O Tanoeiro da Ribeira

segunda-feira, maio 19, 2014

Diversos carismas - o mesmo Espírito



 
Na apresentação do livro comemorativo dos 50 anos da “Obra Diocesana”, fez-se memória de dois dos seus bispos. O primeiro foi D. Florentino de Andrade e Silva que a criou e embalou nos primeiros anos de vida. O segundo foi D. António Ferreira Gomes que a amparou e guiou nos anos conturbados da adolescência.

Do primeiro, o livro afirma: Desde a sua criação, a Obra era a menina bonita de D. Florentino que, sem interferir na sua autonomia, a acarinhava e acompanhava com particular desvelo. Do segundo, informa: Muito cedo se interessou por esta Obra que D. Florentino criara. E acrescenta: Não foram tempos fáceis. Só a autoridade e prestígio de D. António foi capaz de evitar uma rotura que poderia ter ditado o fim da Obra.

Depois de citar as palavras de Bento XVI “graças aos carismas, a Igreja apresenta-se como um organismo rico e vital, não uniforme, fruto do único Espírito que conduz a todos à unidade profunda, assumindo a diversidade sem aboli-la e realizando um conjunto harmonioso”, conclui que fruto do único Espírito, a Obra Diocesana tem, na sua génese, a intuição intelectual de D. António que o levou a fundar o Instituto de Serviço Social e o coração de D. Florentino que criou a Obra e aproveitou, inteligentemente, o saber e a disponibilidade desse Instituto.

E acrescenta: Como eram diferentes! Estas diferenças estão bem patentes na citação bíblica que cada um inscreveu nas suas “Armas de Fé”. D. Florentino escolheu “Clarifica nomen tuum” (Jo,12,28). Um contemplativo fazia da ação um hino de louvor a Deus. Na Obra, valorizava a proteção e a dignificação do pobre que via como sacramento de Cristo. Já D. António optou por “In lumine tuo videmos lumen(Ps 35,10). Mais que um bispo edificante, sempre se via como um bispo edificador, um educador, com a divisa “de joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens”. Privilegiava a “pastoral da inteligência” assente na “trilogia da Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Na Obra, agradava-lhe, sobremaneira, a promoção dos valores humanos que considerava essencial na missão da Igreja. Em D. Florentino, sobressaía a dimensão pastoral, em D. António, a profética. (…) Na diferença, se complementavam. Pecados? Quem os não tem?...

 E termina: Esta é a riqueza da Igreja que é Católica na diversidade das pessoas, dos lugares e dos tempos. Como disse o Papa Francisco, na entrevista que concedeu à Civiltà Cattolica, “Devemos caminhar unidos nas diferenças: não há outro caminho para nos unirmos. Este é o caminho de Jesus”.

Com carismas diferentes, os papas Bento XVI e Francisco, cada um à sua maneira, lembram-nos o que dizia S. Paulo “Há diversidade de dons, mas um só Espírito”(I Cor 12,4). Mensagem importante para os tempos que vivemos…

(19/3/2014)