O ORGULHO GERA DISSENÇÕES
Meses
atrás, o Agrupamento de Escolas do Cerco do Porto escreveu: “A turma do 4º A da
EB da Corujeira convidou o avô do Francisco para vir à escola explicar a Torre
de Babel”. Durante duas horas, os alunos ouviram falar da evolução da
humanidade e seus mitos. E com que atenção o fizeram!
Diz
a antropologia que a ontogénese - evolução do indivíduo humano – segue de perto
os passos da filogénese - evolução da espécie humana.
O «Homem Moderno» apareceu há uns duzentos mil
anos. Dez mil anos antes de Cristo, nasceu a agricultura, no “Crescente
Fértil”. Aí, se construíram as pirâmides (Egito) e os zigurates (Mesopotâmia);
inventou-se a escrita; iniciou-se a matemática e a astronomia. Foi o berço da
nossa civilização.
Foi
também nesta região que o homem, recorrendo a seres sobrenaturais, começou a
procurar, nos tempos originais, a explicação para os fenómenos que observava.
Surgiram, assim, os “mitos das origens”. O primeiro registo escrito,
encontramo-lo na literatura suméria, no “Poema de Gilgamesh”, escrito cerca de
2000 anos a.C. Também o Génesis (Origem), o primeiro livro da Bíblia, começa:
“No princípio, Deus criou o céu e a terra…”(Gn 1,1)
É
neste contexto que se enquadra a narrativa da Torre de Babel (Gn 11,1).
A
seguir ao dilúvio, “Deus abençoou Noé e seus filhos, dizendo: «Sede fecundos,
multiplicai-vos e enchei a terra»
(11,1)”. Mas, “alguns homens encontraram uma planície onde se estabeleceram”.
E, contrariando a vontade divina, fecharam-se no seu orgulho. “E disseram uns
aos outros: façamos para nós uma cidade
e uma torre cujo cimo atinja os céus. Tornemos assim célebre o nosso nome, para que não
sejamos dispersos sobre toda a face da terra”. E Deus que antes os
abençoara, castigou-os pela sua arrogância: “O Senhor confundiu a linguagem de todos os habitantes, e dali os dispersou sobre a face de toda a
terra” (Gn 11,9).
Na
cultura judaica, os males da humanidade são castigos de Deus motivados pelo
pecado dos homens. Já assim acontecera com a expulsão de Adão e Eva do paraíso
(cf. Gn 3,23). Agora, a transgressão provocou a confusão das línguas.
No
Prefácio ao livro «Retratos de um Porto sentido», escrito por moradores de S.
Nicolau, o professor José Manuel Tedim disse “Ontem éramos apenas nós, todos
nos entendíamos. Hoje somos tantos, de tantos Mundos e tantas línguas e
culturas onde, afinal, todos nos entendemos”. O que trouxe as dissensões não
foi a diversidade de línguas mas a dispersão de egoísmos. Estes é que estão na
origem dos muros e das guerras.
Esta
região do Médio Oriente foi disputada por todos os grandes impérios de antanho
desde o egípcio ao otomano, passando pelo assírio, babilónio, medo, persa,
grego, romano e muçulmano. E, ainda hoje, é a maior ameaça à paz mundial:
Iraque, Síria, Israel, Irão…(27/5/2020)
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