A ROTA CISTERCIENSE (II) - VALLBONA
Este mosteiro feminino, uns dos maiores do Mundo,
teve a sua origem num eremitério fundado pelo anacoreta Ramon, o “Vallbona”. Em
1173, decidiu transformá-lo num cenóbio e incorporá-lo na linha feminina da
Ordem de Cister.
Pouco a pouco o mosteiro, com doações da nobreza
local e o apoio da coroa da Catalunha-Aragão, foi aumentando o seu património.
No início do século XIII, recebeu a proteção da Sé Apostólica.
No século XVI, o Concílio de Trento mandou que os
conventos de religiosas, em locais ermos, fossem trasladados para junto das
povoações para evitar roubos e profanações. A abadessa, em vez de deslocar o
mosteiro, convidou os habitantes das redondezas a viver dentro das suas
muralhas, oferecendo-lhes terras e terrenos para as casas. Assim, nasceu a
atual Vallbona de les Monges
Mesmo assim, por diversas vezes, as monjas tiveram
que abandonar o mosteiro. Aconteceu em 1809, quando as tropas francesas
saquearam a igreja paroquial. Por precaução, as religiosas voltaram para suas
casas. Também o fizeram em 1835, quando foram queimados alguns mosteiros em
Madrid e em Barcelona. Porém, foi durante a Guerra Civil (1936-1939) que o
mosteiro sofreu os maiores ataques de toda a sua história. As monjas
abandonaram o mosteiro, na noite de 23 de julho de 1936 (faz 83 anos, na
próxima 3ª feira,) e, passados cinco dias, os revolucionários queimaram os
retábulos, imagens, imobiliário, roupas e objetos litúrgicos que tinham
recolhido no seu interior. E ainda lançaram o fogo ao cadeiral do coro gótico,
aos bancos de nogueira da sala capitular, ao retábulo gótico do claustro. “De
maneira absurda desapareceu entre as chamas um importante património cultural
que tinha sido respeitado em todas as ocasiões anteriores.” Feridas…que ainda
sangram.
A recuperação dos diversos elementos artísticos que
não tinham perecido salvou algumas talhas e imagens que ainda hoje causam
admiração.
Em 2 de fevereiro de 1939, regressaram as primeiras
três monjas. Atualmente, são oito as que o habitam.
A visita leva-nos a contemplar o seu rico património
artístico. Destaco o claustro onde convergem as principais instâncias
monásticas, como a cozinha, o refeitório, e o “scriptorium”. De planta
trapezoidal, o que o torna único, começou a ser construído pela galeria sul,
nos finais do século XII. Também de estilo românico é o lado nascente, século
XIII. A nave norte é de estilo gótico (século XIV) e a do oeste é neorromânica
do século XV, o que não deixa de ser surpreendente. A joia arquitetónica,
porém, é o magnífico zimbório da igreja, romano-gótico. Na estatuária, o
tímpano (século XIII) do portal da igreja com a patrona do mosteiro, Santa
Maria, e a imagem da “Mare de Déu del Cor” (século XIV) são as obras mais
valiosas da escultura românica.
Percorrê-lo, é mergulhar na história. Sentimo-nos
contemporâneos de outras eras…
(17/7/2019)
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