AINDA HOJE OS OLHOS SE ALAGAM...
O P. José Carlos, de S. Mateus do Pico, quando passava
na Voz Portucalense, sempre elogiava D. António de Castro Meireles que foi seu
bispo nos Açores. Jamais esqueci a emoção com que dizia“ Ainda hoje os olhos se
alagam quando o lembramos”. Porquê esta afeição? A resposta deu-ma o Cónego
Correia Pinto num texto de A Voz do
Pastor onde realça a sua eloquência - e ele sabia do que falava: “Foi um
dos maiores oradores do seu tempo. Foi também o mais eloquente de todos os
bispos do Porto”. E, acima de tudo, a sua bondade:
“Era naturalmente bom. Tinha a voz doce, a palavra amiga, o trato insinuante.
Uma ordem dada por ele era pautada por tanta amabilidade que chegava a revestir
o aspecto dum pedido discreto e atencioso. As suas indignações, em caso
excepcionalmente graves, resolviam-se quasi sempre em gestos paternais de
brandura e piedade. Era profundamente bom.”
Nasceu em Boim, Lousada, em 13 de Agosto de 1885.
Frequentou o Seminário do Porto. Em 1908, começou a estudar, simultaneamente,
Teologia e Direito na Universidade de Coimbra. Em 1912, montou banca de
advogado no Porto e assumiu a direção do Colégio de Ermesinde. Em 1915, foi
eleito para o Parlamento pelo Círculo Católico e, em 1920, nomeado professor de
Seminário Maior do Porto. Em 1924, foi designado bispo de Angra do Heroísmo e
em 1928, bispo coadjutor do Porto, passando a titular em 1929. Da sua intensa
atividade, A Voz do Pastor destacava
a preocupação pelas residências paroquiais, tendo visitado todas as paróquias;
o interesse pelas obras de caridade; a grande dedicação pela juventude e pelas
crianças. Em Gaia, na quinta de Trancoso, fundou um seminário menor, um
externato (atual Colégio de Gaia), uma escola primária, gratuita, para rapazes.
E, em Amarante, criou uma creche e o Colégio de S. Gonçalo. Só isto bastaria
para ser credor da nossa gratidão.
A Voz do Pastor (4/4/1942)
noticiou: “faleceu no dia 29 de Março, o Senhor Dom António Augusto de Castro
Meireles”. Lembra as suas palavras na entrada na diocese «O Episcopado é um
martírio», e confirma: “Sim! O Bispo é um Mártir vítima de um Martírio, tanto
mais doloroso e cruciante, quanto mais íntimo e oculto. Dom António não
derramou o seu sangue, numa arena, vítima de quaisquer algozes, mas lentamente,
no íntimo da sua alma, com toda a Coragem e Fé, sofreu o mais doloroso dos
martírios, no cumprimento dos seus deveres de Grande Bispo da Santa Igreja, num
período difícil da vida da Diocese do Porto”.
O município onde nasceu lembra-o com uma estátua e
uma rua, e a cidade onde morreu ergueu-lhe uma estátua no XIII aniversário da
morte. Também os municípios de Valongo, Maia e Gondomar o distinguiram com uma
rua.
Memória, honra e paz, no 74º aniversário da sua
morte. «O Episcopado é um martírio.»
( 23-3-2016)
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