EXERCÍCIO DA CIDADANIA
O poder autárquico é uma benesse do «25 de Abril» que sábado se comemora.
Um
exemplo… A Câmara Municipal do Porto implementou o «Orçamento Colaborativo - 2020»
para, «através de dinâmicas participativas», “incentivar a cooperação entre o
Município, as Freguesias e a população da cidade na prossecução de ações que
promovam a sustentabilidade, nas suas diversas vertentes: social, económica e
ambiental; reforçar o trabalho em rede e as relações de proximidade com os
grupos de cidadãos aos quais especialmente se dedicam”.
À
freguesia, cujo processo acompanhei de perto, foi atribuída a verba de cento e
cinquenta mil euros.
A
Junta começou por escolher para o júri três cidadãos bem aceites na comunidade
e convidou “as associações, coletividades e comunidade em geral, para,
querendo, apresentarem projetos sustentáveis para a freguesia, no âmbito do
ambiente, economia e coesão social”
Dentro
do prazo estipulado, foram recebidos 16 projetos. Feita a avaliação, só um foi
excluído num primeiro momento.
A
fase seguinte iniciou-se com uma reunião geral de todos os interessados para a
qual foram também convidados os eleitores recenseados na freguesia. Foram
eleitos, então, dois cidadãos para completar o júri que iria avaliar e
classificar todos os projetos.
De
seguida, os concorrentes deram rosto e voz aos seus objetivos, revelando o
dinamismo da sociedade civil na resolução dos problemas sentidos pela população
local Designadamente: a constituição duma brigada de intervenção em
higienização e salubridade habitacional em contexto de proximidade das pessoas
idosas; a aquisição de material para estimulação cognitiva e motora que
favoreça a integração de pessoas em solidão; a criação duma “quinta pedagógica”
para sensibilizar as crianças para as questões ambientais e da natureza; a
substituição da cobertura dum centro social e conserto do telhado dum
agrupamento de Escutas; a instalação dum elevador para deficientes num grupo de
atividades culturais; a criação dum espaço para os cuidadores do Centro de
Reabilitação.
Na
semana seguinte, os cinco elementos do júri analisaram cada um dos projetos em
função dos critérios por si definidos e deram notícia pública da sua avaliação.
Feita a seriação, foram contemplados os 12 projetos com maior pontuação.
Terminado
o prazo de reclamações, o processo foi entregue à Junta que o encaminhou para a
Câmara que se encarrega da sua execução.
Todo
este trabalho foi um exercício de pura cidadania; uma espécie de democracia
direta em que os cidadãos puderam expressar a sua vontade sem a mediação
partidária.
As
verbas atribuídas, nunca superiores a 15 000 euros, foram de grande proveito
para instituições que lutam com graves dificuldades económicas, como alguém
escreveu quando soube que a sua fora contemplada: “Não aguento de tanta
felicidade. A estrelinha brilhou”. Era tempo de Natal.
(22/4/2020)
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