O Tanoeiro da Ribeira

segunda-feira, maio 19, 2014

O Porto na literatura


Aquando da eleição do Porto como “melhor destino europeu”, o JN escreveu: Mais que uma marca que se solidifica, o Porto é algo que marca quem o toca e por ele é tocado. Já o haviam reconhecido muitos dos nossos escritores. Apenas alguns:

Luís de Camões – Lá na leal cidade donde teve / Origem (como é fama) o nome eterno / De Portugal, armar madeiro leve / Manda o que tem o leme do governo.

 Almeida Garrett - Se na nossa cidade há muito quem troque o b por v, há pouco quem troque a liberdade pela escravidão.

 Camilo Castelo Branco - Velha burguesa, mãe de Portugal que ela criou, vestiu de ferro, e fez nação, robusta e destemida, entre os seus braços e sobre a amurada das suas naves.

Miguel Torga -Se Garrett pôde nascer do calor do seu coração, se António Nobre pôde morar em paz dentro das suas portas, e se mesmo numa das suas cadeias pôde ser escrito o Amor de Perdição, que demónio é preciso mais para honrar os pergaminhos de alguém?

Jaime Cortesão - Graças ao Porto, o povo teve coluna vertebral.

José Gomes Ferreira - Cidade de luz de granito/ Tristeza de luz viril/com punhos de grito.

Jorge de Sena - Para a minha alma eu queria uma torre como esta/ assim alta,/ assim de névoa acompanhando o rio.

Vitorino Nemésio -Uma ida ao Porto é sempre uma lição de portuguesismo. É indispensável – claro – um mínimo de contacto reiterado com esse lar da nação para nele vermos algumas das significações latentes que enriquecem a nossa consciência.

João Chagas - O Porto é uma família. Quando algum mal o acomete, todos sentem com a mesma intensidade; quando desejam alguma coisa, todos a desejam ao mesmo tempo.

José Saramago - Afinal, o Porto, para verdadeiramente honrar o nome que tem, é, primeiro que tudo, este largo regaço aberto para o rio, mas que só do rio se vê, ou então, por estreitas bocas fechadas por muretes, pode o viajante debruçar-se para o ar livre e ter a ilusão de que todo o Porto é a Ribeira.

Sophia de Mello Breyner - O Porto é o lugar onde para mim começam as maravilhas e todas as angústias.

Agustina Bessa-Luís - Toda a cidade, com as agulhas dos seus templos, as torres cinzentas, os pátios e os muros em que se cavam escadas, varandas com os seus restos de tapetes de quarto dependurados e o estripado dos seus interiores ao sol fresco, tem toda ela uma forma, uma alma de muralha.

É esta a “cidade dos afetos” que sorri a quem o visita. É este o povo de coração bom, generoso e leal de que fala Alexandre Herculano. Esta é a "Cidade da Virgem" que se honra de ser a"Antiga, mui nobre e sempre leal e invicta Cidade do Porto”.

É este o “Porto Sentido” de Carlos Tê, “cascata sanjoanina/erigida sobre um monte/no meio da neblina/por ruelas e calçadas/da Ribeira até à Foz” que Rui Veloso tão bem canta…

(26/3/14)