O Pequeno Pastor
As andorinhas enchem
os beirais,
já se ouve o cuco nas serras,
já se ouve o cuco nas serras,
A flor do linho
borda a azul
As agras da
beira-rio,
E, nas leivas,
debicam boieiras.
O pequeno pastor,
no monte,
sozinho,
vigia o gado que retouça
vigia o gado que retouça
a erva fresca das
cavadas.
E descobre um ninho de gaio
lá bem no alto dos pinheiros.
Um zumbido rodopia,
E descobre um ninho de gaio
lá bem no alto dos pinheiros.
Um zumbido rodopia,
nas flores mourejam
abelhas.
Numa ramada, verdejam videiras
onde carriças escondem o ninho.
Um chasco, cor de cinza,
Numa ramada, verdejam videiras
onde carriças escondem o ninho.
Um chasco, cor de cinza,
disfarça os ovos
em touça de
carqueja.
Tudo floresce. É primavera.
Os bois não
abocanham
o tojo que esconde espinhos
no amarelo queimado das flores.
Borboletas esvoaçam suaves
Em lampejos de luz e cor.
o tojo que esconde espinhos
no amarelo queimado das flores.
Borboletas esvoaçam suaves
Em lampejos de luz e cor.
Os estorninhos
riscam o céu
Com o negro das
asas.
Num sobreiro, duas
pegas esvoaçam
Em augúrio de boa
sorte.
E num carvalho, o pica-pau marca o ritmo
duma sinfonia sem partitura.
Tojos, giestas, carquejas matizam amarelos
com o violeta da queiró
que papoilas salpicam de sangue
e estevas debruam de brancura.
E num carvalho, o pica-pau marca o ritmo
duma sinfonia sem partitura.
Tojos, giestas, carquejas matizam amarelos
com o violeta da queiró
que papoilas salpicam de sangue
e estevas debruam de brancura.
E o pequeno pastor,
de alma enamorada,
canta:
“A primavera
tem lindas flores,
todas diferentes
nenhumas iguais
A primavera vai e
volta sempre,
a mocidade vai e
não volta mais”.
Contempla… admira… Sonha…
E esquece as ovelhas que esgaçam
Contempla… admira… Sonha…
E esquece as ovelhas que esgaçam
os rebentos tenros
das videiras.
- Ai, que desgraça!...
- Ai, que desgraça!...
Corre, gesticula,
grita.
E as ovelhas
saboreiam
o petisco da
transgressão…
É tempo do regresso.
É tempo do regresso.
Dolentes, já
bateram as “trindades”
Na capela de
Terronhas
e o sol escondeu-se
na serra da Pia.
Amanhã outro dia
virá….”
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home