A MISSÃO DA IGREJA
Com esse espírito, e em início de Advento, faço-me
eco do livro “Pobre Para os Pobres ”
que, no Prefácio, mereceu estas palavras do Papa Francisco: “Estou certo de que
cada um de vós que irá ler estas páginas, de algum modo, deixar-se-á tocar no
coração e sentirá surgir dentro de si a exigência de uma renovação da vida.
Pois bem amigos leitores, sabei que nesta exigência e nesta estrada, me
encontrarei desde agora convosco, como irmão e sincero companheiro de caminho”.
O autor, cardeal Gerhard Muller, começa por falar da
sua passagem pelas favelas de Lima, no Peru que o levou à “compreensão da Teologia
da Libertação”. E conclui: “Ao contrário do que afirma o marxismo - e também o
atual liberalismo -, a Teologia da Libertação mostra precisamente como o
Cristianismo não é uma «ideologia consoladora». Pelo contrário, demonstra que
só Deus, Jesus e o Evangelho podem ter um papel autêntico e duradouro na
humanização do homem, quer no aspeto individual, quer no social”.
A opção preferencial pelos pobres, continua, “é uma
opção teocêntrica e profética que finca as suas raízes na
gratuidade do amor de Deus e é requerida por ela”. Por força histórica dos
pobres “não se entende certamente, a eliminação violenta de uma classe social
em detrimento de outra vista como caminho para eliminar a opressão e a
injustiça e alcançar o presumível paraíso na terra da sociedade sem classes”.
E acentua que “a Igreja só pode ser Igreja, se é
Igreja para os outros. Noutros termos, emerge um fundamental e ineludível aut
aut, isto é: ou «as alegrias e as esperanças, as tristezas e as
angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que
sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias»
dos discípulos de Cristo, ou então não somos verdadeiramente
discípulos de Jesus; ou a
igreja se apresenta não como uma comunidade religiosa separada do mundo e
autossuficiente, mas como sacramento universal de salvação, ou a Igreja, quanto à sua natureza e
missão, não é plenamente Igreja. A Igreja é verdadeiramente ela própria se é
fiel à sua missão libertadora para salvação integral do mundo que tem a sua
origem na mensagem de liberdade e libertação de Jesus e no próprio agir de
Jesus”.
E fecha assim o capítulo «Palavra de Deus e Sinais
dos Tempos»: Precisamos de uma Igreja que – com as belas palavras do Papa
Francisco - «seja capaz de redescobrir as entranhas maternas da misericórdia.
Sem a misericórdia, poucas possibilidades temos hoje de nos inserir num mundo
de «feridos», que têm necessidade de compreensão, de perdão, de amor».
Esta é a exigência do “Eu vim para servir (cf. Mc,
10,45) ” que, no passado dia 22, ouvi um bispo tão bem sintetizar: - “Uma
Igreja que não serve para servir, não serve para mais nada”. ( 4/11/2019)
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