O Tanoeiro da Ribeira

quinta-feira, junho 18, 2020

POR ASSIS ATÉ PADUA

Continuamos na viagem de Santo António…

Restabelecida a saúde e refeito do fracassado projeto de Marrocos, o noviço franciscano seguiu para norte ao encontro do seu novo guia espiritual, Francisco de Assis.

Terá seguido pela Via Ápia – a primeira estrada calcetada do Mundo - construída pelos romanos para ligar Nápoles à capital do Império. Não sabemos se teve tempo para admirar os túmulos imponentes, as catacumbas e as igrejas que a ladeavam. Nem se entrou em Roma. Aí, poderia contemplar a basílica de S. João de Latrão mas não a de S. Pedro, construída mais tarde (1506-1626), onde se levanta um altar dedicado a «Santo António de Pádua». Sabemos que esteve em Roma, em 1230, como representante da Ordem, em colóquios com o Papa.

Tinha pressa em chegar a Assis para participar no Capítulo Geral de 1221 em que passou despercebido. No final, a convite dum frade, foi para Montepaolo, um ermo nos Apeninos. Refugiava- se numa gruta donde saía, apenas, para celebrar Missa e prestar os serviços mais humildes à comunidade. Até que, numa emergência, o superior o convidou a pregar de improviso numa cerimónia de ordenação sacerdotal. As suas qualidades oratórias impressionaram todos os assistentes: aquele grande pregador fazia falta noutros lugares e funções. 

Em Bolonha - a cidade onde, em 1088, tinha sido fundada a primeira universidade do mundo - criou o centro de estudos bíblicos. São Francisco autorizou-o, mas com condições: “Aprovo que tu ensines teologia aos frades, desde que tu não afrouxes o espírito da santa oração e devoção”.

Em 1225 – 1226, Santo António é enviado para França. Foi uma viagem longa e difícil que o obrigou a atravessar os Alpes, possivelmente no local que, muitos séculos antes, Aníbal, com os seus elefantes, utilizou para ir atacar Roma. No sul de França, estava em pleno vigor a heresia dos albigenses. Santo António pregou em muitas cidades, como Montpellier, Limoges e Toulouse, contrapondo, pela palavra e pelo exemplo, à «Igreja dos Cátaros» (Puros) a Igreja fiel ao lema de Jesus: “combate o pecado mas ama o pecador”.

Em 1227, foi nomeado diretor-geral da Ordem para o Norte de Itália. “Percorria terras e províncias em pobreza absoluta, como um que se sente estrangeiro e peregrino no mundo. Estava habituado à fome, como o apóstolo Paulo; e sentia-se feliz na indigência”. A sua débil saúde foi-se deteriorando de tal modo que, em 1230, pediu dispensa dessa função para poder redigir os famosos “Sermões de Santo António”. Mesmo assim, na quaresma de 1231, pregou, diariamente, em Pádua. A debilidade acentuou-se. E em 13 de junho faleceu em Arcella. no caminho para Pádua onde acabou por ser sepultado na igreja de Santa Maria Mater Domini, hoje, a magnífica basílica de Santo António.

No ano seguinte, foi canonizado, na catedral de Spolleto. Em 16.1.1946, Pio XII declarou-o Doutor da Igreja.