O sol brilhava em Wadowice
No
texto anterior, falei sobre as nuvens de Varsóvia. Agora é o sol de Wadowice
que apadrinha a minha homenagem a um povo que se honra da sua identidade e orgulha
dos seus heróis.
A
Polónia, situada no coração da Europa, sofreu, ao longo dos tempos, os ataques
dos seus vizinhos mais poderosos. Apesar de ter perdido várias vezes a
independência, soube sempre preservar a sua identidade como nação que tem a sua
origem no longínquo ano de 966 quando o príncipe Mieszko aceitou o batismo e
“fez da Polónia o mais antigo país católico da Europa”, como disse o guia local
da nossa viagem.
Dos
polacos célebres,
recordo o cónego Nicolau Copérnico que, baseado em
demonstrações matemáticas, defendeu a teoria heliocêntrica, mais tarde confirmada
pelas observações astronómicas de Galileu.
Não posso esquecer, ainda, Madame
Curie, nome assumido por Maria Sklodowska, nascida em Varsóvia em 1867 e
galardoada com os prémios nobel da Física (1903) e da Química (1911).
E quem
não se emocionou já com a “Marcha Fúnebre” de Chopin, compositor polaco que
morreu em Paris em 1849 mas cujo coração está guardado na igreja de Santa Cruz
em Varsóvia?!
Mas, acima de tudo, há João Paulo II que os polacos veneram como
herói nacional não só porque os ajudou a libertar do jugo soviético e engrandeceu
o nome da sua pátria, mas também porque consolidou a sua identidade de “nação
católica”. Foi a figura tutelar que nos acompanhou durante toda a viagem. Logo
em Varsóvia, uma grande cruz na Praça do Soldado Desconhecido perpetua o local onde
celebrou “missa campal”.
No santuário da “Virgem Negra”, uma fotografia encima
a porta que tem o seu nome.
Na profundidade das minas de sal de Wieliczka, a mais
de 120 metros abaixo do solo, lá estava a sua imagem protetora. Em Cracóvia, respira-se
a sua presença.
Aí, casaram seus pais, na igreja dos jesuítas; nela, viveu com
seu pai, a partir dos 18 anos - a mãe já tinha falecido-, estudou e ensinou na
sua universidade, foi ordenado presbítero e sagrado bispo. Entre os muitos
monumentos evocativos da sua memória, destaco a estátua em frente da catedral de
que foi arcebispo e as fotografias que assinalam a casa onde viveu e a janela
do palácio onde, já papa, falava aos jovens - “ a janela mais famosa da Polónia”,
dizia-nos a guia.
Em
Wadowice, pudemos ver a casa em que nasceu o menino Karol em 18 de maio de
1920, rezar no batistério onde recebeu o batismo em 20 de junho desse ano, percorrer
as ruas onde brincava.
Apesar de não conhecer a língua, sentimo-nos em casa ao
ver, entre as muitas que atapetavam a praça, uma placa que dizia “Portugália
1982,1983, 1991, 2000”. E, especialmente, quando, na capela do “Beato João Paulo
II”, vimos, sobre o altar, a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Foi grande a
emoção em Wadowice.
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