CAMINHO PORTUGUÊS DE SÃO ROSENDO
No dia 24 de dezembro, o Diário do Minho noticiava:
“O Município e o Rotary Club de Santo Tirso deram a conhecer o projeto de sinalização do Caminho Português de São Rosendo. O percurso sairá de Santo Tirso passando pelos municípios de Famalicão, Guimarães, Braga, Amares e Terras do Bouro, numa extensão de 101 quilómetros”.
. O meu primeiro encontro com este santo, filho do conde portucalense Guterre Mendes, que nasceu em S. Miguel do Couto, Santo Tirso e faleceu no mosteiro de Celanova, Galiza, deu-se, em 1962, ao ler na História Eclesiástica de Portugal, de Miguel de Oliveira: “Rosendo, bispo de Dume, residia em Mondonhedo. (pág. 82)”.
Outros se seguiram…
. Na década de setenta, ao visitar a barragem do Lindoso, dei um salto a Celanova para ver o seu mosteiro. E fiquei surpreendido ao saber que fora fundado por S. Rosendo, em 942. E, mais ainda, quando, dentro da cerca, visitei a pequena capela moçárabe – a sua tebaida - que dedicou a S. Miguel, o padroeiro da sua terra natal.
. Na década de oitenta, encontrámos, em Pitões das Júnias, a igreja de S. Rosendo. Soube, há pouco, que, em 1977, a Câmara de Montalegre promoveu as comemorações do milénio da sua morte: “Nessas jornadas, em que o P. Fontes – pároco dessa paróquia de 1963 a 1971 - teve uma participação muito activa, participaram o Bispo de Lamego, D. António Xavier Monteiro, Frei Damian, do Mosteiro de Osseira e outros intelectuais” (Rudesindus)
. Em 2017, ao percorrer a Galiza, encontrámos, junto da basílica de São Martinho de Mondonhedo/Lugo, a inscrição: “Foi sede episcopal. Para descobrir as origens de S. Martinho, devemos remontar ao século IX. No ano de 870, o bispo de Dume viu-se obrigado a fugir, com alguns monges, das invasões árabes que devastavam o seu território. Deste jeito, a Sé Dumiense encontrou continuidade em São Martinho. Chegaram a passar por esta Sé 15 bispos, entre os quais S. Rosendo”.
. Próximo de Pontedeume/Corunha, deparámo-nos, no Mosteiro de Caaveiro, com estoutra inscrição: “O mosteiro ergue-se no meio da solitária e impressionante paisagem das ‘Fragas do Eume’. Foi fundado como mosteiro beneditino por S. Rosendo no ano de 936”.
Seria um dos seus lugares de retiro. No pequeno museu anexo ao mosteiro, expõe-se uma alba que, segundo a tradição, teria pertencido a S. Rosendo.
. No passado dia 7 de outubro, subimos até Monte Córdova para visitar o ‘Castro do Monte Padrão’. Começámos pelo Centro Interpretativo onde, mais uma vez, fui surpreendido pela presença de S. Rosendo, enriquecida pela bibliografia publicada na ‘Comemoração dos 1100 anos do (seu) nascimento’.
Já dentro das muralhas, deparámo-nos com um conjunto de túmulos medievais que assinalam o local onde se erguia o primitivo mosteiro de São Salvador de Monte Córdova, construído pelos pais ou pelo próprio S. Rosendo.
Na descida, parámos no lugar de Cela. E soube-nos bem ler, na página 30 do livro “Rudesindus – pastor egrégio, monge piedoso, defensor do solo pátrio”:
” Bispo de Dume, de Mondonhedo, de Iria, hoje, Compostela, teve o santo apego todo especial à vida de contemplação. Por isso é que, às vezes, quando prelado de Mondonhedo, se recolheu ao cenóbio de Caaveiro. Foi talvez aí que lhe veio à ideia a intenção de fundar o mosteiro de Celanova. O nome foi-lhe posto pelo próprio S. Rosendo. Talvez por oposição ao lugar onde nasceu e foi baptizado: Cela, topónimo em S. Miguel do Couto. Este subentendido, claro, de velha, em franca oposição ao de Cela Nova”.
. O último encontro deu-se no dia primeiro deste mês - 1046º aniversário do seu ‘dies natalis’ (1/3/977) - em Santo Tirso que o lembra na toponímia e honra na imponente estátua (1970), da escultora Irene Vilar, defronte da Câmara Municipal junto da qual formulei um voto:
Que o “Caminho” anunciado torne mais conhecida dos portugueses “uma das mais insignes figuras da cristandade medieva’, canonizada em 1172, que nasceu na nossa terra, quando Portugal ainda não o era. E reforce os laços com a Galiza que tão bem cultiva a sua memória.
E a gratidão elevou-me até ao Dr. Xavier Coutinho que, numa longínqua aula de História, enalteceu a ação organizadora e reformadora de S. Rosendo no Noroeste Peninsular devastado pelo ‘vaivém’ da guerra da Reconquista.(8/3/2023)
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