A FRENTE ATLÂNTICA
No início deste mês, realizou-se o
“primeiro grande projeto desportivo internacional da Frente
Atlântica do Porto” (JN,4/7)
Longe vão os tempos em que Porto, Gaia
e Matosinhos viviam de costas voltadas. Apesar do bairrismo das suas
gentes, formam um todo que convém harmonizar na busca duma
complementaridade que a todos enriquece. Se no Porto se privilegia o
carisma e o património e em Gaia as caves e a frente marítima que
se estende até Espinho, já Matosinhos faz-nos lembrar a Ode
Marítima, de Pessoa “Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!"
“Não venham vender-nos praias que
isso não nos falta, ofereçam-nos história que é o que não
temos”, dizia um americano, ao ver um cartaz do Algarve, em Nova
Iorque. E história não falta ao Porto. Começou por chamar-se
“Cale”- rochedo/pena/penha,
na raiz indo-europeia -, no cimo do monte da Penaventosa
e deu nome aos Calaicos, o povo que, então, vivia a norte do rio
Douro. Vieram os Romanos e estenderam a Calécia até ao mar
Cantábrico. Daí nasceu a Galiza. E, porque, se situava na
confluência do rio Douro com a estrada de Olisipo para Bracara,
chamaram-lhe “Portucale”, nome que, séculos mais tarde, está na
origem de Portugal”. No século XII, com o bispo D. Hugo, fez-se
“cidade episcopal” e esteve na Conquista de Lisboa, em 1147, com
o bispo D. Pedro Pitões e os Cruzados; na crise de 1383/85, apoiou o
Mestre de Avis; esteve na Conquista de Ceuta em 1415, com a armada do
Infante D. Henrique; lutou contra o domínio filipino no “Motim das
Maçarocas” e contra o absolutismo do Marquês de Pombal na
“Revolta dos Taberneiros”; sofreu e expulsou os franceses da 2ª
invasão em 1809; com a revolução liberal de 1820, lançou as bases
da Monarquia Constitucional; combateu pela liberdade ao lado de D.
Pedro no Cerco do Porto; em 31 de janeiro de 1891, gritou na rua
contra o Ultimato Inglês e clamou pela República; resistiu à sanha
maçónica e carbonária na 1ª República, com D. António Barroso;
não se vergou ao “Estado Novo” com D. António Ferreira Gomes.
Com Pires
Veloso, o "vice-rei do Norte", opôs-se
aos desvios do pós 25 de Abril.
Percorrer as ruas do Porto é dedilhar
um livro de história. Mas, para apreciar a encadernação, tem de se
passar para Gaia e extasiar-se com a cascata burguesa que, do alto da
Sé, se debruça sobre o Douro. Em rito de celebração, há que
entrar nas caves para degustar o néctar que levou o nome do Porto a
todo o Mundo e descansar nas praias de areia dourada.
E para terminar em beleza, só falta
saborear o peixe em Matosinhos e admirar o novo terminal de cruzeiros
de Leixões. .
Uma sugestão para este verão: visitar
o Museu da Misericórdia do Porto, na rua das Flores, um sonho com
mais de 120 anos que acaba de ser realizado.
(
29/7/2015)
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