"A VERDADE SAI DA BOCA DAS CRIANÇAS"
Em
fim de ano letivo…Homenagem a professores e alunos.
Em
30 de abril, na Universidade de Aveiro, realizou-se a final do concurso “diz4” para alunos do 3º e 4º ano, com a
participação de mais de quinhentos pares, apurados em provas realizadas em
agrupamentos de escolas de todo o país.
Quando
perguntaram a um dos meninos da equipa que ficou em 2º lugar - a primeira do 3º
ano - o que quer ser quando for grande, respondeu: “Quero ser neurocientista
para saber como funciona o cérebro para ajudar a humanidade e salvar muitas
pessoas”.
Esta
resposta duma criança (cf. Mt 21,14-16) fez-me recordar a fábula dos “quatro
brâmanes” a quem o mestre dizia: - “Meus
filhos, qualquer um pode ser instruído mas a instrução de nada lhe valerá se
não a usar sabiamente”.
Três
dos brâmanes orgulhavam-se dos seus dons e troçavam do mais novito que ainda
não adquirira nenhum mas sempre ouvia o mestre: - “Bom senso é quando pensamos antes de agir”.
Um
dia, os três mais velhos resolveram partir em busca de novos conhecimentos e,
por compaixão, convidaram o mais novo. Na despedida, o mestre relembrou-lhes: -
“O homem sábio pensa sempre antes de
agir”.
Partiram.
Na floresta, ao ver os ossos dum leão, o primeiro, ufano, ordenou-lhes que
refizessem o esqueleto. Então, o segundo ripostou: - “ O meu poder é maior. Vou
dar carne ao esqueleto”. E surgiu um leão com olhos, juba, dentes, mas morto. O
terceiro exclamou: -“Eu sou o maior! Vou dar vida a este leão”. O brâmane mais
novo bem protestou. Como os outros não lhe ligaram, subiu para uma árvore.
Então, o terceiro deu a ordem e logo o leão abrindo os olhos, soltou um rugido
medonho, atacou-os e comeu-os. O mais novo comentou: -“Vocês tinham muitos dons mas faltou-vos o bom senso”.
O
JN, em 12 de dezembro, publicou uma
notícia que me fez refletir sobre o bom senso e a responsabilidade dos
cientistas. Poderão esquecer-se de que o fim último de toda a atividade humana
é o bem da Humanidade? Não terão de se interrogar sobre os possíveis efeitos
negativos das suas descobertas? Quem lhes pede responsabilidades? Gozam dum
poder absoluto? Será que, como afirmava Heidegger, “a ciência não pensa”?
Noticiava que um “cientista chinês revelou ter
ajudado a criar os primeiros dois bebés com genes modificados. A falta de
consentimento de qualquer comissão de ética é uma das razões que levam à
condenação massiva da alegada modificação”. A manipulação genética pode “pôr em
causa o equilíbrio funcional existente no nosso ADN e criar problemas muito
graves”. É crime contra a humanidade.
Sabemos
como Einstein - cujas descobertas tornaram possível a produção da bomba atómica
– se sentiu profundamente transtornado com as bombas de Hiroshima e Nagasaki…
Aonde
nos levará o conhecimento sem bom senso? E a ciência sem ética?
Precisamos
de cientistas que sejam também sábios… E a “Escola Primária” é o seu berço.
(2/7/2019)
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