UM PADRE DO VATICANO II
No passado dia 3, nas exéquias do P.
Leonel, D. António realçou o seu amor à palavra de Deus e a sua
dedicação aos pobres. No dia seguinte, a VP transcrevia um
testemunho: “Mais que um humanista cristão, Leonel Oliveira foi um
cristão humaníssimo”. Desde os tempos do Padrão da Légua sempre
o vi como um “Padre do Vaticano II” ao serviço duma “igreja em
saída” para as “periferias existenciais”. Em sua homenagem,
vou falar, não dele, mas da capela de Fradelos onde se centralizou a
sua última atividade pastoral.
Dedicada a Nossa Senhora da Boa Hora,
foi construída no início do século XIX, num “terreno
delimitado pelas ruas de Santa Catarina, Fernandes Tomás, Bonjardim
e Alto da Fontinha e atravessado pelo Rio Fradelos que
desaguava no Rio da Vila. Neste terreno, existia uma fonte pública
denominada Fonte
de Fradelos,
cujo frontispício ostentava uma imagem de Nossa Senhora da Boa
Hora”. Era
então uma zona rural perto da estrada medieval, atual rua do
Bonjardim, que ligava o Porto a Guimarães.
Rebocada e caiada de
branco, quis o P. Matos Soares, já no século XX, revesti-la com
azulejos alusivos a Santa Teresinha.
Para
além do altar-mor e do teto de estuque decorado, merecem especial
atenção os azulejos de Jorge Colaço , inspirados no livro
“História de uma Alma” de Santa Teresa de Lisieux. “O 1.º
painel mostra o diálogo de Teresa com o pai Luís ( recentemente
canonizado com sua esposa Maria Zélie, no Dia das Missões e em
pleno Sínodo dos Bispos) onde lhe revela a intenção de ingressar
no Carmelo. 2.º – Ao lado do pai e do bispo vestida de branco de
vela na mão. 3.º – Integra uma procissão que evoca o dia da
tomada do hábito (1889). 4.º e 5.º – Toda a vida professou uma
devoção particular ao Menino Jesus. No 6.º, sentada no banco de
jardim do convento. 7.º – Ajuda uma irmã. 8.º – Prepara os
vasos para a celebração da Eucaristia. Por último, Teresa no leito
da morte”. Na capela mor, do lado do Evangelho, “no alto, a
Padroeira, a medianeira de todas as graças, a rainha das missões;
em baixo, Santa Teresinha, com o atributo da grinalda de rosas.
Co-padroeira das missões com São Francisco Xavier que aparece a seu
lado. Acompanha-os um povo aventureiro e evangelizador, representado
pelo Infante D. Henrique, e São Nuno de Santa Maria. Do outro lado,
uma imagem emblemática que simboliza o ideal supremo de Santa
Teresinha: “Viver de amor... é considerar a cruz como um
tesouro”(Cf. Desdobrável da capela).
No
ano em que se celebram os 500 anos do nascimento de Santa Teresa de
Ávila e em que os pais de Santa Teresinha foram canonizados, que
melhor ambiente para um oração que este sítio onde ainda se
respira o silêncio dos seus tempos rurais? Que melhor local para
rezar e recordar o P. Leonel?
( 11-11-2015)
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