O Tanoeiro da Ribeira

terça-feira, dezembro 17, 2013

Sobrado em festa




O JN, do passado dia 20 de agosto, escrevia: “Milhares de pessoas juntaram-se no centro de Sobrado para receber os seus novos heróis”. Aclamavam os vencedores da 75.ª Volta a Portugal, da equipa “OFM – Quinta da Lixa, uma emanação da União Ciclista de Sobrado”. Não conheço outra freguesia que se possa orgulhar de ter três vencedores da Volta a Portugal: Fernando Jorge Moreira em 1948, Joaquim Leão em 1964 e Nuno Ribeiro em 2003. De todos, relevo Fernando Jorge Moreira, do F. C. Porto, o primeiro a trazer para o Norte a vitória numa volta a Portugal. Quando começou a correr, era apenas o “Mana”, duma família assim conhecida e muito estimada. Ainda lembro uma quadra humorística que falava do seu tio que tinha uma loja: “Manuel Joaquim Moreira Mana/Tem bacalhau inglês/ Come o meio e a barbatana/ E vende o rabo ao freguês”. A sua participação na volta a Portugal fez dele um mito. Até apareceram canções em seu louvor. Na primeira, em 1946, ficou conhecido por “papa etapas”. No ano seguinte, ganhou o prémio da montanha e, em 1948, a volta a Portugal. E, se mais não ganhou foi porque, no Benfica, pontificavam José Martins, João Rebelo e Império dos Santos. A volta era uma verdadeira festa nacional! Lembro os mineiros que abandonavam o fundo das minas de ardósia para, na “venda da tia Florinda”, ouvir o rádio da volta. E os lavradores… Uma loucura.

Para quando uma estátua a este filho de Sobrado que levou longe o nome da sua terra? Porque não seguir o exemplo de Lordelo que ergueu um monumento ao seu grande Ribeiro da Silva, vencedor da volta em 1955?

Mas é preciso acautelá-la para não suceder o mesmo que à estátua do P. Agostinho Freitas - o “Senhor Abade de Sobrado”. Quando, há uns anos, a contemplei, fiquei emocionado. Há uns meses, foi a revolta, ao ver que o pesado busto de bronze fora roubado. Nada detém os ladrões. E quando se perde a vergonha, o respeito e o medo é toda a sociedade que se incrimina. O que resta?

 O P. Freitas foi um sacerdote de grande espiritualidade e de profunda cultura apoiada por uma rica biblioteca. A sua pastoral assentava no tripé - púlpito, confessionário e fomento de vocações sacerdotais e religiosas. Entre os muitos presbíteros cuja vocação foi animada pelo seu ministério, conheço os padres Albino Fernandes, pároco de Oliveira de Azeméis; Correia Gonçalves, pároco de Milheirós de Poiares e Macieira de Sarnes; Correia Fernandes, pároco da Senhora do Porto e diretor da Voz Portucalense; e os já falecidos Alves de Pinho, pároco de Sanfins e Fornos da Feira (todos naturais de Chave- Arouca onde foi pároco) e Gaspar, de Sobrado, que foi padre operário.

 Sobrado está de parabéns e Fernando Moreira merece a sua homenagem. O P. Freitas é digno da gratidão da Igreja e de quantos tivemos a dita de o conhecer.