O Tanoeiro da Ribeira

segunda-feira, maio 19, 2014

Coincidências...


 

Anos atrás, realizou-se, no Porto, o Colóquio Europeu de Paróquias que, há mais de meio século, reúne responsáveis paroquiais de diversos países da Europa. Para além das conferências, os participantes foram convidados a visitar algumas paróquias da Cidade. Por convite do P. Fernando, eu e minha esposa acompanhámos o grupo que se deslocou à nossa paróquia. Ao fim da tarde, ficámos surpreendidos quando nosso pároco nos pediu para levar o “Senhor Bispo” à Casa de Vilar. É que, durante todo o dia, não nos tínhamos apercebido de tão ilustre presença e não imagináramos que um bispo participasse nesse Colóquio de padres e leigos e, muito menos, se interessasse em visitar uma paróquia.

Na conversa que tivemos durante a viagem, prestou particular atenção à frase “em terra de missão, como são as nossas cidades, não são as pessoas que vão à igreja, é a Igreja que vai às pessoas” e ao dito de um bispo português que admirava “a grande maioria dos que pedem dispensa do exercício sacerdotal são homens de muito valor, espero que eles formem a retaguarda teológica da Igreja”. Ao chegar a Vilar, com palavras amigas, agradeceu a companhia e disse que teria muito gosto em receber-nos na sua casa episcopal. Ao que nunca pudemos corresponder.

No regresso a casa, comentámos suas palavras e partilhámos a impressão que nos deixara com especial relevo para a amabilidade de trato, sentimento de proximidade, atenção aos acontecimentos, preocupação em ouvir e capacidade de selecionar prioridades.

Passados uns tempos, um amigo, por sinal também Fernando, recordava-me seus tempos de infância na sua aldeia alcandorada na serra do Montemuro cujos píncaros se vestem de branco no inverno. Era com entusiasmo na voz e sorriso nos lábios que me descrevia as belezas do rio Bestança, “o rio mais bonito e menos poluído da Europa” dizia, que vem das alturas das “Portas de Montemuro” e, em Porto Antigo, se precipita no Douro. Na primavera, os carvalhos, loureiros, castanheiros, salgueiros, amieiros e azevinhos das suas margens despertam em sinfonias de mil aves em ritos de acasalamento. E, no meio da conversa, falou-me ainda dum colega de escola que fora estudar para padre e agora era bispo. Enalteceu sua inteligência e cultura bem como a afabilidade com que ainda hoje, já bispo, continua a acolher as pessoas que o viram crescer. E, com orgulho, falava do carinho que ele dedica aos seus antigos colegas. Quando referiu o nome, fiquei a saber que se tratava do bispo que eu havia acompanhado à Casa de Vilar.

Estava a terminar estas linhas quando o Vice-postulador da “Causa de D. António Barroso”, com agrado, me disse que D. António Francisco “também é grande admirador de D. António Barroso”. Coincidências…Sinais que abrem caminhos de Esperança.

(5/3/14)