OS JOVENS E A FAMÍLIA
Hoje quero partilhar convosco uma alegria e deixar algumas interrogações.
Na semana passada, numa aula de Filosofia do 10º ano, com jovens entre os 15 e os 17 anos, forneci-lhes um elenco de 24 valores, desde o “evitar a dor” até ao “frequentar a igreja”, passando por “ouvir música”, “namorar”, entre muitos outros.
Num primeiro momento, pedi-lhes que, no silêncio de um trabalho individual, mergulhassem na sua própria intimidade e hierarquizassem, por ordem decrescente, os cinco valores que mais contribuem para o seu bem-estar. Foi bonito ver todos aqueles jovens, habituados ao barulho das discotecas e dos ipod’s, a interrogar-se, num recolhimento total, a explorar os caminhos da sua interioridade. E lembrei-me do que li n’ “A Mensagem" que, depois de citar Anselmo Borges “Homem é aquele que é perguntado pela Pergunta”, conclui: “ E a grande pergunta é o Deus que habita a intimidade”.
Numa segunda fase, solicitei-lhes que, em grupo, elaborassem uma tábua de valores. Lembrei-lhes que mais do que discutirem o diferente, deveriam começar por buscar o semelhante uma vez que o diferente só tem sentido porque somos basicamente iguais. Vi-os animados numa discussão acalorada. No final, cada grupo apresentou o produto do seu trabalho. E aqui surgiu a surpresa. O valor que todos os grupos seleccionaram como sendo aquele que mais contribui para o seu bem-estar foi “Viver em harmonia familiar”. Fiquei feliz. Agradeci-lhes a lição. Repeti este trabalho em mais duas turmas e, com espanto meu, o resultado foi idêntico. E eu aprendi que, como dizia S. Francisco de Assis, “é dando que se recebe…”. Os professores são distribuidores de um capital, o conhecimento, que enriquece tanto quem o recebe como quem o dá.
A opinião pública não coincide com a opinião publicada
A sociedade não é como aparece na comunicação social. Contrariamente ao que ela diz, a família tradicional não é uma instituição que deva ser removida para a sarjeta do passado; a família não é um estorvo à liberdade dos jovens. Ainda hoje vi um jornal diário depreciar o senhor Presidente da República só porque ele, em Fátima, na abertura do congresso da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, teve a coragem de afirmar que “não é sinal de modernidade a dissolução progressiva dos laços familiares”.
A juventude sente-se vítima de uma comunicação social que só realça os casos negativos que a inferiorizam. Os jovens desejam que a família seja o reduto onde se possam sentir protegidos desta sociedade que os explora e desumaniza. Uma família em harmonia será o santuário onde encontram o apoio para o seu crescimento pessoal.
Repito. Aqueles jovens poderiam ter escolhido outros valores, como “ ouvir música”, “possuir dinheiro”, “vestir-se bem”, “ter uma casa confortável”, “ser bonito”, mas não. O que escolheram foi “viver em harmonia familiar”. E interroguei-me: esta escolha manifesta uma realidade que vivenciam nas suas famílias ou apenas revela um desejo que gostariam de ver realizado? Pela conversa que com eles mantive, julgo poder concluir que, para além de ser um resultado da sua própria experiência, é, também, um apelo para que a harmonia familiar seja sempre um valor que todos os pais saibam cultivar.
Termino com as perguntas que o Cardeal Martini faz no seu livro “Colóquios nocturnos em Jerusalém”: O que é que espera a juventude? E o que é que o mundo espera da juventude?
Na semana passada, numa aula de Filosofia do 10º ano, com jovens entre os 15 e os 17 anos, forneci-lhes um elenco de 24 valores, desde o “evitar a dor” até ao “frequentar a igreja”, passando por “ouvir música”, “namorar”, entre muitos outros.
Num primeiro momento, pedi-lhes que, no silêncio de um trabalho individual, mergulhassem na sua própria intimidade e hierarquizassem, por ordem decrescente, os cinco valores que mais contribuem para o seu bem-estar. Foi bonito ver todos aqueles jovens, habituados ao barulho das discotecas e dos ipod’s, a interrogar-se, num recolhimento total, a explorar os caminhos da sua interioridade. E lembrei-me do que li n’ “A Mensagem" que, depois de citar Anselmo Borges “Homem é aquele que é perguntado pela Pergunta”, conclui: “ E a grande pergunta é o Deus que habita a intimidade”.
Numa segunda fase, solicitei-lhes que, em grupo, elaborassem uma tábua de valores. Lembrei-lhes que mais do que discutirem o diferente, deveriam começar por buscar o semelhante uma vez que o diferente só tem sentido porque somos basicamente iguais. Vi-os animados numa discussão acalorada. No final, cada grupo apresentou o produto do seu trabalho. E aqui surgiu a surpresa. O valor que todos os grupos seleccionaram como sendo aquele que mais contribui para o seu bem-estar foi “Viver em harmonia familiar”. Fiquei feliz. Agradeci-lhes a lição. Repeti este trabalho em mais duas turmas e, com espanto meu, o resultado foi idêntico. E eu aprendi que, como dizia S. Francisco de Assis, “é dando que se recebe…”. Os professores são distribuidores de um capital, o conhecimento, que enriquece tanto quem o recebe como quem o dá.
A opinião pública não coincide com a opinião publicada
A sociedade não é como aparece na comunicação social. Contrariamente ao que ela diz, a família tradicional não é uma instituição que deva ser removida para a sarjeta do passado; a família não é um estorvo à liberdade dos jovens. Ainda hoje vi um jornal diário depreciar o senhor Presidente da República só porque ele, em Fátima, na abertura do congresso da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, teve a coragem de afirmar que “não é sinal de modernidade a dissolução progressiva dos laços familiares”.
A juventude sente-se vítima de uma comunicação social que só realça os casos negativos que a inferiorizam. Os jovens desejam que a família seja o reduto onde se possam sentir protegidos desta sociedade que os explora e desumaniza. Uma família em harmonia será o santuário onde encontram o apoio para o seu crescimento pessoal.
Repito. Aqueles jovens poderiam ter escolhido outros valores, como “ ouvir música”, “possuir dinheiro”, “vestir-se bem”, “ter uma casa confortável”, “ser bonito”, mas não. O que escolheram foi “viver em harmonia familiar”. E interroguei-me: esta escolha manifesta uma realidade que vivenciam nas suas famílias ou apenas revela um desejo que gostariam de ver realizado? Pela conversa que com eles mantive, julgo poder concluir que, para além de ser um resultado da sua própria experiência, é, também, um apelo para que a harmonia familiar seja sempre um valor que todos os pais saibam cultivar.
Termino com as perguntas que o Cardeal Martini faz no seu livro “Colóquios nocturnos em Jerusalém”: O que é que espera a juventude? E o que é que o mundo espera da juventude?
1 Comments:
Afirmação/Provocação:
Ninguém em perfeito juízo pode por em causa a importância da família. O que está em causa é a mudança do conceito de família e a capacidade de novas formulas familiares responderem as necessidades do ser humano.
O que é realmente a familia?Até onde se estende o conceito?
Um tanoeiro provocador...
By Johnny, at 5:37 da tarde
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