Mandela fala de si
Muito se
falou de Nelson Mandela aquando da sua morte. Quando as luzes se iam apagando,
soube-me bem ouvir Cristiano Ronaldo, ao receber a “bola de Ouro -2013“, lembrar
“Madiba” como um dos seus modelos.
Para
podermos penetrar melhor na intimidade deste “mestre em humanidade”, deixo aqui
a sua voz como a li em Mandela a
construção de um homem, de António Mateus.
Quem era? Um
santo? - Não sou santo, a menos que vejam
um santo como um pecador que continua a tentar. Apenas um homem que se foi construindo…
- Um homem que lutou contra o domínio branco e contra o domínio negro e para
quem o amor é mais forte que o ódio:
Se as pessoas aprendem a ser racistas e preconceituosas também podem ser
ensinadas a amar, porque o amor é mais natural no coração humano do que o seu
opositor.
- Um homem que amava a família. Quando lhe perguntaram o que mais o
magoou na vida, segredou, com olhos humedecidos: A minha mãe… passam vinte e cinco anos que morreu e nunca lhe pude
dizer adeus, nem a pude sepultar. Estava na prisão, pedi ao diretor, mas não
fui autorizado a ir ao funeral… três meses depois, foi o meu filho mais velho…
aconteceu o mesmo…Dei comigo impossibilitado de cumprir os meus deveres como
filho, irmão e marido.
- Um homem que perdoava. Mesmo ao
sentir-se “o homem mais só do mundo”,
devido à traição da primeira esposa, confessou: Afasto-me da minha mulher sem ressentimentos… abraço-a com todo o amor
e afeição que nutri por ela, dentro e fora da prisão, desde o primeiro momento
em que a vi. Até nos guardas da sua prisão encontrou bondade: Conheci lá guardas que faziam o possível
para amenizar a nossa situação.
- Um homem que soube cultivar o humor.
Numa passagem clandestina por Portugal (1961), gracejou: Se algum dia vos disserem que insultei alguém ou me embriaguei, só pode
ter sido com vinho do Porto.
- Um homem para quem o que importa é o
futuro. Ao assumir a presidência, disse aos funcionários do anterior governo
racista: O que é passado, é passado.
Agora olhamos para o futuro. Queremos a vossa ajuda. Se quiserem ficar, estarão
a prestar um grande serviço ao vosso país.Tudo o que vos peço é que o façam de
bom coração. Eu prometo fazer o mesmo.(…) O momento de maior escuridão surge
sempre imediatamente antes da alvorada.
- Um homem fiel ao diálogo. Dois dias antes
das eleições, disse a De Klerk, o último presidente do regime de “apartheid”: Peço-lhe que ponha na mesa as suas cartas
voltadas para cima. Trabalhemos em conjunto abertamente, sem agendas secretas.
Estou disposto a trabalhar consigo apesar de todos estes erros.
Ah!...
se os nossos políticos o ouvissem…
Se quiseres fazer a paz com o teu
inimigo, tens de trabalhar com ele. Aí, ele torna-se teu parceiro. E, no
nosso caso, nem de inimigos se trata…
(25/2/14)
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