O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, março 06, 2019

PARTILHAR É BOM!


Este é o título do livro escrito por D. Manuel Martins que, no passado dia 23, foi apresentado na igreja dos Clérigos. Foi uma homenagem carregada de emoção, feita saudade. Um livro surpreendente que nos faz mergulhar na intimidade de um bispo com Deus: “Há muitos anos que, logo pela primeira manhã no meu encontro com Deus através da liturgia, procuro descobrir o grande apelo para esse dia, fazendo dele a luz do meu caminhar, do meu fazer”. 

E esta espiritualidade faz-se carne e fundamenta todo o seu agir, como bem diz D. Carlos Azevedo: “A face profética de D. Manuel atravessava a sua conversão e adesão pessoal a Cristo, antes de propor a crentes e não crentes uma revolucionária ternura”. E acrescenta: “Estas provocações matinais orientavam a mansidão do seu coração e norteavam a defesa determinada da dignidade humana e a lucidez perante esquemas que oprimem e não libertam”.

 

Neste início de Quaresma, quero fazer-me caixa-de-ressonância da intenção de D. Manuel ao permitir a sua publicação: “Agora, passou-me pela cabeça que podia ajudar alguém, pelo menos a fazer o mesmo, publicando tais pensamentos”…

Eis algumas das suas “interrogações evangélicas”, como se diz no Prefácio.

 
- “Procura viver em paz com todos. És um construtor. Os teus pés foram pensados para anunciar a paz.”

- “Em tudo e sempre espírito de serviço – humilde, interessado, em comunhão com o outro. O outro é Ele…”

- “À medida que me deixar encher de mim, esvazio-me de Cristo.”

- “A primeira e insubstituível evangelização faz-se pelas obras. Terá sido sempre assim comigo? Será que em todo o lado «cheiro» a Jesus?”

- “Deus é Bondade. Com a Sua Ressurreição, o Senhor encheu a Terra da Sua Bondade. Também a mim. Tenho que o dizer a toda a gente.”

-“Como me atrevo a julgar tudo e todos – e condenar, tantas vezes! – se Ele não veio para julgar nem condenar, mas para salvar?”

-“O mundo está cheio de chagas. Não posso esquecer que, através dessas chagas, encontro o Senhor.”

-“Que pena ver o que se passa em tantas das nossas Comunidades! Somos sempre agentes da paz. Sempre.”

- “Há tanto jovem bom e com ideal! Há tantos casais «de nazaré». Há tanto Santo por esses caminhos. O Senhor concedeu-me a graça de conhecer em toda a minha vida, ontem e hoje, tantas e tantos. Compete-nos anunciar e cantar madrugada. Sempre”. 


Nesta Quaresma e “Sempre”, procuremos “fazer o mesmo” que D. Manuel. Vivamos “em paz com todos” e, em vez de lamentos de sol-posto, aprendamos a “ anunciar e cantar madrugada”.

(6/3/2019)