"UM ACENO DE DEUS"
A Igreja reconheceu as “virtudes
heroicas” de três «veneráveis» que marcaram a minha vida.
- D. António Barroso, o «bispo santo»
cujas agruras da perseguição minha mãe, na sua meninice, acompanhou de perto.
Era seu mestre o “Senhor Abade” que seus pais acolheram quando, em 1911, foi
expulso da residência paroquial, Minha admiração fez-se gratidão ao saber que o
P. Carlos Coelho, o pároco que me batizou e acompanhou ao longo dos tempos,
tinha sido por ele ordenado em Remelhe - «Catedral do Exílio» - em 1913.
- Padre Américo, «um santo», que mandou
construir um bairro para os pobres onde vivia uma família minha amiga, bem
perto do local – hoje assinalado com umas «alminhas» - em que sofreu o acidente
que o levou à morte (1957). Dois anos depois, (1959), quando, jovem vicentino,
percorria as ruas do velho Porto, testemunhei a orfandade em que, ainda, se
sentiam os seus moradores pela morte do “Pai Américo”.
- D. Sílvia Cardoso, a bondosa senhora
que, na freguesia vizinha da minha naturalidade, acolhia raparigas pobres e
transviadas, na «Casa do Retiro da Granja». E vivo, há longos anos, na rua do
Falcão, quase defronte do local onde funcionou a sua “Casa de Retiros do Porto”
que ainda frequentei.
D. António Ferreira Gomes disse: “D.
Sílvia foi um aceno de Deus... Tinha mesmo na atitude corporal o gesto de quem
vai partir; e nunca a sua necessidade de ação foi orientada para outra meta que
não fosse Deus”.
É
dela que hoje quero falar não só para celebrar o 138º aniversário do seu
nascimento (26/7/1882), mas também porque ela - contraiu a «pneumónica» a
cuidar de doentes - é um exemplo de caridade cristã para estes nossos
conturbados tempos. Como escreveu o Cardeal Cerejeira ”havia nela muita da
loucura dos santos. Amou de todo o coração Deus, Cristo, a Igreja, as almas, e
não soube jamais pôr medida ao seu amor”. Não foi sem razão que Monsenhor
Moreira das Neves, no livro “Sílvia Cardoso – Aventureira de Deus” lhe chamou
“O Anjo das três loucuras”.
A seu respeito, o meu saudoso professor
Dr. Ângelo Alves ofereceu-me uma pagela que passo a citar.
“O
lar dos pais foi a sua primeira escola de Fé e Caridade. Outras se seguiram. De
todas as escolas, porém, a mais fecunda foi a Dor. Em pleno noivado, morre-lhe
o noivo; em plena pneumónica, é contagiada.
Chamada a ser perpetuamente Esposa de Cristo,
consagrou-se-Lhe inteiramente, enchendo a sua vida com o amor de Deus e do
próximo.(22/7/2020)
Levar
Jesus às almas e trazer as almas a Jesus – era a sua divisa. Cooperar
incansavelmente na Obra de Deus – foi a sua missão.
Fez-se
pobre e mendiga, por amor aos pobres. Para as crianças, vão os primeiros
cuidados. Procura as almas transviadas a exemplo do Bom Pastor. A sua vida é
caridade em acção: põe a funcionar um hospital, abre uma creche, organiza
retiros espirituais, funda lares e patronatos.”
Termino com D. Agostinho de Jesus e
Sousa: “Peçamos a Deus que glorifique esta Sua Serva, de maneira a ser proposta
para nosso exemplo sobre os altares”. (VP, 22/7/2020)
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