Um bispo sábio e santo
Foi assim que o Dr. Domingos Pinho
Brandão sintetizou, aos microfones da Rádio Renascença (24/3/1952), o seu
pensamento sobre D. Agostinho de Jesus e Sousa, o bispo que me admitiu no
seminário. Grata e esbatida memória que sabe bem avivar no 64º aniversário da
sua morte.
Faleceu na Torre da Marca a 21 de
fevereiro de 1952. O suplemento de A Voz do Pastor de 23 de
fevereiro escrevia: “Desaparece um dos maiores prelados portugueses de todos os
tempos, verdadeiro ornamento do nosso episcopado, espírito brilhante duma
erudição vasta e profunda, verdadeira alma de apóstolo que dedicou toda a sua
vida ao serviço de Deus e das almas.”
Nasceu a 7 de Março de 1877, em Vila
Pouca de Aguiar. Frequentou o Liceu de Vila Real e completou os preparatórios
no Seminário de Guimarães. Estudou na Universidade Gregoriana, de Roma, como
interno do Colégio Caprânica e depois do Colégio Português, onde se formou em
Filosofia e Teologia. Em 1903, foi nomeado professor do Seminário de Braga e,
em 1918, cónego da Sé. Colaborou em várias revistas de cultura religiosa. Com o
Arcebispo de Braga elaborou as “Constituições da Arquidiocese ”. Foi nomeado
bispo coadjutor de Lamego, em 2/8/ 1921, e titular, em 12/7/1935, tendo
visitado todas as paróquias da diocese. A Santa Sé nomeou-o Visitador
Apostólico dos seminários portugueses. Prestou notável contributo à redação dos
textos do Concílio Plenário Português. Em 16 de maio de 1942, foi nomeado bispo
do Porto, por, diz-se, interferência pessoal de Pio XII que tinha sido seu
colega no Colégio Caprânica.
“Durante o seu episcopado viveram-se na
diocese horas altas de intenso fervor religioso”, tais como: Congresso Nacional
do Apostolado da Oração; Congresso Catequístico diocesano e a Semana Social; três
congressos concelhios. Publicou dezenas de Pastorais e Exortações Pastorais.
Restaurou o Seminário Maior do Porto, projetou e iniciou os trabalhos
preparatórios para a construção dum grande seminário menor na Quinta da Formiga
em Ermesinde. Em 8 de dezembro de 1947, Pio XII elevou-o à dignidade de
Assistente ao Sólio Pontifício. Nos últimos anos de vida, respondia, na revista
Lumen, às questões que lhe eram
endereçadas.
Deixo-vos com as palavras do Dr. Brandão
que, bem novo, me habituei a respeitar: “Era sábio mas sem ostentação, sem
vaidade e sem orgulho. Tinha realmente a intransigência da Igreja que nada
receia na defesa da verdade, mas, como a Igreja, o Sr. D. Agostinho sabia
perdoar. Obedeceu a esta grande paixão: Amar e servir a Igreja. Trabalhou sempre
por seu amor. E a Igreja em Portugal ficou a dever-lhe muito”.
A cidade do Porto
lembra-o numa placa que diz: “Rua D. Agostinho de Jesus e Sousa 1877-1952 Bispo
do Porto”. Quem a conhece? Dão-se alvíssaras...
(17-2-2016)
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