O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, fevereiro 12, 2020

A ARTE DE BEM EDUCAR


Diz a parábola…

“Um jovem encontra um idoso a quem pergunta: - Ainda se lembra de mim?

O idoso responde que não e o jovem diz ter sido seu aluno. E o professor pergunta: - E o que é que fazes agora? – Sou professor! – Oh, fantástico! Como eu, então? – Sim! Tornei-me professor, inspirado por si: gostava de ser, pelo menos, um pouco como o senhor.

O idoso pergunta-lhe como e quando o terá inspirado. E ele conta:

-Um dia, um colega chegou à escola com um lindo relógio novo. Decidi que o queria para mim e roubei-o, tirando do seu bolso. Quando se apercebeu foi queixar-se a si. E então, o professor disse:

- «Foi roubado um relógio de um de vocês. Peço a quem o roubou que o devolva».

Mas eu não o devolvi e então o professor fechou a porta e disse que iria vasculhar os bolsos de cada um até encontrar o relógio. Mas acrescentou dever cada um fechar bem os olhos. E todos assim o fizeram até que, de bolso em bolso, chegou aos meus e, num deles, ao relógio roubado. Disse-nos então: - «Abram os olhos. Já temos o relógio».

Depois, nunca mais mencionou o episódio, não revelando o autor do roubo nem sequer pessoalmente a mim que o cometera. E nesse dia salvou a minha dignidade e salvou-me de me tornar ladrão, má pessoa, etc. E nunca me disse nada. Nem me deu uma lição de moral. E eu recebi a mensagem. E eu entendi que é isso que deve fazer um verdadeiro educador. Lembra-se desse episódio, professor?

O professor responde: - Lembro-me da situação, do relógio roubado, de ter revistado todos etc. mas não me lembrava de ti. É que eu também fechei os meus olhos enquanto procurava!”

Esta parábola mostra como é fecunda mas exigente a missão do educador. O ato, aparentemente espontâneo, deste professor pressupõe uma predisposição interior a que chamamos virtude. As virtudes, porém, não nascem connosco, adquirem-se na prática diária.

 Os atos repetidos criam hábitos; os hábitos, por sua vez, interiorizam-se e dão origem às atitudes. Se boas, dizem-se virtudes; se más, vícios. Assim, vamos formando o caráter, a personalidade.

Por isso, não está certo quem justifica o seu mau comportamento, dizendo: «Eu nasci assim…»

É verdade que a matriz genética do nosso temperamento é inata. Porém, a bondade ou maldade do comportamento não depende do temperamento mas do caráter, e, deste, somos responsáveis. Quando se quer denegrir alguém, diz-se: -“É um mau caráter”.

Pode-se ter um temperamento difícil e ser um bom caráter, uma boa pessoa ou até um santo.

Lembro S. Francisco de Sales que dizia: ”Apanham-se mais moscas com uma colher de mel que com um barril de vinagre”. Após a sua morte, descobriu-se que a sua mesa de trabalho estava toda arranhada por baixo, porque, com um temperamento forte, preferia arranhar a mesa a responder sem mansidão às pessoas.

Para ser bom professor não bastam conhecimentos nem grandes currículos. É preciso sê-lo por dentro…(12/2/2020)