NO DEALBAR DE NOVO ANO
Esta reflexão tem por base a homilia que ouvi numa
igreja do Porto, em “Dia de Todos os Santos”. O celebrante apresentou o
versículo “Alegrai-vos e exultai” do Evangelho como síntese da Liturgia da Palavra.
Depois de informar que este foi o título que o Papa Francisco escolheu para a
Exortação Apostólica “sobre o chamamento à santidade no mundo atual”,
explicitou algumas das suas ideias mestras.
Logo na Introdução, o Santo Padre faz-nos um apelo:
“ O Senhor pede tudo e, em troca, oferece a vida verdadeira, a felicidade para
a qual fomos criados. Quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma
vida medíocre, superficial e indecisa”. E esclarece: “O meu objetivo é humilde;
fazer ressoar mais uma vez o chamamento à santidade, procurando encarná-lo no
contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades”.
A concretizar esta intenção, o celebrante invocou o
capítulo que fala de «Os santos ao pé da porta»: “Gosto de ver a santidade no
povo de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor; nos homens e
mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa; nos doentes; nas
consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a
caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas
vezes a santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um
reflexo da presença de Deus ou – por outras palavras – da «classe média da
santidade».
A este propósito, invocou o pensamento de Sophia de Mello
Breyner Andresen: “A poesia é oferecida a cada pessoa só
uma vez e o efeito da negação é irreversível. O amor é oferecido raramente e
aquele que o nega algumas vezes depois não o encontra mais. Mas a santidade é
oferecida a cada pessoa de novo cada dia, e por isso aqueles que renunciam à
santidade são obrigados a repetir a negação todos os dias.”
Lembrei-me, então, dum texto de Maria de Lourdes
Belchior:
«Hoje é dia de todos os santos: dos que têm auréola e dos que não foram canonizados. Santos barbeiros e santos cozinheiros, e porque não? mercadores, caldeireiros e arrumadores”.
«Hoje é dia de todos os santos: dos que têm auréola e dos que não foram canonizados. Santos barbeiros e santos cozinheiros, e porque não? mercadores, caldeireiros e arrumadores”.
No capítulo «À Luz do Mestre», o Santo Padre indica-nos caminhos: “Ser
pobre no coração”; ”Reagir com humilde mansidão”; “Saber chorar com os outros”;
“Buscar a justiça com fome e sede”; “Olhar e agir com misericórdia”; “Manter o
coração limpo de tudo o que mancha o amor”; “Semear a paz ao nosso redor”;
“Abraçar diariamente o caminho do Evangelho mesmo que nos acarrete problemas” –
“ISTO É SANTIDADE”.
O roteiro está traçado. Basta segui-lo. O que nem sempre é fácil. A leitura
integral da Exortação Apostólica poderá servir-nos de bengala nos caminhos mais
pedregosos…
Durante o ano que agora começa, sejam nossos passos
justos aos olhos de Deus e retos aos olhos dos homens. E todos os dias serão
santos.
(23/1/2019)
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