OS PAPAS DO VATICANO II
Era uma viagem para conhecer a
riqueza artística de cidades da Lombardia, em Itália, com um possível salto a
Trento. Mas, as surpresas acontecem...
Logo ao chegar a Bérgamo, fiquei
agradado ao ver que a avenida mais nobre se chama “Viale Papa Giovanni XXIII”.
Na cidade antiga, numa colina rodeada de muralhas, visitei a velha catedral.
Enquanto os turistas deambulavam pelas naves, no transepto havia quem se
dirigisse para uma capela interior. Entrei e, com surpresa, vi o dístico: S. Papa Giovanni XXIII -1881-1963. A
capela era iluminada por vários candelabros onde os devotos acendiam velas. Uma
estátua, com uma pomba aos pés,
representava o Papa João XXIII, de pé e mitra na cabeça, a esboçar um sorriso
bondoso num gesto de acolhimento. Porquê este relevo e esta devoção? É que o Papa
Roncali nasceu em Sotto il Monte, na diocese de Bérgamo, onde, após a ordenação
em Roma, foi secretário particular do bispo, assistente da Ação Católica
Feminina, colaborador do diário católico da cidade e, ainda, professor e
diretor espiritual do seminário.
Outra surpresa me aguardava ao
chegar a Bréscia: a praça mais importante chama-se “Piazza Paulo VI”. Na
catedral, à entrada, um enorme cartaz afirmava: “PAULO VI – O Papa do diálogo,
do Concílio Vaticano II, do ecumenismo, o Papa peregrino, defensor da vida, o
Papa dos tempos futuros, perito em humanidade, o Papa da paz, da alegria,
mestre e testemunho, enamorado de Cristo e da Igreja”. E a frase: Estaremos a sonhar quando falamos da cidade
do amor? - Não, não sonhamos. A cidade do amor virá e dará ao mundo a sonhada
transfiguração da humanidade. (Paulus P.P. VI). Outro dístico lembrava: “19
Ottobre 2014 – Paolo VI – BEATO”.
Na catedral, encontrei um altar
encimado por uma imagem de Paulo VI ajoelhado no limiar da Porta Santa e
apoiado num báculo em forma de cruz com indícios de solidão. Um desdobrável
dizia: “Memória dum seu filho, que se tornou Pastor da Igreja universal, uma
memória concebida, não como celebração de uma «primazia do poder», mas como
humilde e místico serviço feito à Igreja de Cristo e à humanidade inteira”.
O Papa Montini amava a diocese
onde nasceu e se ordenou presbítero em 1920, como escreveu em 29 de junho de
1963: “Bréscia, Bréscia! A cidade que não
só me deu os natais, mas tanto da tradição civil, espiritual, humana,
ensinando-me, além disso, o que é o viver neste mundo e oferecendo-me sempre um
quadro que, creio, sustém as experiências sucessivas, dispostas ao longo de
vários anos pela Providência divina”.
E eu que ia à procura de Trento,
acabei por me encontrar com os dois grandes papas do Vaticano II que nasceram e
cresceram em dioceses vizinhas na arquidiocese de Milão.
Inesperada e feliz maneira de
celebrar os 50 anos do grande Concílio…
( 27-4-2016)
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