UMA PAGELA DE 1943
O
projeto dum novo templo fez-me recordar um opúsculo de 27 de janeiro de 1943,
sobre o Monte da Virgem que passo a citar.
“O
Monte da Virgem é um lugar de maravilha, não tanto pela amplidão e variedade do
horizonte que faz vibrar as almas de quem o visita, como pela abundância de
graças espirituais e temporais que Nossa Senhora vem repartindo aos que oram
com fé e amor.”
Apresenta
uma breve resenha da sua tão gloriosa quão perturbada história.
“Foi
feita a sua escolha no dia 8 de dezembro de 1904, quando a fortaleza da Serra
do Pilar dava a salva de estilo em honra da Padroeira. No primeiro dia de
Janeiro de 1905, às três horas da tarde, foi mudado o nome de Monte Grande em
Monte da Virgem, em atenção à cidade que lhe fica mesmo em frente e se ufana,
com razão, de ser a cidade da Virgem.
Dias
depois desta pequena mas fervorosa peregrinação, principiou a esboçar-se alguma
contestação que ganhou vulto após a bênção da primeira pedra do monumento em 25
de junho de 1905. Em verdade esta peregrinação foi um assombro. Assistiram os
Venerandos Prelados: D. António Barroso; D. Teotónio, Bispo de Meliapor; Cabido
da Sé do Porto; Governador Civil; Câmara de Gaia; Câmara do Porto e mais de 50
000 peregrinos, vindos até de Lisboa.”
A
respeito do terreno, informa
“Em
11 de Setembro deste mesmo ano, foi vendido ao Prelado da Diocese do Porto todo
o terreno na posse dos fundadores. Desejavam eles que o Monte fosse um lugar
todo consagrado à Santíssima Virgem, no qual os católicos do Porto, de Gaia e
cercanias se reunissem coletivamente, ao menos uma vez por ano, em homenagem
bem sentida e vibrante, toda impregnada de fé e amor à Celeste Padroeira”
Depois
de descrever a sanha anticlerical -“Tudo eram comícios contra o Monte da
Virgem, artigos espumantes de raiva na imprensa e folhas de combate pelas ruas
e por debaixo das portas” – acrescenta: “Estes ataques, porém, não conseguiram
esmorecer as manifestações em honra da Santíssima Virgem. Animava-as o Senhor
D. António Barroso com a sua palavra de missionário e o seu exemplo de santo.”
Mas,
“com o advento da República foi mandada fechar pelo governo a pobre capelazinha
até que, em 1914, o governador civil aprovou os estatutos em que os 20
indivíduos da confraria se declaravam católicos, e eram em verdade.”
Termina
com um pedido.”A Virgem Imaculada vele sempre pelo seu Monte e os Senhores
Bispos da Diocese descansem nele os seus olhares”.
Deixo
um voto. Que o novo projeto contemple a história que anima este local
privilegiado onde a beleza e o sagrado se dão as mãos num apelo à
transcendência.
E
um convite. Logo que possível, para desanuviar, subamos o monte. Respiremos o
ar puro e “descansemos nele os nossos olhares”. (20/5/2020)
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home