é convidada a apresentar-se regularmente na Casa da Música que a considera como um “parceiro privilegiado”. 
No vídeo que entremeava as diversas interpretações musicais, foram muitos os maestros e compositores de renome mundial que exaltavam o valor artístico desta Banda. 
As bem conhecidas “Vozes da Rádio”, que reapareceram nesta festa, e Sérgio Carolino, um dos tubistas mais aclamados do Mundo, abrilhantaram a Gala comemorativa. 
Entre a assistência que enchia por completo a sala, sensibilizou-me a presença discreta mas muito significativa da Igreja na pessoa do Cónego Ferreira dos Santos que, no final, foi dos primeiros a levantar-se para aplaudir. Os seus aplausos foram para a riqueza do espetáculo e para a excelência da “Banda Sinfónica” mas, certamente, também para as muitas “bandas” que cada vez mais se aprimoram por levar boa música às romarias, com muitos jovens saídos das escolas de música. Enquanto ouvia o concerto, dei por mim a evocar a “Festa do Menino” dos meus tempos de criança quando seguia embebecido a “Banda Musical de S. Martinho - Campo” dirigida pelo “Mestre Teixeira” . Ainda hoje me surpreendo ao pensar como daquelas mãos duras (muitos dos músicos trabalhavam nas pedreiras de ardósia) saía tanta doçura e beleza. Mãos calejadas no inferno das minas que nos elevavam às delícias do céu.
 Para a BSP, formada por jovens instrumentistas portugueses, uma merecida homenagem. Para as bandas que enriquecem as nossas aldeias, a minha homenagem.

(21/10/2015)