O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, fevereiro 17, 2016

Um bispo sábio e santo



Foi assim que o Dr. Domingos Pinho Brandão sintetizou, aos microfones da Rádio Renascença (24/3/1952), o seu pensamento sobre D. Agostinho de Jesus e Sousa, o bispo que me admitiu no seminário. Grata e esbatida memória que sabe bem avivar no 64º aniversário da sua morte.

Faleceu na Torre da Marca a 21 de fevereiro de 1952. O suplemento de A Voz do Pastor de 23 de fevereiro escrevia: “Desaparece um dos maiores prelados portugueses de todos os tempos, verdadeiro ornamento do nosso episcopado, espírito brilhante duma erudição vasta e profunda, verdadeira alma de apóstolo que dedicou toda a sua vida ao serviço de Deus e das almas.”

Nasceu a 7 de Março de 1877, em Vila Pouca de Aguiar. Frequentou o Liceu de Vila Real e completou os preparatórios no Seminário de Guimarães. Estudou na Universidade Gregoriana, de Roma, como interno do Colégio Caprânica e depois do Colégio Português, onde se formou em Filosofia e Teologia. Em 1903, foi nomeado professor do Seminário de Braga e, em 1918, cónego da Sé. Colaborou em várias revistas de cultura religiosa. Com o Arcebispo de Braga elaborou as “Constituições da Arquidiocese ”. Foi nomeado bispo coadjutor de Lamego, em 2/8/ 1921, e titular, em 12/7/1935, tendo visitado todas as paróquias da diocese. A Santa Sé nomeou-o Visitador Apostólico dos seminários portugueses. Prestou notável contributo à redação dos textos do Concílio Plenário Português. Em 16 de maio de 1942, foi nomeado bispo do Porto, por, diz-se, interferência pessoal de Pio XII que tinha sido seu colega no Colégio Caprânica.

“Durante o seu episcopado viveram-se na diocese horas altas de intenso fervor religioso”, tais como: Congresso Nacional do Apostolado da Oração; Congresso Catequístico diocesano e a Semana Social; três congressos concelhios. Publicou dezenas de Pastorais e Exortações Pastorais. Restaurou o Seminário Maior do Porto, projetou e iniciou os trabalhos preparatórios para a construção dum grande seminário menor na Quinta da Formiga em Ermesinde. Em 8 de dezembro de 1947, Pio XII elevou-o à dignidade de Assistente ao Sólio Pontifício. Nos últimos anos de vida, respondia, na revista Lumen, às questões que lhe eram endereçadas.

Deixo-vos com as palavras do Dr. Brandão que, bem novo, me habituei a respeitar: “Era sábio mas sem ostentação, sem vaidade e sem orgulho. Tinha realmente a intransigência da Igreja que nada receia na defesa da verdade, mas, como a Igreja, o Sr. D. Agostinho sabia perdoar. Obedeceu a esta grande paixão: Amar e servir a Igreja. Trabalhou sempre por seu amor. E a Igreja em Portugal ficou a dever-lhe muito”.

A cidade do Porto lembra-o numa placa que diz: “Rua D. Agostinho de Jesus e Sousa 1877-1952 Bispo do Porto”. Quem a conhece?  Dão-se alvíssaras...

(17-2-2016)