O HOMEM DAS HORAS DIFÍCEIS
No dia 6 de setembro, a Liga dos Amigos
de D. António Barroso promoveu mais uma romagem ao túmulo deste
missionário que foi Bispo do Porto.
Quando pelas 11 horas depositaram uma
coroa de flores junto do seu túmulo, os romeiros, com a roupa
encharcada de suor, tinham percorrido, por caminhos acidentados e com
sol abrasador, o percurso do cortejo fúnebre que, no dia 5 de
setembro de 1918, transportou os restos mortais de D. António desde
Barcelos até Remelhe. A romagem, iniciada na igreja do Senhor Bom
Jesus da Cruz, culminou com a Eucaristia presidida pelo atual pároco
e concelebrada pelos padres António Júlio Limpo Trigueiros, SJ,
natural de Remelhe e investigador da vida de D. António Barroso, e
Manuel Jerónimo Nunes, Vigário Geral da Sociedade Missionária da
Boa Nova. Na homilia, este missionário começou por realçar a
palavra de Isaías no cativeiro da Babilónia: “ Tende coragem, não
temais”. Situou o Evangelho na viagem que Jesus, repudiado pelos
conterrâneos, fez pelo território pagão da Decápole onde foi bem
acolhido. E lembrou S. Tiago para quem Deus não faz aceção de
pessoas. E continuou. D. António Barroso, homem das horas difíceis
e sem medo, é um exemplo para os nossos dias. Foi o primeiro, por
entre perigos e doenças, a missionar o abandonado Reino do Congo, no
norte de Angola. Sagrado Bispo, quis estender ao interior de
Moçambique as missões que se limitavam à faixa costeira. Percorreu
todo o território mas não teve tempo de realizar o seu plano
missionário que foi incrementado 24 anos mais tarde. No Porto,
enfrentou os poderes da República que queria erradicar o
cristianismo da Pátria portuguesa e afirmou a independência da
Igreja e a sua luta pela liberdade. Também nós vivemos tempos
difíceis. A Europa do deus-dinheiro faliu, foi a crise dos
banqueiros. Nós somos os surdos-mudos de que fala o Evangelho de
hoje. Temos de abrir os ouvidos e o coração ou serão os que agora
chegam à Europa, cristãos, muçulmanos e outros, que nos farão
acordar. E terminou fazendo votos para que a comunidade local,
honrando a memória de D. António Barroso, organize uma equipa
sócio-caritativa que atenda os mais pobres e acolha os irmãos que,
fugindo à fome e à guerra, nos irão bater à porta.
No final de Eucaristia, Amadeu Araújo,
vice-postulador da causa de D. António Barroso, agradeceu a presença
dos familiares de D. António, dos representantes da Câmara de
Barcelos, Junta de Remelhe, Bombeiros de Barcelos e Barcelinhos, e
realçou o empenho do bispo do Porto, D. António Francisco, que, na
semana seguinte, durante a Visita ad limina,
iria falar pessoalmente com o Santo Padre sobre o processo de
beatificação de D. António Barroso.
Deixo o pedido de
uma oração para que o “bispo dos pobres” seja beatificado antes
do primeiro centenário da sua morte que ocorrerá em 31 de agosto de
2018.
(23/9/2015)
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