O PAPA E O HOLOCAUSTO
Sob este título publicou o Jornal de Notícias,no passado dia seis, um texto de Nuno Rogeiro.
Começo por felicitar o JN, que ao longo dos anos tem prestigiado a nossa cidade, pela oportunidade deste artigo, e o seu autor pela riqueza de informação e pela sensatez dos seus comentários.Aproveito esta oportunidade para juntar a minha a muitas outras vozes do Porto que se levantam contra a descaracterização de um jornal que, apesar da sua grande circulação a nível nacional, sempre manteve a sua matriz como jornal do Porto, popular sem ser "popularucho".
Numa hora em que certas forças, mais ou menos ocultas, se afadigam em denegrir o papel da Igreja na História, confundindo mesmo aqueles que professam a fé cristã, foi com muito agrado que vi um diário, de grande difusão, publicar este artigo que visa fazer luz sobre um tema que, tantas vezes e agora novamente, tem sido usado como pedra de arremesso contra a Igreja. Por isso, achei que poderia ter interesse respigar alguns excertos desse texto que, com a devida vénia, passo a transcrever. Os subtítulos são da minha responsabilidade
Bento XVI e o Holocausto
“Falar neste lugar de horror, neste sítio onde se cometeram crimes indizíveis contra Deus e contra o Homem, é quase impossível. E é especialmente difícil e perturbador para um cristão, ainda mais Papa vindo da Alemanha.
Pouco mais de um ano depois do fumo branco que, em Roma, o anunciara nas sandálias de Pedro, sucessor de João Paulo II falava assim, de mãos e rosto cerrados, no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.
Bento XVI foi sempre claro sobre o assunto do genocídio. (…)
Parece, pelo menos, injusto, alegar agora, a propósito de declarações soltas de prelados imprudentes, que o Vaticano mudou. (…)
A Igreja e o Regime Nazi
A polémica, que recorda a peça de teatro de Rolf Hochtruch, “O representante”, de 1963, coloca outra vez em primeiro plano a atitude do Vaticano face ao Holocausto da Segunda Guerra Mundial.
Foi nessa altura que se criou a imagem de um Pio XII silencioso, senão cúmplice, com o extermínio de milhões. Mas personalidades esclarecidas, como o jesuíta Robert Graham, entre muitos outros, há vários anos que restauraram o equilíbrio na revisitação histórica.
Não se pode esquecer, na verdade, o enorme esforço de resgate, salvamento, intercessão ou protecção de judeus, um pouco por toda a Europa, por obra da igreja católica. Não se pode esquecer a rede do Padre Weber e do Cardeal Pacelli (futuro Pio XII), a actividade da Organização S. Rafael, a intervenção junto da Eslováquia, em 1941, contra a aprovação do “Código Judeu”. Nem a actividade do bispo Preysing, em Berlim, de monsenhor Rotta, na Hungria, de Monsenhor Cassulo, na Roménia.
Não se pode esquecer a pastoral corajosa do arcebispo Saliege, de Toulouse, em 1942, denunciando “os factos terríveis” nos campos de Noe e Recebedom, afirmando que “os judeus são nossos irmãos”.
Não se pode esquecer o arriscado apoio do Vaticano à organização judaica DELASEM, de Génova. Não se pode esquecer a Encíclica Summi Pontificatus (onde Pio XII exprime a sua angústia pelo sofrimento que caía sobre a humanidade), de 1939, poderosa denúncia das doutrinas de “pureza rácica”.
Não se pode esquecer que, onde pôde mudar as coisas, ou influenciá-las, o Vaticano sempre falou. E que, onde se calou (como fez o Comité da Cruz Vermelha, ou o Conselho Mundial das Igrejas), executou muitas vezes custosas e arriscadas operações, clandestinas, de auxílio e transporte. (…)
Não se pode esquecer, ainda, que pelo menos 3 000 padres foram executados pelo Reich, só na área agora do Benelux.”
À guisa de conclusão: a Igreja e os Direitos Humanos
Apesar de alguns erros que a Igreja, como instituição também humana, cometeu, a sua História não nos envergonha, pelo contrário, muito nos dignifica. Como escreveu o Marechal Duque de Saldanha, citado por D. Manuel Clemente, “duas máximas levaram a revolução francesa em volta do mundo:”os direitos do homem” e as palavras”liberdade, igualdade e fraternidade”(…) Tudo quanto há de bom e verdadeiro nestas máximas é cristão e foi proclamado pelo cristianismo.
Começo por felicitar o JN, que ao longo dos anos tem prestigiado a nossa cidade, pela oportunidade deste artigo, e o seu autor pela riqueza de informação e pela sensatez dos seus comentários.Aproveito esta oportunidade para juntar a minha a muitas outras vozes do Porto que se levantam contra a descaracterização de um jornal que, apesar da sua grande circulação a nível nacional, sempre manteve a sua matriz como jornal do Porto, popular sem ser "popularucho".
Numa hora em que certas forças, mais ou menos ocultas, se afadigam em denegrir o papel da Igreja na História, confundindo mesmo aqueles que professam a fé cristã, foi com muito agrado que vi um diário, de grande difusão, publicar este artigo que visa fazer luz sobre um tema que, tantas vezes e agora novamente, tem sido usado como pedra de arremesso contra a Igreja. Por isso, achei que poderia ter interesse respigar alguns excertos desse texto que, com a devida vénia, passo a transcrever. Os subtítulos são da minha responsabilidade
Bento XVI e o Holocausto
“Falar neste lugar de horror, neste sítio onde se cometeram crimes indizíveis contra Deus e contra o Homem, é quase impossível. E é especialmente difícil e perturbador para um cristão, ainda mais Papa vindo da Alemanha.
Pouco mais de um ano depois do fumo branco que, em Roma, o anunciara nas sandálias de Pedro, sucessor de João Paulo II falava assim, de mãos e rosto cerrados, no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.
Bento XVI foi sempre claro sobre o assunto do genocídio. (…)
Parece, pelo menos, injusto, alegar agora, a propósito de declarações soltas de prelados imprudentes, que o Vaticano mudou. (…)
A Igreja e o Regime Nazi
A polémica, que recorda a peça de teatro de Rolf Hochtruch, “O representante”, de 1963, coloca outra vez em primeiro plano a atitude do Vaticano face ao Holocausto da Segunda Guerra Mundial.
Foi nessa altura que se criou a imagem de um Pio XII silencioso, senão cúmplice, com o extermínio de milhões. Mas personalidades esclarecidas, como o jesuíta Robert Graham, entre muitos outros, há vários anos que restauraram o equilíbrio na revisitação histórica.
Não se pode esquecer, na verdade, o enorme esforço de resgate, salvamento, intercessão ou protecção de judeus, um pouco por toda a Europa, por obra da igreja católica. Não se pode esquecer a rede do Padre Weber e do Cardeal Pacelli (futuro Pio XII), a actividade da Organização S. Rafael, a intervenção junto da Eslováquia, em 1941, contra a aprovação do “Código Judeu”. Nem a actividade do bispo Preysing, em Berlim, de monsenhor Rotta, na Hungria, de Monsenhor Cassulo, na Roménia.
Não se pode esquecer a pastoral corajosa do arcebispo Saliege, de Toulouse, em 1942, denunciando “os factos terríveis” nos campos de Noe e Recebedom, afirmando que “os judeus são nossos irmãos”.
Não se pode esquecer o arriscado apoio do Vaticano à organização judaica DELASEM, de Génova. Não se pode esquecer a Encíclica Summi Pontificatus (onde Pio XII exprime a sua angústia pelo sofrimento que caía sobre a humanidade), de 1939, poderosa denúncia das doutrinas de “pureza rácica”.
Não se pode esquecer que, onde pôde mudar as coisas, ou influenciá-las, o Vaticano sempre falou. E que, onde se calou (como fez o Comité da Cruz Vermelha, ou o Conselho Mundial das Igrejas), executou muitas vezes custosas e arriscadas operações, clandestinas, de auxílio e transporte. (…)
Não se pode esquecer, ainda, que pelo menos 3 000 padres foram executados pelo Reich, só na área agora do Benelux.”
À guisa de conclusão: a Igreja e os Direitos Humanos
Apesar de alguns erros que a Igreja, como instituição também humana, cometeu, a sua História não nos envergonha, pelo contrário, muito nos dignifica. Como escreveu o Marechal Duque de Saldanha, citado por D. Manuel Clemente, “duas máximas levaram a revolução francesa em volta do mundo:”os direitos do homem” e as palavras”liberdade, igualdade e fraternidade”(…) Tudo quanto há de bom e verdadeiro nestas máximas é cristão e foi proclamado pelo cristianismo.
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