AVÔ, CONHECIAS OS PAIS DE JESUS?
Parafraseando José Régio, apetece-me escrever: Tenho ao fundo do
corredor, que logo entrando os olhos me dão nele, um presépio de madeira
arrancado a um ramo de oliveira.
Há dias, a Clara, de 4 anos, ao vê-lo, perguntou: - “Avô, conhecias os
pais de Jesus? Eram teus amigos?”. E, sem esperar resposta, logo acrescentou:-
“Já morreram? E agora quem olha pelo Menino Jesus?”
Muitos ainda nos lembramos de ver, em dia de festa, um pai com um menino
de gravata e chapéu, e a mãe com a filha de saia e blusa. Agora, sabe-se que a
criança não é um adulto em ponto pequeno. A epistemologia genética ensina-nos
que o nosso desenvolvimento cognitivo passa por vários estádios, em busca de maior
maleabilidade e equilíbrio.
Até aos dois anos (estádio sensório-motor), a criança relaciona-se com o
que a rodeia através dos sentidos e movimentos. Inicialmente, o seu corpo forma
um todo indiferenciado com o meio envolvente. Quando sente que pode mexer os
pés e as mãos, começa a brincar com eles e a chupar os dedos. É a ideia do
«corpo» que vai surgindo. No início, os objetos só existem enquanto os vê.
Quando descobre que a chupeta continua a existir, mesmo desaparecida, olha à
sua procura e chora até a conseguir. É a noção de «objeto permanente» que se
forma. Já todos ouvimos mães a queixarem-se porque o seu bebé lhe deitou uma
jarra de flores ao chão. Porquê? A cor das flores sempre o atraiu. Só que, até
então, ele parecia chamá-las com a mãozita. Era uma espécie de “causalidade
mágica”. O que ela queria mesmo era chegar-lhes. Agora, descobriu que, puxando
o “naperon” onde estava a jarra, podia
arrastar as flores. Começa a estabelecer uma relação de causa-efeito entre os
objetos. É a ideia de «causalidade” no seu início. Que maravilha!
A aprendizagem vai se fazendo por sensações e pelo movimento: leva tudo
à boca, agita e esmaga os brinquedos… E também por imitação. A Luz, de oito
meses, imita-nos e bate palmas…A Eva, sua irmã gémea, levanta a cabecita e
gatinha em busca do desconhecido…Quando, há dias, dei com elas a amarfanhar a
VP, certamente não estariam a contestar o texto do avô, mas num processo de
aprendizagem.
O “sorriso social”, por volta dos
três meses, é uma reação ao sorriso dos adultos. Quem não viu já um bebé a
imitar, no berço, os gestos das pessoas que conversam à sua volta? A própria
lalação não é mais do que “o balbucio lúdico infantil caraterizado pela
repetição indefinida de ruídos e fenómenos diversos que percebe na sua vizinhança”.
Como é bom que os adultos sorriam, cantem e falem com elas!
Nesta fase, é importante que os bebés se habituem a ver símbolos
religiosos e a ouvir rezar. A criança, por imitação, vai interiorizando sons e
comportamentos.
“Atestamos a importância do despertar
do sentido religioso nos corações das novas gerações.” - Declaração de Abu
Dhabi
(22/5/2019)
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