Órfãos da Ponte da Barca
No
dia 25 de abril, a Junta de Freguesia de Campanhã homenageou três instituições
da cidade do Porto: Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto, Obra Diocesana de
Promoção Social e Centro Juvenil de Campanhã. A primeira, criada em 1728 por D.
João V, é de natureza pública. As restantes são IPSS, nascidas à sombra da
Igreja em contextos diferentes mas animadas pelo mesmo espírito de bem servir:
a Obra, em 1964 (50º aniversário) para colaborar na promoção das populações dos
recém-criados bairros camarários, o Centro, em 1814 (200.º aniversário) para
dar abrigo aos órfãos da Ponte das Barcas.
É desta que hoje vou falar.
Mais de quatro mil pessoas terão perecido
nessa tragédia e muitas crianças ficaram sem pais. O P. José Oliveira começou
por recolher alguns desses órfãos na sua própria casa e em casa do amigo João
Manuel Rodrigues Barbosa. Dado o seu grande número, acabou por criar em 6 de
janeiro de 1814, o Seminário dos Meninos
Desamparados que, inicialmente, funcionou numa casa da Rua das Hortas,
atual Rua do Almada. Porque, entretanto, a casa se tornara pequena, mudou-se
para a Rua de S. Dinis. Também esta, rapidamente, fez-se insuficiente o que o
obrigou a transferir- se para a Torre da Marca onde agora funciona o Centro de
Cultura Católica. Em 1825, por cedência dos Marqueses de Abrantes, passou a
ocupar o Paço da Marquesa, na Rua Chã. Com o passar do tempo, os órfãos da
Ponte iam diminuindo, mas crescia o número dos “desamparados”. E, por isso,
acabou por fixar-se na quinta do Pinheiro de Campanhã que lhe foi doada, em 30
de abril de 1863, por Luís António Gonçalves, a pedido do Bispo do Porto, D.
João de França, onde, ainda hoje, tem a sua sede.
É
um “ex-libris” do espírito de solidariedade das gentes do Porto. Nos seus duzentos
anos de existência, foi “casa e família” para milhares e milhares de crianças e
jovens. Em 2002, abriu o Pólo de Vila do Conde para poder responder às muitas
solicitações que lhe eram feitas.
Atualmente, acolhe crianças do sexo masculino
de todo o país com especial relevo para as que proveem da zona norte
Ao
longo dos tempos, mudou de local e também de nome. Durante cerca de século e
meio, manteve a denominação com que nasceu, até que, em 24 de novembro de 1967,
passou a chamar-se Internato Juvenil de
Campanhã. Em Julho de 1982, numa justa homenagem ao seu fundador, passou a
ser Internato Juvenil Padre José de
Oliveira. Em 20 de novembro de 1986, recebeu o seu nome atual: Centro Juvenil de Campanhã.
Esta
instituição, filha da Igreja e velhinha de duzentos anos, foi-se adaptando às
exigências socioeducativas dos tempos, mas nunca perdeu de vista o desejo de
acolher com afeto e preparar para a vida os seus educandos. Para ela e seus responsáveis,
o nosso bem-haja.
(21/5/2014)
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