Arouca está na berra
E
não é apenas por causa do futebol. Embora a subida à Primeira Liga seja um
feito nunca alcançado. A transmissão televisiva dos jogos da divisão maior do
futebol português irá pôr Arouca no mapa. Mas não é apenas o futebol. No dia 11
de agosto, a vila apareceu nas televisões cheia de cor quando os “heróis da
estrada” iniciarem a etapa mítica que culmina no alto da Senhora da Graça. É,
também, a primeira vez que a volta a Portugal em bicicleta passa por estas
terras. E já vamos na 75ª...
Muitas outras razões fazem desta vila aninhada
no sopé da Senhora da Mó um destino de eleição para quem quiser tonificar os
pulmões com ar puro da montanha ou aconchegar-se na frescura dos vales. Também
os amantes da arte e da história encontrarão nela um património de grande valia.
A começar pelo mosteiro – o ex-libris da vila. As suas origens, sob a invocação
de S. Bento, remontam à primeira metade do século X, bem antes da formação de
Portugal. No século XIII, recebeu grande incremento com a proteção da Beata D.
Mafalda que aí se encontra sepultada. Em 1226, transformou-se num mosteiro
cisterciense com a adoção da regra de São Bernardo. Apesar de todas as
convulsões por que passou, conseguiu preservar o seu valioso espólio artístico
que pode ser visitado no renovado museu do mosteiro, um dos melhores de arte
sacra do país. E que dizer do seu magnífico órgão ibérico?
Mas
não param por aqui as prendas que Arouca oferece a quem a procura. Também os
tetos decorados com cenas bíblicas da Paixão e os azulejos do século XVII da
Capela da Misericórdia são dignos de uma visita. O Calvário do século XVII,
assente numa imensa massa granítica, classificado como imóvel de interesse
público, merece uma paragem que nos faça companheiros de quantos, ao longo dos
tempos, por ali passaram e rezaram.
O
Memorial de Santo António, românico, do século XII, faz-nos viver a crença popular
que lhe chama o “Arco da Rainha Santa” por aí ter parado, diz-se, o jumento que
transportava o caixão de Santa Mafalda vindo do mosteiro de Rio Tinto onde terá
morrido.
E
que dizer do Centro Interpretativo das “Pedras Parideiras” na Serra da Freita? Um
filme explica-nos a origem de um fenómeno geológico único no mundo, que podemos
visitar, em que pedras “nascem” de pedras. Também a trilobites de Canelas nos
fazem recuar a mais de 230 milhões de anos com fósseis de crustáceos marinhos
de invulgares dimensões. Percorremos terras do fundo do mar.
E
não podemos esquecer os “celestiais” doces conventuais e a magnífica vitela
arouquesa. A gastronomia perpetua os “saberes e os sabores” dum povo.
Amigo
leitor, se puder, visite Arouca neste verão.
Uma
declaração de interesses: não sou nem nunca vivi em Arouca, embora tenha lá bons
amigos e companheiros de alongados caminhos.
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