O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, novembro 11, 2015

UM PADRE DO VATICANO II


No passado dia 3, nas exéquias do P. Leonel, D. António realçou o seu amor à palavra de Deus e a sua dedicação aos pobres. No dia seguinte, a VP transcrevia um testemunho: “Mais que um humanista cristão, Leonel Oliveira foi um cristão humaníssimo”. Desde os tempos do Padrão da Légua sempre o vi como um “Padre do Vaticano II” ao serviço duma “igreja em saída” para as “periferias existenciais”. Em sua homenagem, vou falar, não dele, mas da capela de Fradelos onde se centralizou a sua última atividade pastoral.
Dedicada a Nossa Senhora da Boa Hora, foi construída no início do século XIX, num “terreno delimitado pelas ruas de Santa Catarina, Fernandes Tomás, Bonjardim e Alto da Fontinha e atravessado pelo Rio Fradelos que desaguava no Rio da Vila. Neste terreno, existia uma fonte pública denominada Fonte de Fradelos, cujo frontispício ostentava uma imagem de Nossa Senhora da Boa Hora”. Era então uma zona rural perto da estrada medieval, atual rua do Bonjardim, que ligava o Porto a Guimarães. 
 Rebocada e caiada de branco, quis o P. Matos Soares, já no século XX, revesti-la com azulejos alusivos a Santa Teresinha.
Para além do altar-mor e do teto de estuque decorado, merecem especial atenção os azulejos de Jorge Colaço , inspirados no livro “História de uma Alma” de Santa Teresa de Lisieux. “O 1.º painel mostra o diálogo de Teresa com o pai Luís ( recentemente canonizado com sua esposa Maria Zélie, no Dia das Missões e em pleno Sínodo dos Bispos) onde lhe revela a intenção de ingressar no Carmelo. 2.º – Ao lado do pai e do bispo vestida de branco de vela na mão. 3.º – Integra uma procissão que evoca o dia da tomada do hábito (1889). 4.º e 5.º – Toda a vida professou uma devoção particular ao Menino Jesus. No 6.º, sentada no banco de jardim do convento. 7.º – Ajuda uma irmã. 8.º – Prepara os vasos para a celebração da Eucaristia. Por último, Teresa no leito da morte”. Na capela mor, do lado do Evangelho, “no alto, a Padroeira, a medianeira de todas as graças, a rainha das missões; em baixo, Santa Teresinha, com o atributo da grinalda de rosas. Co-padroeira das missões com São Francisco Xavier que aparece a seu lado. Acompanha-os um povo aventureiro e evangelizador, representado pelo Infante D. Henrique, e São Nuno de Santa Maria. Do outro lado, uma imagem emblemática que simboliza o ideal supremo de Santa Teresinha: “Viver de amor... é considerar a cruz como um tesouro”(Cf. Desdobrável da capela).
No ano em que se celebram os 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Ávila e em que os pais de Santa Teresinha foram canonizados, que melhor ambiente para um oração que este sítio onde ainda se respira o silêncio dos seus tempos rurais? Que melhor local para rezar e recordar o P. Leonel?

( 11-11-2015)