Diversos carismas - o mesmo Espírito
Na
apresentação do livro comemorativo dos 50
anos da “Obra Diocesana”, fez-se memória de dois dos seus bispos. O primeiro
foi D. Florentino de Andrade e Silva que a criou e embalou nos primeiros anos
de vida. O segundo foi D. António Ferreira Gomes que a amparou e guiou nos anos
conturbados da adolescência.
Do
primeiro, o livro afirma: Desde a sua
criação, a Obra era a menina bonita de D. Florentino que, sem interferir na sua
autonomia, a acarinhava e acompanhava com particular desvelo. Do segundo,
informa: Muito cedo se interessou por
esta Obra que D. Florentino criara. E acrescenta: Não foram tempos fáceis. Só a autoridade e prestígio de D. António foi
capaz de evitar uma rotura que poderia ter ditado o fim da Obra.
Depois
de citar as palavras de Bento XVI “graças aos carismas, a Igreja apresenta-se
como um organismo rico e vital, não uniforme, fruto do único Espírito que
conduz a todos à unidade profunda, assumindo a diversidade sem aboli-la e
realizando um conjunto harmonioso”, conclui que fruto do único Espírito, a Obra Diocesana tem, na sua génese, a
intuição intelectual de D. António que o levou a fundar o Instituto de Serviço
Social e o coração de D. Florentino que criou a Obra e aproveitou, inteligentemente,
o saber e a disponibilidade desse Instituto.
E
acrescenta: Como eram diferentes! Estas
diferenças estão bem patentes na citação bíblica que cada um inscreveu nas suas
“Armas de Fé”. D. Florentino escolheu
“Clarifica nomen tuum” (Jo,12,28). Um contemplativo fazia da ação um hino de
louvor a Deus. Na Obra, valorizava a proteção e a dignificação do pobre que via
como sacramento de Cristo. Já D. António optou por “In lumine tuo videmos
lumen” (Ps 35,10). Mais que um bispo edificante, sempre se via
como um bispo edificador, um educador, com a divisa “de joelhos diante de
Deus, de pé diante dos homens”.
Privilegiava a “pastoral da inteligência”
assente na “trilogia da Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Na Obra, agradava-lhe, sobremaneira, a
promoção dos valores humanos que considerava essencial na missão da Igreja. Em
D. Florentino, sobressaía a dimensão pastoral, em D. António, a profética. (…)
Na diferença, se complementavam. Pecados? Quem os não tem?...
E termina: Esta
é a riqueza da Igreja que é Católica na diversidade das pessoas, dos lugares e
dos tempos. Como disse o Papa Francisco, na entrevista que concedeu à Civiltà
Cattolica, “Devemos caminhar unidos nas diferenças: não há outro caminho
para nos unirmos. Este é o caminho de Jesus”.
Com
carismas diferentes, os papas Bento XVI e Francisco, cada um à sua maneira,
lembram-nos o que dizia S. Paulo “Há diversidade de dons, mas um só Espírito”(I
Cor 12,4). Mensagem importante para os tempos que vivemos…
(19/3/2014)
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