UMA NUVEM PROTETORA
Há
dias, leitora amiga enviou-me um email que dizia: “Hoje, gostaria
de perguntar-lhe qual o significado desta estranha sensação de bem
estar, paz interior, de alegria quando falo ou penso no “Francisco”.
Sempre rezei com ele e por ele aquando do seu longo calvário. Depois
que ressuscitou, continuo a rezar lembrando-o. Continuo a falar com
ele. Acredito na comunicação dos santos. Parece que me protege”.
Este
testemunho trouxe-me à mente as palavras do papa Francisco, em 30 de
outubro de 2013 na Praça de S. Pedro: “
A comunhão dos santos vai além da vida terrena, vai além da morte
e dura para sempre. Esta união entre nós vai além e continua na
outra vida; é uma união espiritual que nasce do Batismo e não vem
separada da morte, mas, graças a Cristo ressuscitado, é destinada a
encontrar a sua plenitude na vida eterna. Há um vínculo profundo e
indissolúvel entre quantos são ainda peregrinos neste mundo –
entre nós – e aqueles que atravessaram o limiar da morte para
entrar na eternidade. Todos os batizados aqui na terra, as almas do
Purgatório e todos os beatos que estão já no Paraíso formam uma
só grande família. (…) Temos esta beleza! É uma realidade nossa,
de todos, que nos faz irmãos, que nos acompanha no caminho da vida e
nos faz encontrar-nos de novo no céu. Sigamos por este caminho com
confiança, com alegria. Um cristão deve ser alegre, com a alegria
de ter tantos irmãos batizados que caminham com ele; apoiado pela
ajuda dos irmãos e das irmãs que fazem esta estrada para ir para o
céu; e também com a ajuda dos irmãos e das irmãs que estão no
céu e rezam a Jesus por nós. Avante por este caminho com alegria!”
Razão
tinha aquele casal que neste verão, ao passar por Fátima, se
demorou na “Capela das Aparições”, num longo silêncio. Quando
regressavam ao carro, sentaram-se à sombra duma árvore e
partilharam o sentido da oração silenciosa. Ambos tinham dado
graças pelo dom da vida, pelos filhos e netos, pelos amigos. E
enquanto isto faziam, os olhos começaram a humedecer-se. Havia uma
sombra no seu pensamento: quem muito amavam já havia partido para a
eternidade. Fizeram silêncio, olharam o céu. Uma pequena nuvem
começava a encobrir o sol que escaldava. E concluíram que há
nuvens que escurecem e nuvens que protegem. Nuvens aterrorizadoras e
nuvens benfazejas. “Acreditamos na “Comunhão dos Santos” e
damos graças a Deus pela nuvem protetora que temos no Céu.”
Entreolharam-se. Evocaram os versos de Ferreira de Brito: ” Mesmo
que tenhamos vontade infinita de chorar/ Ergamos as mãos e vamos
rezar...”.
E de Santo Agostinho: “Rezem,
sorriam, pensem em mim./ Eu não estou longe,/ Apenas estou /do
outro lado do Caminho.../ A vida continua, linda e bela.”
Mas
nem sempre a Fé consegue silenciar as lágrimas que humedecem o
coração.
( 16/9/2015)
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