Coincidências...
Anos
atrás, realizou-se, no Porto, o Colóquio Europeu de Paróquias que, há mais de
meio século, reúne responsáveis paroquiais de diversos países da Europa. Para
além das conferências, os participantes foram convidados a visitar algumas
paróquias da Cidade. Por convite do P. Fernando, eu e minha esposa acompanhámos
o grupo que se deslocou à nossa paróquia. Ao fim da tarde, ficámos
surpreendidos quando nosso pároco nos pediu para levar o “Senhor Bispo” à Casa
de Vilar. É que, durante todo o dia, não nos tínhamos apercebido de tão ilustre
presença e não imagináramos que um bispo participasse nesse Colóquio de padres
e leigos e, muito menos, se interessasse em visitar uma paróquia.
Na
conversa que tivemos durante a viagem, prestou particular atenção à frase “em terra de missão, como são as nossas
cidades, não são as pessoas que vão à
igreja, é a Igreja que vai às pessoas” e ao dito de um bispo português que
admirava “a grande maioria dos que pedem
dispensa do exercício sacerdotal são homens de muito valor, espero que eles formem
a retaguarda teológica da Igreja”. Ao chegar a Vilar, com palavras amigas,
agradeceu a companhia e disse que teria muito gosto em receber-nos na sua casa
episcopal. Ao que nunca pudemos corresponder.
No
regresso a casa, comentámos suas palavras e partilhámos a impressão que nos
deixara com especial relevo para a amabilidade de trato, sentimento de proximidade,
atenção aos acontecimentos, preocupação em ouvir e capacidade de selecionar
prioridades.
Passados
uns tempos, um amigo, por sinal também Fernando, recordava-me seus tempos de
infância na sua aldeia alcandorada na serra do Montemuro cujos píncaros se
vestem de branco no inverno. Era com entusiasmo na voz e sorriso nos lábios que
me descrevia as belezas do rio Bestança, “o rio mais bonito e menos poluído da
Europa” dizia, que vem das alturas das “Portas de Montemuro” e, em Porto Antigo,
se precipita no Douro. Na primavera, os carvalhos, loureiros, castanheiros,
salgueiros, amieiros e azevinhos das suas margens despertam em sinfonias de mil
aves em ritos de acasalamento. E, no meio da conversa, falou-me ainda dum
colega de escola que fora estudar para padre e agora era bispo. Enalteceu sua
inteligência e cultura bem como a afabilidade com que ainda hoje, já bispo,
continua a acolher as pessoas que o viram crescer. E, com orgulho, falava do
carinho que ele dedica aos seus antigos colegas. Quando referiu o nome, fiquei
a saber que se tratava do bispo que eu havia acompanhado à Casa de Vilar.
Estava
a terminar estas linhas quando o Vice-postulador da “Causa de D. António
Barroso”, com agrado, me disse que D. António Francisco “também é grande
admirador de D. António Barroso”. Coincidências…Sinais que abrem caminhos de
Esperança.
(5/3/14)
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