GOSTEI MUITO DE VIVER
Em
2007, D. Manuel Clemente disse que a inclusão de «Promoção Social» no nome da
Obra Diocesana “foi um triunfo e é um trunfo” e interrogou-se sobre quem
estaria na sua origem. Foi-lhe dito que resultou do encontro de duas cristãs em
busca de rumos novos, D. Julieta Cardoso, do Secretariado Diocesano de Acção
Social e Dr.ª Manuel Silva, técnica do Ministério da Saúde e Assistência.
O
livro “Nos Alvores…”, à pergunta “Como
foi possível o Governo de Salazar dar personalidade jurídica a uma Obra que
tinha por objetivo «Promover a valorização social dos grupos humanos…
consciencializando-os das suas potencialidades…?», responde: “Esta aprovação só foi possível porque a Dr.ª
Manuela Silva, nossa interlocutora, compreendeu os objetivos e nos apoiou”.
Foram “duras e longas” as reuniões na Direção Geral de Assistência onde a ideia
de «promoção social» soava a subversiva. Pelo que sei, sem a lúcida e empenhada
mediação da Dr.ª Manuela Silva, nunca teria sido aprovada a «Obra Diocesana de
Promoção Social na Cidade do Porto», a única do seu género no País.
A
minha homenagem, nesta hora em que agradecemos a sua vida e choramos a sua morte.
No
dia 8 deste mês, a “Agência Ecclesia”,
apresentou várias mensagens que recordavam esta mulher de «causas», de que
respigo:
-
Presidente da C. N. Justiça e Paz: “O seu testemunho de dedicação constante e
incansável às causas da Justiça e da Paz, inspirado no Evangelho (…). De modo
especial, tinha em mira o combate à pobreza como violação dos direitos
humanos”.
-
Presidente da República: “Uma vida dedicada a causas de grande relevância
económica e social, nas quais se incluem a justiça social, luta contra a
pobreza e defesa dos Direitos Humanos”.
“O Observador” acrescentava uma nota do
presidente da Assembleia da República: “Economista de grande mérito e
académica por excelência, destacou-se no combate às desigualdades, tendo sido,
até ao seu desaparecimento, uma das vozes mais importantes na temática da
pobreza, em cuja erradicação se empenhou particularmente”.
“7Margens” cita o presidente da Cáritas
Portuguesa: “Foi uma mulher
exemplo para todos nós e uma referência para a Igreja em Portugal, foi o ícone
daquilo que é o social da Igreja em Portugal.(…) Partiu com o coração inundado
de esperança. Ela estava a viver estes tempos da Igreja sob o pontificado do
Papa Francisco com uma intensidade muito forte, muito animada por este tempo de
renovação.”
No
«facebook», D. Carlos Azevedo escreveu:
“Economista orientada pela fraternidade de raiz evangélica, lutadora incansável
pela justiça social e disponível para apontar vias em ordem à erradicação da
pobreza, não teve facilitada a vida.” Apesar de, ou por isso, já no hospital pediu
a quem a acompanhava: “Vou partir, mas
diz aos meus amigos que gostei muito de viver” (cf.7Margens).
Muito obrigado. Deus a tenha na Sua Paz. (23/10/2019)
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