O Tanoeiro da Ribeira

terça-feira, dezembro 17, 2013

Arouca está na berra


E não é apenas por causa do futebol. Embora a subida à Primeira Liga seja um feito nunca alcançado. A transmissão televisiva dos jogos da divisão maior do futebol português irá pôr Arouca no mapa. Mas não é apenas o futebol. No dia 11 de agosto, a vila apareceu nas televisões cheia de cor quando os “heróis da estrada” iniciarem a etapa mítica que culmina no alto da Senhora da Graça. É, também, a primeira vez que a volta a Portugal em bicicleta passa por estas terras. E já vamos na 75ª...

 Muitas outras razões fazem desta vila aninhada no sopé da Senhora da Mó um destino de eleição para quem quiser tonificar os pulmões com ar puro da montanha ou aconchegar-se na frescura dos vales. Também os amantes da arte e da história encontrarão nela um património de grande valia. A começar pelo mosteiro – o ex-libris da vila. As suas origens, sob a invocação de S. Bento, remontam à primeira metade do século X, bem antes da formação de Portugal. No século XIII, recebeu grande incremento com a proteção da Beata D. Mafalda que aí se encontra sepultada. Em 1226, transformou-se num mosteiro cisterciense com a adoção da regra de São Bernardo. Apesar de todas as convulsões por que passou, conseguiu preservar o seu valioso espólio artístico que pode ser visitado no renovado museu do mosteiro, um dos melhores de arte sacra do país. E que dizer do seu magnífico órgão ibérico?

Mas não param por aqui as prendas que Arouca oferece a quem a procura. Também os tetos decorados com cenas bíblicas da Paixão e os azulejos do século XVII da Capela da Misericórdia são dignos de uma visita. O Calvário do século XVII, assente numa imensa massa granítica, classificado como imóvel de interesse público, merece uma paragem que nos faça companheiros de quantos, ao longo dos tempos, por ali passaram e rezaram.

O Memorial de Santo António, românico, do século XII, faz-nos viver a crença popular que lhe chama o “Arco da Rainha Santa” por aí ter parado, diz-se, o jumento que transportava o caixão de Santa Mafalda vindo do mosteiro de Rio Tinto onde terá morrido.

E que dizer do Centro Interpretativo das “Pedras Parideiras” na Serra da Freita? Um filme explica-nos a origem de um fenómeno geológico único no mundo, que podemos visitar, em que pedras “nascem” de pedras. Também a trilobites de Canelas nos fazem recuar a mais de 230 milhões de anos com fósseis de crustáceos marinhos de invulgares dimensões. Percorremos terras do fundo do mar.

E não podemos esquecer os “celestiais” doces conventuais e a magnífica vitela arouquesa. A gastronomia perpetua os “saberes e os sabores” dum povo.

Amigo leitor, se puder, visite Arouca neste verão.

Uma declaração de interesses: não sou nem nunca vivi em Arouca, embora tenha lá bons amigos e companheiros de alongados caminhos.