AVÓS E NETOS
No colóquio sobre “Família” que se realizou, no dia 11 de Fevereiro, na Associação Católica do Porto, o Prof. Pinto Machado rematou a sua exposição, dizendo que família é como uma árvore, os pais são o tronco, os ramos são os filhos; os avós as raízes e a seiva é o amor. Assim nasceu esta reflexão em jeito de “revisão de vida”
Ver
Lembro aqueles avós que todos os meses me visitavam para falar do seu netinho. O encarregado de educação era o filho. A senhora começava sempre por enumerar as muitas doenças de que padecia. O marido ouvia, ouvia e sempre rematava a conversa dizendo: - A minha mulher tem muita saúde. Perante o meu espanto, acrescentava: - Tem muita saúde porque, se não tivesse, já tinha morrido com tantas doenças que tem…Eram muito bem-humorados. Com que alegria, enalteciam a inteligência do neto que era, segundo eles, um ás em computadores. Falavam, falavam e sempre elucidavam: - “Nós não somos dos avós que estragam os netos com mimos. Os responsáveis pela sua educação são os pais e nós nunca os contradizemos. Eles é que são os responsáveis. Nós só procuramos ajudar.”
Julgar
O amor constitui a força interior que dá forma à comunidade familiar. Mediante o amor, o respeito e a obediência aos pais, os filhos dão o seu contributo para edificação da família autenticamente humana. Isso tornar-se-á mais fácil se os pais exercerem sem fraqueza a sua autoridade como um ministério pessoal ordenado particularmente a proporcionar-lhes uma liberdade verdadeiramente responsável” (João Paulo II)
O homem é um produto da natureza e da cultura. Nenhum de nós é sem o outro. A construção da pessoa resulta duma tensão dialéctica em que o outro ora surge como auxiliar ora como obstáculo à realização do desejo. Os pais, como educadores, têm de assumir o papel, nem sempre muito simpático, de impor normas e, por vezes, repreender e, mesmo punir, os seus comportamentos. Não podem abdicar dessa responsabilidade. Como dizia João Paulo II, devem “exercer sem fraqueza a sua autoridade”. O crescimento pessoal não se faz sem sofrimento. Os avós, com mais tempo e paciência para as suas brincadeiras, serão capazes de estabelecer cumplicidades com algumas das traquinices dos netos. São a face mais benigna do “outro”. Mas o “amor benevolente” dos avós não pode contradizer o “amor exigente” dos pais, pode, sim, suavizá-lo nos momentos mais difíceis. Quando comentava com um grupo de jovens a imagem da família-árvore, os olhos enchiam-se-lhes de ternura ao falarem das cumplicidades dos avós. Um dizia: “os avós são as raízes porque são a parte mais consistente da árvore, têm mais sabedoria: estão sempre lá para apoiarem os filhos e os netos e dar-nos força”. Outro acrescentava:” a seiva é o amor porque é o que alimenta a relação entre avós, pais e filhos; os filhos são os ramos porque são a parte mais frágil da árvore e é neles que nascem os frutos.
Agir
Em situações normais, a educação de uma criança é da inteira responsabilidade dos pais que não podem descarregar essa obrigação sobre os ombros dos avós. Os avós devem estar disponíveis para colaborar com os pais, mas isto não lhes permite contradizê-los. As normas morais são gerais e abstractas. Cada um terá de descobrir como agir no seio da comunidade familiar.
Afortunado é o neto que pode gozar do carinho dos avós. Felizes são os avós que podem partilhar das brincadeiras dos netos. Quão gratos devem estar os pais quando podem contar com a colaboração dos avós na criação dos seus filhos.
Porque o amor é um sonho partilhado, apetece-me terminar com um pensamento de D. Hélder da Câmara: “um sonho sonhado sozinho é apenas um sonho. Um sonho sonhado juntos é o princípio de uma nova realidade”
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Lembro aqueles avós que todos os meses me visitavam para falar do seu netinho. O encarregado de educação era o filho. A senhora começava sempre por enumerar as muitas doenças de que padecia. O marido ouvia, ouvia e sempre rematava a conversa dizendo: - A minha mulher tem muita saúde. Perante o meu espanto, acrescentava: - Tem muita saúde porque, se não tivesse, já tinha morrido com tantas doenças que tem…Eram muito bem-humorados. Com que alegria, enalteciam a inteligência do neto que era, segundo eles, um ás em computadores. Falavam, falavam e sempre elucidavam: - “Nós não somos dos avós que estragam os netos com mimos. Os responsáveis pela sua educação são os pais e nós nunca os contradizemos. Eles é que são os responsáveis. Nós só procuramos ajudar.”
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O amor constitui a força interior que dá forma à comunidade familiar. Mediante o amor, o respeito e a obediência aos pais, os filhos dão o seu contributo para edificação da família autenticamente humana. Isso tornar-se-á mais fácil se os pais exercerem sem fraqueza a sua autoridade como um ministério pessoal ordenado particularmente a proporcionar-lhes uma liberdade verdadeiramente responsável” (João Paulo II)
O homem é um produto da natureza e da cultura. Nenhum de nós é sem o outro. A construção da pessoa resulta duma tensão dialéctica em que o outro ora surge como auxiliar ora como obstáculo à realização do desejo. Os pais, como educadores, têm de assumir o papel, nem sempre muito simpático, de impor normas e, por vezes, repreender e, mesmo punir, os seus comportamentos. Não podem abdicar dessa responsabilidade. Como dizia João Paulo II, devem “exercer sem fraqueza a sua autoridade”. O crescimento pessoal não se faz sem sofrimento. Os avós, com mais tempo e paciência para as suas brincadeiras, serão capazes de estabelecer cumplicidades com algumas das traquinices dos netos. São a face mais benigna do “outro”. Mas o “amor benevolente” dos avós não pode contradizer o “amor exigente” dos pais, pode, sim, suavizá-lo nos momentos mais difíceis. Quando comentava com um grupo de jovens a imagem da família-árvore, os olhos enchiam-se-lhes de ternura ao falarem das cumplicidades dos avós. Um dizia: “os avós são as raízes porque são a parte mais consistente da árvore, têm mais sabedoria: estão sempre lá para apoiarem os filhos e os netos e dar-nos força”. Outro acrescentava:” a seiva é o amor porque é o que alimenta a relação entre avós, pais e filhos; os filhos são os ramos porque são a parte mais frágil da árvore e é neles que nascem os frutos.
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Em situações normais, a educação de uma criança é da inteira responsabilidade dos pais que não podem descarregar essa obrigação sobre os ombros dos avós. Os avós devem estar disponíveis para colaborar com os pais, mas isto não lhes permite contradizê-los. As normas morais são gerais e abstractas. Cada um terá de descobrir como agir no seio da comunidade familiar.
Afortunado é o neto que pode gozar do carinho dos avós. Felizes são os avós que podem partilhar das brincadeiras dos netos. Quão gratos devem estar os pais quando podem contar com a colaboração dos avós na criação dos seus filhos.
Porque o amor é um sonho partilhado, apetece-me terminar com um pensamento de D. Hélder da Câmara: “um sonho sonhado sozinho é apenas um sonho. Um sonho sonhado juntos é o princípio de uma nova realidade”
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