Foi há cem anos
Faz
amanhã cem anos que D.
António Barroso regressou à Diocese, após o exílio em Remelhe.
O P.
José Adílio, na festa de S. Francisco de Sales deste ano, disse:
“Nos
primeiros meses de 1914, com Afonso Costa fora do governo e Bernardino Machado
na pasta da Justiça, saiu a Lei que amnistiou os acusados dos crimes de religião. D. António preparou,
atempadamente, o momento do regresso. E no dia 3 de Abril, pela tardinha,
deixou a sua casa de Remelhe e dirigiu-se, quase em segredo, para o Porto, indo
instalar-se na Casa de Sacais (o seu novo Paço).
No dia
seguinte, 4 de Abril, ei-lo na Sé Catedral, para, em soleníssimo Te Deum, reassumir publicamente as suas
funções episcopais que, de facto nunca havia perdido. Antes, porém, sobe ao
púlpito, e em eloquentíssima alocução, saúda o bom povo da sua diocese, que
enche literalmente a catedral, dizendo que aquele dia era o mais feliz da sua vida, por ter podido regressar à sua diocese.
O Te Deum foi soleníssimo, ajuntando-se às
vozes da sonoridade as lágrimas do contentamento pelo seu regresso à sua amada
diocese e ao seu amado povo.”
No Réu da República, D. Carlos Azevedo
escreveu: “Decorridos três anos de exílio, (D. António) pôde voltar ao Porto,
ao cair da tarde do dia 3 de Abril de 1914. No dia seguinte realizou-se um Te Deum de acção de graças, na Catedral.
Muitos choravam de alegria ao ouvir de novo a voz do pastor a quem amavam.
Evitou, contudo, qualquer manifestação com esta entrada quase furtiva. Mas mal
o povo conheceu este regresso ansiado fez romaria à volta do palacete de
Sacais. Os jornais do Porto, como A Ordem,
que classificava a recepção como “espectáculo
deslumbrante e verdadeiramente esmagador”, O Primeiro de Janeiro e O Comércio
do Porto noticiaram estes gestos festivos de todos os grupos sociais,
sublinhando o clima de festa e euforia. A revista Lusitânia assim se
expressava:
Ei-lo
que volta! Traz do exílio mais brancos os cabelos. Há todavia na sua face o
mesmo sorriso afável e bom que atrahe os corações e na luz dos seus olhos vibra
ainda a centelha fina do brilhantíssimo espírito que o tom firme da voz
revela…”
Por
coincidência (ou não?), no próximo domingo
a Catedral vai novamente encher-se não já para aclamar o bispo que regressa,
mas para acolher o seu novo bispo que, no primeiro aniversário do pontificado
de Francisco, escreveu no JN: “ À luz
desta mesma fé, que nos faz viver na certeza de que Deus usa a nossa história
para nela fazer História e nos salvar (…)”
A Igreja
do Porto, neste primeiro centenário, não deixará de celebrar a História que
Deus nela escreveu a letras de santidade na pessoa de D. António Barroso.
Deixo uma pergunta: quem sabe onde fica o “Paço de
Sacais”?
(2/4/2014)
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