O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, outubro 14, 2015

QUEM MEUS FILHOS BEIJA...


Se pedisse aos meus leitores para completarem o título desta crónica, todos acertariam. E se pedisse para reescreverem esta máxima da sabedoria popular, substituindo a palavra filhos, certamente que muitos escreveriam: “Quem meus pais beija minha boca adoça”. Foi o que me aconteceu no passado dia 1, ao ler, no JN, o texto “Habemos Papam” de Eduardo Paz Ferreira, advogado e docente universitário que acaba de publicar o livro “Encostados à parede – Crónicas de novos anos de chumbo”.
Fez-me muito bem saborear esta mensagem. Por isso, decidi, com vénia, fazer-me sua caixa de ressonância. O articulista avalia a significação ético- política da última viagem do Santo Padre. Começa por confessar que “ As palavras de Sua santidade o Papa Francisco, no Congresso dos Estados Unidos, continuam a ecoar na minha cabeça e no meu coração e, muito particularmente, o momento em que explicou que um bom líder político é o que , atento ao interesse de todos, aproveita o momento com um espírito de abertura e pragmatismo. E acrescenta: “Da sua passagem pelo Congresso ficam, como imagens marcantes, as lágrimas de políticos com dureza, (…) Mas sobretudo de John Lewis, um dos últimos ativistas da luta pelos direitos civis, ao ouvir o Papa recordar Martin Luther King que conduziu a sua marcha como parte da campanha para alcançar o sonho de igualdade de direitos civis e políticos para os afro-americanos, afirmando que aquele sonho continua a inspirar-nos a todos, para concluir que são sonhos que despertam para o que é mais fundo e verdadeiro na vida de um povo.”
Formula um juízo de valor: “Misturando razão e emoção como ninguém, o Papa mostrou durante a viagem a Cuba e aos Estados Unidos a grandeza do seu pensamento e a bondade da sua ação, prosseguindo o caminho que assumiu desde a entronização”. Depois de realçar a sua passagem pelas Nações Unidas que considerou como “um momento de enorme elevação”, dá ênfase ao seu alerta no encontro das famílias em Filadélfia: Um povo que não sabe tratar das crianças e dos avós é um povo sem futuro, porque não tem a força nem a memória que o faça avançar”.
Em jeito de síntese, conclui “O seu projeto, sempre paciente e corajosamente repetido, é o de uma sociedade mais justa, mais fraterna, sem exclusões e preocupada com o legado para o futuro”. Afirma ainda que a forma ritual do Habemus Papam “foi-se tornando numa frase reconfortante para todos os que sentem que o Papa Francisco é um farol orientador e um porto de abrigo, como não encontram outro num Mundo de onde desapareceram os grandes líderes.” E termina com um voto.: “Que as suas palavras e ação nos inspirem sempre.”
Amigo leitor, diga lá se não sentiu o mesmo que eu... Felicito o autor desta crónica e o JN que a publicou.

(13/10/2015)