A ARTE DE BEM EDUCAR
Diz
a parábola…
“Um jovem encontra um idoso a quem pergunta: - Ainda se lembra de mim?
O idoso responde que não e o jovem diz ter sido seu aluno. E o professor pergunta:
- E o que é que fazes agora? – Sou professor! – Oh, fantástico! Como eu, então?
– Sim! Tornei-me professor, inspirado por si: gostava de ser, pelo menos, um
pouco como o senhor.
O idoso pergunta-lhe como e quando o terá inspirado. E ele conta:
-Um dia, um colega chegou à escola com um lindo relógio novo. Decidi que o
queria para mim e roubei-o, tirando do seu bolso. Quando se apercebeu foi
queixar-se a si. E então, o professor disse:
- «Foi roubado um relógio de um de vocês. Peço a quem o roubou que o
devolva».
Mas eu não o devolvi e então o professor fechou a porta e disse que iria
vasculhar os bolsos de cada um até encontrar o relógio. Mas acrescentou dever
cada um fechar bem os olhos. E todos assim o fizeram até que, de bolso em
bolso, chegou aos meus e, num deles, ao relógio roubado. Disse-nos então: -
«Abram os olhos. Já temos o relógio».
Depois, nunca mais mencionou o episódio, não revelando o autor do roubo nem
sequer pessoalmente a mim que o cometera. E nesse dia salvou a minha dignidade
e salvou-me de me tornar ladrão, má pessoa, etc. E nunca me disse nada. Nem me
deu uma lição de moral. E eu recebi a mensagem. E eu entendi que é isso que
deve fazer um verdadeiro educador. Lembra-se desse episódio, professor?
O professor responde: - Lembro-me da situação, do relógio roubado, de ter
revistado todos etc. mas não me lembrava de ti. É que eu também fechei os meus
olhos enquanto procurava!”
Esta parábola mostra como é fecunda mas exigente a missão do
educador. O ato, aparentemente espontâneo, deste professor pressupõe uma
predisposição interior a que chamamos virtude. As virtudes, porém, não nascem
connosco, adquirem-se na prática diária.
Os atos repetidos criam
hábitos; os hábitos, por sua vez, interiorizam-se e dão origem às atitudes. Se
boas, dizem-se virtudes; se más, vícios. Assim, vamos formando o caráter, a
personalidade.
Por isso, não está certo quem justifica o seu mau comportamento,
dizendo: «Eu nasci assim…»
É verdade que a matriz genética do nosso temperamento é inata.
Porém, a bondade ou maldade do comportamento não depende do temperamento mas do
caráter, e, deste, somos responsáveis. Quando se quer denegrir alguém, diz-se:
-“É um mau caráter”.
Pode-se ter um
temperamento difícil e ser um bom
caráter, uma boa pessoa ou até um santo.
Lembro
S. Francisco de Sales que dizia: ”Apanham-se mais moscas com uma colher de
mel que com um barril de vinagre”. Após a sua morte, descobriu-se que a sua
mesa de trabalho estava toda arranhada por baixo, porque, com um temperamento
forte, preferia arranhar a mesa a responder sem mansidão às pessoas.
Para ser bom professor não bastam conhecimentos nem grandes
currículos. É preciso sê-lo por dentro…(12/2/2020)
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