Já passaram quatro anos...
Já
passaram quatro anos…
Foi
em 24 de janeiro de 2010 que se realizou o primeiro “Dia da Voz Portucalense”.
E tu ainda colaboraste na sua preparação com sugestões e ideias, mas, no dia,
já não pudeste estar presente porque, na véspera, tinhas partido para a “Casa
do Pai”.
Tudo
começara 5 anos antes. A vida sorria-te. O desporto dera-te uma compleição
invejável, mas aquelas dores nas costas cuja origem os médicos não conseguiam
detetar… Completaras 25 anos. Veterinário pelo ICBAS com estágios no Porto e em
Bristol, tinhas começado a trabalhar em clínicas da Maia e de Espinho. No dia
seguinte, teu irmão ia casar e tu eras o padrinho. Ao fim da tarde, soubeste
que tinhas um sarcoma de ewing no ilíaco. E decidiste nada dizer para não
estragar a festa do casamento. Nessa noite, durante o jantar com amigos, ainda
tiveste forças para ser, como sempre, o animador com a piada certeira, a espontaneidade
do teu humor, a alegria comunicativa das tuas gargalhadas. No casamento, eras o
padrinho feliz que sorria para os noivos… Teu rosto não deu sinais de tristeza…
A
tua “via-sacra” levou-te a sucessivas sessões de Químio e Rádio no IPO do
Porto; ao Instituto Rizzoli em Bolonha, com seis cirurgias; ao Hospital
Universitário de Lovaina na Bélgica; a Barcelona e Londres. E muitos
internamentos de urgência.
No
teu calvário, nunca se te ouviu uma palavra de revolta, um queixume. Nas horas
de maior sofrimento, limitavas-te a dizer: “Estou
cansado”. Em Bolonha, nos momentos mais difíceis, rezavas o terço e, quando
te sentias melhor, pedias para te levarem à igreja onde participavas na
Eucaristia. Aí, te ofereceram a medalha de Nª Senhora que, com o “tau”
franciscano, sempre te acompanhou e foi contigo. A “maca” era o teu altar.
Quando
estavas internado, procuravas evitar trabalho aos que de ti cuidavam. E a todos
dizias “obrigado”, com um sorriso. Na solidão, sempre construías comunhão.
Na
dor, não faltaram cireneus que te ajudaram a levar a cruz. Nunca esqueceste Frei
Alfredo que, todos os dias, te visitava em Bolonha e te falava do santo que tu
gostavas de tratar por “irmão Francisco”. Quanto te ajudou a psicóloga que te
acompanhou no IPO! Como te confortava o carinho do teu irmão e da tua cunhada!
E quão preciosos foram os teus amigos!
Sempre
povoaste de esperança teus sonhos de futuro.
Rematavas as conversas com um Nós vamos
vencer. Mesmo quando já sabias que o fim se aproximava, continuavas a falar
no amanhã. Ainda na 6.ªa feira, tinhas pedido ao capelão para te trazer a
sagrada comunhão no domingo seguinte…
-
Eu nasci para ser eterno? – Essa é a
nossa Fé. – Então está bem. Obrigado.
E
partiste para renasceres corpo ressuscitado. O sorriso que, mesmo na morte,
iluminou o teu rosto permanece vivo naqueles que te amam e, por ti, dão graças
a Deus.
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