Ao encontro de memórias
Em
finais de dezembro, participei numa reunião de antigos alunos do Seminário do
Porto. O seu organizador disse que foi um dia em que, apesar do tempo de
inverno, a Amizade se renovou e comunicou nas palavras e sorrisos que se
cruzaram.
São muitos os cursos que realizam a
sua reunião anual. É um reencontro fraterno. Esquece-se a idade, classe social,
situação eclesiástica e profissional. Relembram-se factos picarescos,
recordam-se cumplicidades, revivem-se traquinices de infância, refazem-se
brincadeiras da adolescência. Como bem se expressou um jovem, depois de
participar com o pai num desses encontros: “gostei porque vi meu pai da minha
idade”.
Quão reconfortantes! E, apesar disso, ao
limitar-se aos condiscípulos, deixam de fora muitos amigos com os quais convivemos
no seminário. Em Vilar, fizemos amizade com colegas dos três anos que nos precederem
e de outros tantos que nos sucederam. Na Sé, em que vivemos cinco anos,
convivemos com oito cursos. O encontro de dezembro com colegas de anos e até
gerações diferentes confirmou-me a sensação de felicidade que já tinha
experienciado em dois convívios abertos a vários anos. O primeiro aconteceu, em
1998, no Seminário de Vilar com os teólogos do Porto da década de sessenta. O
segundo foi no Colégio de Ermesinde, em 2012, como então escreveu a VP: “Quem na manhã do passado dia 3
visitasse o Colégio de Ermesinde ficaria surpreendido com a jovialidade de um
grupo onde a idade e o estatuto se esbatiam na vivacidade das conversas e na
alegria dos sorrisos. E mais admirado ficaria ao descobrir que, entre os
convivas, havia bispos e presbíteros. Eram velhos amigos que, naquele colégio, iniciaram
os seus estudos de seminário”.
Mais do que submersas
haverá, certamente, muitas manhãs adormecidas que importa acordar. Com esse
objetivo, sonhei com a organização de um encontro aberto a todos os antigos
alunos dos seminários do Porto: bispos, presbíteros e muitos que seguiram
outros caminhos. Para além de se rever amigos cujos rostos talvez já não
reconheçamos, este encontro poderia reforçar o sentido de pertença à diocese que
anda um tanto arredio. E a diocese, no dizer do Papa Francisco em “A Alegria do
Evangelho”, é a Igreja encarnada num
espaço concreto, dotada de todos os meios de salvação dados por Cristo, mas com
um rosto local.
Se
houver quem queira agarrar ou colaborar neste projeto, agradeço que comunique
com alvesdias74@gmail.com.
Esta poderá ser uma forma, ainda que pobre, de corresponder ao apelo do Papa: Espero que todas as comunidades se esforcem
por usar os meios necessários para avançar no caminho de uma conversão pastoral
e missionária, que não pode deixar as coisas como estão.
Utopia? Penso que sonhar não é “uma experiência
subversiva”. Ou será?
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